"Pois a vida é, justamente, algo que não se fragmenta. Podemos exaltá-la ou negá-la. E podemos nos perguntar se a tensão para o que "há de vir", se o "melhorismo" do mito progressista, próprio do judeo-cristianismo, não constituíram a expressão de um desprezo constante por esta "vida aqui." - Michel Maffesoli - O ritmo da vida
Resiliência é a capacidade que os ecossistemas possuem de
voltar à sua forma original. Um trecho de mata atlântica, uma área de mangue ou
cerrado podem recuperar sua flora e fauna originais ao longo dos anos. A
capacidade de resiliência, no entanto, é mais ou menos limitada. Dependendo do
grau de destruição de um ecossistema, este pode não mais restaurar sua
variedade de plantas e animais à sua forma original. Recentemente, cientistas
observaram que áreas florestais aparentemente recuperadas depois de
desmatamento, apresentavam uma diversidade vegetal menor do que a floresta
original. A tendência é que o mesmo aconteça com a fauna, já que em processos
de destruição ou poluição de habitats e dizimação de espécies, a posterior recuperação
da cadeia alimentar não é mais completa. Assim, na falta de um produtor acabam
desaparecendo também seus predadores.

Se por um lado poluímos o planeta, por outro o aumento
populacional força-nos a produzir quantidades cada vez maiores de alimentos,
destruindo remanescentes de estepes, florestas e outros biomas ainda mais
frágeis. O aumento da população também provoca crescimento do consumo, o que
requer um uso cada vez maior dos recursos naturais e geração de crescentes volumes
de resíduos.
A Terra, mais especificamente os sistemas de seres vivos que
compõem a biosfera, tem certamente um limite de resistência (resiliência) à
poluição e destruição. Não se conhece ainda este limite. No entanto, sabemos que
já utilizamos cerca de 30% além das possibilidades de recuperação do planeta (a
famosa “pegada ecológica”) – estamos usando recursos naturais em demasia. Não sabemos
por quanto tempo a Terra suportará este processo, mas já temos noção que
estamos causando uma das maiores mortandades de espécies na história geológica
da Terra.

É evidente que nesta descrição existe muita imaginação. No
entanto, não acho provável que possamos sobreviver como espécie por muito tempo,
com bilhões de bocas para alimentar e um sistema econômico que visa o benefício
somente de alguns, ao passo que explora os recursos naturais do planeta. A
causa ambiental é moral e parece estar perdida de antemão. O que podemos fazer
é postergar ao máximo a data de validade.
(Imagens: fotografias de Frances Benjamin Johnston)
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