"De acordo com essa teoria, a evolução das leis da natureza, concorre com a evolução do modelo duradouro, porque o estado geral do universo como no presente em parte determina a verdadeira essência das entidades cujos modos de função são expressos por essas leis. O princípio geral é que em um novo ambiente há uma evolução de todas as entidades em novas formas." - Alfred N. Whitehead - A Ciência e o mundo moderno
As primeiras discussões globais sobre o
futuro da humanidade ocorreram no final da década de 1960, durante as reuniões
do já lendário Clube de Roma. Um dos assuntos que mais preocupava a todos os
participantes daqueles encontros era a prevista escassez de alimentos. Já no
início do século XIX, o cientista inglês Robert Malthus havia escrito que no
futuro as sociedades passariam por grandes dificuldades, já que a produção de
alimentos sempre cresceria em escala aritmética enquanto a população aumentaria
em escala geométrica. Depois da Segunda Guerra Mundial, com a vacinação em
massa contra várias doenças e o aumento do saneamento, diminuiu
vertiginosamente o índice de mortalidade entre as crianças; o que aumentou
ainda mais o crescimento populacional e com isso os temores de muitos em
relação à disponibilidade de alimento para todos. A taxa de natalidade à época
era bastante alta, principalmente nos países pobres e em desenvolvimento e,
segundo cálculos de especialistas, não haveria produção agrícola suficiente
para acompanhar o aumento do número de bocas a serem alimentadas. Previa-se assim,
que antes do final do século XX haveria grandes carestias, assolando a maior
parte das nações da Ásia, África e América Latina e provocando revoluções,
conflitos armados e guerras entre nações.
Nem todos, no entanto, sabiam que àquela
mesma época estava em andamento uma grande mudança na maneira de praticar a
milenar agricultura. Novas técnicas de preparação do solo e de plantio; uso de
sementes híbridas; novos produtos químicos para combate às pragas que assolavam
as plantas. Tudo isto apoiado na larga mecanização da semeadura e da colheita,
com a ajuda de uma grande variedade de máquinas agrícolas. Para completar o
novo quadro, mais assistência aos agricultores, através de um exército de
técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos, treinados nas novas tecnologias de
plantio. Estas as principais características da mudança tecnológica na
agricultura, que se convencionou chamar de Revolução Verde. Inicialmente, introduzida
nos Estados Unidos a partir da década de 1960, a inovação
rapidamente alcançou outros países e nos anos 1980 já estava difundida em
grande parte do mundo.
A Revolução Verde aumentou a oferta de
comida. Segundo especialistas, temos quantidades de alimento suficientes para
eliminar a fome do planeta. O problema, segundo eles, continua sendo a injusta distribuição
destes recursos, causada pela especulação. Esta, fomentada pela possibilidade
de grandes lucros em curto espaço de tempo e praticada por grandes grupos
econômicos em todo o mundo, contribui para as oscilações dos preços dos
produtos agrícolas, podendo confundir a capacidade de planejamento dos
agricultores, levando-os à superprodução ou à subprodução.
Mesmo com a oferta de alimentos tecnicamente
garantida, não há tempo para descanso. As empresas, os governos e as
instituições precisam urgentemente – segundo a Agência das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO) – investir em pesquisa agrícola, a fim de aumentar
ainda mais a produção agrícola. Até 2050, segundo a agência, a população
mundial deverá aumentar de 6,3 para 9 bilhões de pessoas. Para alimentar este imenso
contingente, a produção agrícola precisará crescer 70% acima dos padrões atuais.
(Imagens: fotografias de Ferran Freixa)
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