"A felicidade é uma palavra abstrata, composta de algumas ideias de prazer." - Voltaire - Aforismos, sentenças e julgamentos salomônicos
Os portugueses ficaram bastante impressionados com a Mata Atlântica, quando aportaram nas costas da Bahia em 1500. A carta de Pero Vaz de Caminha reporta sobre a luxuriante vegetação, a abundância das águas e a fertilidade do solo. Nesta época a floresta ocupava uma área de cerca de 1,3 milhões km², estendendo-se por aproximadamente 3.500 quilômetros, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Desta extensa área restam atualmente 52.000 km² de mata, concentrando-se principalmente na região Sudeste, entre os Estados de São Paulo e Paraná.

No Nordeste, os engenhos encontraram solo propício para a expansão da cultura na Zona da Mata, região da Mata Atlântica, onde existe massapê, solo bastante propício para a agricultura. Gilberto Freyre, em seu clássico Casa Grande e Senzala descreve a sociedade que se formou em torno do ciclo econômico da cana-de-açúcar e sua relação com o meio ambiente da região. Na região Sudeste, no século XIX, o ciclo econômico do café também se deu em plena região de Mata Atlântica, primeiramente no vale do Rio Paraíba, para depois estender-se por todo o Centro e Noroeste do Estado de São Paulo, a partir de meados do século XIX. Até praticamente a metade do século XX, quando se iniciou a industrialização, todos os principais ciclos econômicos do País ocorreram em regiões localizadas dentro da área de influência da Mata Atlântica.

Apesar disso, a Mata Atlântica ainda guarda muitos tesouros; alguns dos quais ainda desconhecidos. Exemplo disso são as descobertas de novas espécies de peixes, plantas, insetos ou anfíbios, feitas a cada nova pesquisa em regiões remotas da floresta. Ainda hoje, existem cerca de 10.000 espécies de plantas, 131 mamíferos, 214 aves, 23 marsupiais, 57 roedores, 184 anfíbios, 144 répteis e 21 primatas nesta floresta. A Mata Atlântica ainda abriga populações autóctones que mantêm grande dependência da floresta e de seus benefícios. São os caiçaras, que vivem em aldeias entre a faixa do litoral e a Serra do Mar, os indígenas, que ocupam a região há milênios e os quilombolas, descendentes de escravizados fugidos e que se estabeleceram em locais afastados.

(Texto publicado originalmente no livro Como está a questão ambiental de Ricardo Ernesto Rose)
(Imagens: fotografias de portas em Iguape, SP, por Ricardo Ernesto Rose)
0 comments:
Postar um comentário