Faz
bastante tempo que o país não passa por um ano tão significativo, com tantas
datas históricas a festejar. 2022 será, pelo menos neste aspecto, um ano
memorável. Comemoraremos, por exemplo, os 200 anos da independência do Brasil e
os 100 anos da Semana de Arte Moderna de São Paulo, entre outros. Na área
ambiental, o ano também terá um importante marco; tanto para o país quanto para
o mundo, já que é nesse ano que se completam 30 anos da realização da Eco-92,
que acorreu na cidade do Rio de Janeiro.
A
Eco-92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, também ficou conhecida como a Cúpula da Terra, Cimeira do
Verão e Conferência do Rio de Janeiro, reuniu chefes de estado, empresários,
ONGs, cientistas, personagens e instituições ligadas às questões do meio
ambiente, do clima, da economia e aos temas sociais. O encontro, realizado
entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, concentrou discussões sobre diversos
assuntos relacionados à questão ambiental, que vinham sendo tratados em
diversos fóruns internacionais de forma descentralizada. Foi através desta
importante reunião, que temáticas como a biodiversidade, as mudanças
climáticas, o desenvolvimento sustentável, a energia renovável, a proteção dos
recursos hídricos e da floresta, a desertificação e o ecoturismo, entre os
principais, passaram a ser tratados de maneira conjunta e interdisciplinar. A
preocupação com a questão das mudanças climáticas, que hoje tem importância
primordial nas estratégias de governos e empresas – pelo menos nos países
desenvolvidos -, ganhou notoriedade a partir da Eco-92.
A
partir da Eco-92 a questão ambiental, em seus diversos aspectos, passou a ser
tratada com mais importância pelo Estado e pelo setor privado. O aumento da
presença de ONGs ambientais, a maior cobertura de temas ecológicos pela mídia,
a criação de leis e o gradual desenvolvimento de uma consciência ambiental
entre a população e os partidos políticos, contribuíram para o desenvolvimento
do setor. Milhares de empresas em diversas áreas de prestação de serviços e fabricação
de equipamentos puderam ser criadas no país, enquanto que nas universidades ampliavam-se
os departamentos de pesquisa, com atividades científicas voltadas para esta
área.
O
setor ambiental no Brasil sofreu, no entanto, um forte revés com a crise
econômica que teve início em 2016 e se estende até hoje. As empresas, em sua
maior parte, reduziram seus investimentos no controle e redução de emissões e
resíduos, limitando-se a cumprirem as determinações da lei – quando tanto. O
setor público, sem recursos para manter suas ações de comando e controle, viu
suas atividades serem reduzidas a ações pontuais, longe de poder manter
estratégias ou programas de melhoria das condições dos ambientes em que opera. Além
disso, há que assinalar que os últimos dois governos, de Temer e Bolsonaro,
tiveram atuações desastrosas em quase tudo que se relaciona com a questão
ambiental. De atitudes de descaso até posicionamentos de ataque a políticas de proteção
dos recursos naturais. Estes dois fatores – a crise econômica e a resistência à
implantação de políticas ambientais – acabou prejudicando o desenvolvimento do
mercado interno de tecnologias de meio ambiente e comprometeu a imagem do
Brasil como um dos grandes protagonistas nesta área.
(Imagens: pinturas de Wilhelm Trübner)
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