“Chegamos,
pois ao fundo do humano: a sustentação tácita de que somos portadores de uma
mente. Dela não temos impressões diretas e muito menos ideia clara e distinta.
Resta a ficção a respeito da sua existência. Em outros termos, resta a crença a
respeito de sua presença. E como a crença é passagem para a ação, simulamos em
nossas ações no mundo os efeitos de nossas mentes. Damos assentimento
constante, dessa forma, à ficção que as constituiu. Além desse limite
estabelecido pela mais básica das crenças, há o abismo do desfazimento do
sujeito, submetido a processos de descrença de si, a mecanismos de deflação
epistêmica. Examinemos, a seguir, um experimento dessa natureza – um verdadeiro
exemplo de autodestruição de crenças básicas a respeito de si mesmo, a mais
pura expressão do anti-Descartes.” (Lessa, pág. 108 e 109)
Ricardo Lessa, O cético e o rabino
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