Leituras diárias

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

 


“Chegamos, pois ao fundo do humano: a sustentação tácita de que somos portadores de uma mente. Dela não temos impressões diretas e muito menos ideia clara e distinta. Resta a ficção a respeito da sua existência. Em outros termos, resta a crença a respeito de sua presença. E como a crença é passagem para a ação, simulamos em nossas ações no mundo os efeitos de nossas mentes. Damos assentimento constante, dessa forma, à ficção que as constituiu. Além desse limite estabelecido pela mais básica das crenças, há o abismo do desfazimento do sujeito, submetido a processos de descrença de si, a mecanismos de deflação epistêmica. Examinemos, a seguir, um experimento dessa natureza – um verdadeiro exemplo de autodestruição de crenças básicas a respeito de si mesmo, a mais pura expressão do anti-Descartes.” (Lessa, pág. 108 e 109)

 

Ricardo Lessa, O cético e o rabino

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