"A coisa que mais deve ser desenvolvida é a própria vida. Nossa vida não deveria apenas ir arrastando-se - uma coisa boba atrás da outra -, porém deveria mover-se propositadamente adiante, em direção a um objetivo final e realizador." - Richard Schoch - A história da (in)felicidade
Tudo
na natureza passa por ciclos; fenômenos, comportamentos, atividades, processos,
que se repetem ao longo de um período de tempo. Horas, dias, meses, anos,
décadas e séculos ou períodos cronológicos muito maiores. O mais conhecido é o
ciclo circadiano; um processo que afeta o ciclo biológico dos organismos
durante um período de 24 horas, influenciado principalmente pela variação da
luz do dia e da noite. O ciclo também sofre interferência das marés, das fases
lunares, correntes eólicas e marítimas. A dinâmica circadiana atua de
diferentes maneiras sobre plantas e animais, microrganismos e seres humanos,
mostrando que as influências dos astros, do clima, da geologia e da ecologia
são maiores à vida do que pensa o senso comum.
A variação
das estações ao longo do ano exerce uma importante influência na vida do
planeta, condicionando o desenvolvimento dos seres vivos desde sua origem, há
cerca de 3,8 bilhões de anos. Estudos recentes realizados em importantes
universidades mostram que o organismo humano sofre variações em sua estrutura
genética ao longo das quatro estações. A Dra. Silvia Sánchez Ramón, chefe da
Unidade de Imunologia Clínica do hospital Ruber Internacional de Madrid, afirma
que 23% do genoma humano oscila durante as estações do ano e que ocorrem
mudanças significativas em mais de 4 mil genes dos glóbulos brancos do sangue e
em células do tecido adiposo. Isto significa, conforme a especialista, que o
organismo está sujeito a doenças específicas, conforme as estações do ano.
Os
ciclos glaciais e interglaciais, aos quais o planeta está sujeito através da
sucessão de períodos frios, quando parte da água dos oceanos está congelada, e períodos
mais quentes, durante os quais os oceanos estão com pouco ou sem congelamento
algum, têm se sucedido ao longo da história geológica. Segundo dados mais recentes
da ciência, a Terra passou por seis grandes eras do gelo ao longo de sua
história. A mais recente, teve início há cerca de 2,5 milhões de anos, no período
Quaternário, e se estendeu até aproximadamente 10 mil anos atrás, quando teve
início o período geológico do Holoceno. Interessante é que devido ao imenso
impacto das atividades humanas ao clima do planeta durante estes últimos dez
milênios – basta lembrar da invenção da agricultura, das cidades, das máquinas
–, muitos cientistas pretendem mudar o nome deste período de Holoceno para
Antropoceno (antropo em grego
significa homem).
Em grande
parte dos fenômenos do mundo físico, podem ser identificados processos
cíclicos: os dias, as estações, as marés, as fases da Lua. A vida, por sua vez
se adaptou a estas constantes mudanças e repetições. Através da floração,
produção de frutos e perda das folhas, no caso das plantas; pelas migrações,
acasalamento e cuidado com os filhotes, no caso dos animais. Até o universo, de
acordo com as modernas teorias da astronomia, tem seu período de expansão e,
depois de centenas de bilhões de anos, ocorre sua retração – para que depois o
processo se repita.
A
humanidade está interferindo nos ciclos da natureza, com suas agressivas
atividades exploradoras dos recursos naturais. Corremos o risco de
definitivamente interrompermos ciclos importantes como o da água, dos
nutrientes do solo, do clima, das migrações, da reprodução de espécies, entre
muitos outros. No extremo, podemos interromper ciclos vitais à sobrevivência de
nossa espécie.
(Imagens: pinturas de François Morellet)
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