Já faz alguns anos que ouvimos especialistas dizendo que a
cada hectare de floresta amazônica derrubada, são diminuídas as nossas chances
de encontrarmos remédios para nossas doenças ainda incuráveis. Não há exagero algum
nesta declaração. É fato que cerca de metade dos medicamentos mais importantes
para a medicina foram sintetizados a partir de moléculas da natureza. A
tendência, segundo especialistas, é que o desenvolvimento de novos remédios
continue desta maneira. Assim, as curas dos nossos males podem estar na seiva
de uma planta, no veneno de uma aranha, na pele de um sapo, mas enzimas de uma
bactéria ou em um fungo. O desconhecimento da ciência nesta área ainda é muito
grande, mas as pesquisas avançam a cada dia.
Um exemplo prático desta visão são os produtos agrícolas
que consumimos diariamente. Cada vegetal é resultado da ação de milhares de
organismos que vivem na terra, como os fungos fixadores de hidrogênio, que não
são vistos, mas tem papel importantíssimo para a fertilidade do solo. O uso
excessivo de agrotóxicos pode acabar eliminando grande parte destes fungos,
reduzindo a produtividade agrícola.
Especialistas informam que muitas substâncias terapêuticas
são encontradas nas plantas. O vegetal conhecido como “pervinca de Madagascar”,
por exemplo, é origem de duas drogas importantes, usadas na cura do câncer
infantil. Outro exemplo é o da árvore originária do oeste dos Estados Unidos, fonte
de uma droga eficiente na cura de câncer de ovário. Antes da descoberta das
propriedades curativas na planta, esta era queimada e considerada sem valor.
Outro fato apontado pelos bioquímicos é que a ciência médica continua a
depender de produtos naturais, apesar do desenvolvimento das drogas
inteligentes, destinadas a atingir alvos específicos. A vantagem do remédio
natural é já estar com seu princípio ativo pronto. Enquanto isso, a droga
inteligente demanda anos de pesquisa e grandes investimentos – fato que
encarece o produto quando colocado no mercado, anos depois. Enquanto a ciência descobre, a cada, dia mais motivos para
estudar a biodiversidade amazônica – e com isso justificar cada vez mais sua
preservação e exploração racional – os governos envolvidos com a questão, em
todos os níveis, continuam a tratar o assunto como secundário. Todavia, uma
coisa está patente: se não convocarmos especialistas e não programarmos ações
de médio e longo prazo efetivamente eficientes, a Amazônia perderá grande parte
da floresta nos próximos 50 a
100 anos.
Cabe perguntar quem efetivamente está ganhando com a
situação atual da Amazônia e por isso tem interesse em manter tudo como está –
sem planejamento ou controle.
(Imagens: fotografias de Elio Ciol)
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