Em dezembro próximo ocorrerá
em Paris a Conferência da Partes (COP-21), que reunirá os países para discussão
de um novo acordo climático global. Durante o encontro a Europa, os Estados
Unidos e a China apresentarão planos já anunciados para redução de suas
emissões, principalmente no setor da geração de energia. O Brasil, colocado
entre os grandes geradores de gases de efeito estufa, deverá mostrar ações na
redução e gradual eliminação do desmatamento, atividade responsável por cerca
de 60% das emissões do país. Segundo o jornal Valor, a ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, comentou que a contribuição do Brasil deverá ser
anunciada oficialmente em pouco tempo, "quando a primavera chegar". A
estratégia envolve também outros cinco ministérios além do Meio Ambiente;
Fazenda, Agricultura, Energia, Relações Exteriores e Planejamento.
O Brasil criará um Fundo
para Preservação das Florestas em parceria com a Alemanha, que destinará 32
milhões de euros (R$ 100 milhões) para este projeto. Como parte da iniciativa o
governo brasileiro criará a Secretaria das Florestas, com a missão de recuperar
este bioma e agilizar a implantação do novo Código Florestal no país. A
iniciativa, segundo a ministra do Meio Ambiente, deverá criar um novo setor da
economia, ligado à preservação e expansão das florestas naturais. Se bem
gerido, o segmento poderá gerar postos de trabalho para especialistas de
diversos níveis, além de contribuir para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Como já aconteceu com a EMBRAPA em relação à agricultura, a iniciativa poderia criar
novas tecnologias, específicas no gerenciamento de florestas tropicais.
A aproximação da COP-21 e a
formação de um consenso mundial voltado à gradual descarbonização da economia,
também está chamando a atenção das empresas. Na "Carta Aberta ao Brasil
sobre Mudança de Clima - 2015" um grupo de empresas, líderes em seus
setores, pede que o governo brasileiro seja mais ambicioso em seus compromissos
de redução de gases de efeito estufa. Assumindo diversos compromissos de
redução de emissões - como a eliminação de produtos cuja fabricação envolve
desmatamento - as empresas pretendem influenciar o governo em suas decisões
sobre o assunto. A redução do impacto ambiental nas atividades econômicas é
tema atual mesmo em tempo de crise. Para o grupo de empresas, que reúne marcas
como Natura, Samarco Mineração, CPFL, Grupo Libra, Walmart e Intercement,
"a recessão econômica não é motivo para reduzir investimentos em sustentabilidade".
A redução das emissões não
se limita à redução ou eliminação futura do desmatamento. No setor energético o
Brasil também aumentou bastante suas emissões, com a utilização de usinas
termelétricas movidas a óleo ou carvão. Aqui cabe explorar o imenso potencial
de energias renováveis que o país possui e implantar medidas claras de
eficiência energética. O lixo e outros resíduos orgânicos mal geridos também
são causadores de emissões de gases, principalmente nas grandes cidades. Apesar
disso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), válida desde 2014, ainda
não foi implantada na maior parte dos municípios do país. Os veículos
automotivos continuam poluindo a atmosfera dos centros urbanos e ainda não
existem programas de controle das emissões veiculares. Assim, há muito por
fazer no Brasil e é preciso começar.
(Imagens: pinturas de Felix Nussbaum)
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