“Qual
é a corrupção profunda que o cristianismo acrescenta à mensagem de seu senhor?
A ideia do julgamento, estranha aos ensinamentos do Cristo, e as noções
correlativas de castigo e de recompensa. A partir desse instante, a natureza
torna-se história, e história significativa: nasce a ideia da totalidade
humana. Da boa-nova ao juízo final, a
humanidade não tem outra tarefa senão conformar-se com os fins expressamente
morais de um relato escrito por antecipação. A única diferença é que os
personagens, no epílogo, dividem-se a si próprios em bons e maus. Enquanto o
único julgamento do Cristo consiste em dizer que os pecados da natureza não têm
importância, o cristianismo histórico fará de toda a natureza a fonte de
pecado.” (Camus, pág. 90 – negrito nosso).
Albert Camus, O homem revoltado
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