(Publicado originalmente na seção "newsletter" do site www.ricardorose.com.br)
Os primeiros dias do ano já começam a indicar o rumo que o
país deverá seguir ao longo de 2015. No plano econômico haverá aumento de
tarifas, redução dos investimentos públicos e – se tivermos sorte – corte no
custeio da máquina do governo. O setor privado deverá acompanhar o ritmo da
música e não fará novos investimentos. Todo mundo cozinhando em fogo brando
para ver como a economia se comportará até o final do ano – as previsões de
crescimento do PIB para 2015 são abaixo de 1%.
Na área política, o governo deverá continuar atendendo às
demandas da base aliada, tentando garantir maioria no Congresso – situação,
aliás, pouco difícil, já que não existe efetivamente uma oposição. Afora um ou
outro comentário feito na tribuna do Senado pelo candidato derrotado à
presidência senador Aécio Neves, não existe quase manifestações contra os atos
do governo. As nuvens escuras da lista dos políticos envolvidos no Petrolão, a
ser divulgada em janeiro ou fevereiro, parecem estar colocando muitos políticos
de sobreaviso. Prenúncio de tempestade no horizonte do Congresso.
Enquanto isso, o país continua como sempre: vivendo da mão
para a boca; correndo pela manhã atrás dos recursos que precisará para pagar as
contas do final da tarde. Consertando aqui e ali, tapando buraco acolá, mas sem
um planejamento; sem uma estratégia de médio e longo prazo. O Brasil continua
como sempre: refém de interesses políticos e de grupos de pressão, às voltas
com a corrupção que beneficia alguns, mas sem um planejamento da rota que o
país deverá tomar. Permanecemos reféns de políticos e políticas de segunda
categoria que, evidentemente, trazem vantagens para alguns, mas não para a maior
parte dos cidadãos.
Com tudo isso, não dá para esperar grandes avanços no setor ambiental
– o que também não é novidade para os que atuam no setor. Nesta área o país já
realiza muito, quando não faz nada: os grandes avanços do Brasil no meio
ambiente são a redução do desmatamento na região amazônica. Também na área
ambiental estamos sempre correndo atrás do prejuízo, sem projetos e recursos
suficientes para implantar ações que possam direcionar o futuro. Um dos únicos
projetos com estas características, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi
postergado para um tempo ainda indefinido.
Para 2015, portanto, mais do mesmo. Continuam os
investimentos minguados em saneamento (que o diga a baía da Guanabara e o rio
Tietê), sobra algum trocado para que as agências ambientais possam continuar
funcionando (ações de comando e controle), serão realizados alguns seminários e
assinados novos convênios (muitos inócuos), mas é só. Com uma economia
capengando, sem planejamento e com várias outras prioridades, a questão
ambiental não receberá a atenção que tem em outros países. Os recursos naturais
se deterioram e, entra ano e sai ano, o país “tem outras prioridades”.
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