"O que significa ser keynesiano? Duas questões básicas bastarão aqui: (1) a economia privada pode não atingir o pleno emprego; (2) os gastos do governo podem estimular a economia para eliminar a defasagem. Toda vez que um político defende ardentemente uma injeção monetária, ou programas do governo para fazer o país se mexer outra vez, ou cortes de taxas para acelerar o consumo, ele está exaltando Keynes." - Todd G. Buchholz - Novas ideias de economistas mortos
Termina o ano e com ele o primeiro mandato da presidente
Dilma. Baixo crescimento da economia, muitos casos de corrupção, atraso nas
obras de infraestrutura, declínio da produção industrial e das exportações;
foram alguns aspectos que caracterizaram a administração da presidente. Apesar
de alguns avanços no ensino técnico e superior, a qualidade da educação
fundamental e média continua ruim, colocado o ensino do país entre os piores
dos países em desenvolvimento. A saúde, assim como a educação, continua a
apresentar problemas de gestão e falta de recursos. O mau humor da população
foi refletido no resultado das eleições presidenciais, com a vitória da
situação por pequena margem – 51,64% contra 48,36% –, apesar de toda a força da
máquina do governo.
Assim como outros setores, o meio ambiente também não
recebeu a devida atenção no governo Dilma. Se o desmatamento da Amazônia vinha
sendo mantido sob relativo controle desde o governo Lula, a derrubada da floresta
aumentou nos últimos meses do governo da presidente. Sob a alegação de que “o
país não havia sido convidado para participar da formulação do documento”, o
Brasil também não assinou a Declaração de Nova York sobre Florestas, durante a
Cúpula do Clima, realizada na ONU em setembro de 2014. Apesar de abrigar 20% da
biodiversidade do planeta, o Congresso Nacional não ratificou a participação do
país no Protocolo de Nagoya, documento que estabelece regras para o acesso a
recursos genéticos. Sem assinar este documento, as posições do Brasil nas
futuras negociações internacionais não terão peso algum, alijando o país de
decisões importantes, que poderão nos afetar diretamente.
A administração Dilma não criou nenhuma nova unidade de
conservação (UCs) na Amazônia durante os primeiros três anos e 10 meses do
mandato. Às vésperas das eleições, no entanto, através de um ato presidencial,
o governo criou às pressas novas UCs; duas delas na Amazônia. Em compensação,
ao longo de seu governo, a presidente Dilma reduziu áreas de cinco unidades já
existentes, para acomodar projetos de hidrelétricas. O novo Código Florestal,
aprovado em 2013, foi criticado por ambientalistas, ONGs e organizações
científicas porque, segundo estes, resultará na redução da proteção às florestas.
Os investimentos em saneamento, apesar de toda a propaganda
realizada em torno do PAC, ainda são insuficientes para se alcançar a
universalização destes serviços. Segundo o BNDES, os investimentos anuais
médios no tratamento de água e esgoto têm sido de R$ 10 bilhões. A ONG
instituto Trata Brasil informa que para oferecer saneamento a todos os cidadãos
no prazo de 20 anos, o país precisará investir anualmente R$ 16 bilhões.
Espera-se que em seu novo mandato que começa este ano, a presidente Dilma - mesmo às voltas com tantos problemas econômicos e sociais - possa dar a devida atenção também às questões ambientais. Os recursos, sempre é bom lembrar, uma vez que se foram podem não voltar.
(Imagens: fotografias de Lewis Hine)
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