“Claro
está que a magia das imagens técnicas não pode ser idêntica à magia das imagens
tradicionais: o fascínio da TV e da tela de cinema não pode rivalizar com o que
emana das paredes de caverna ou de um túmulo etrusco. Isto porque TV e cinema
não se colocam ao mesmo nível histórico e ontológico do homem da caverna ou dos
etruscos. A nova magia não precede, mas sucede à consciência histórica,
conceitual, desmagicizante. A nova
magia não visa modificar o mundo lá fora, como o faz a pré-história, mas os
nossos conceitos em relação ao mundo. É magia de segunda ordem: feitiço
abstrato. Tal diferença pode ser formulada da seguinte maneira: a magia
pré-histórica ritualiza determinados modelos, mitos. A magia atual ritualiza outro tipo de modelo: programas.” (Flusser, págs. 26 e 27)
Vilém Flusser, Filosofia da Caixa Preta
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