Carlos Castelo Branco, jornalista, contista e romancista, nasceu em Teresina, PI, em 25 de junho de 1920, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 1º de junho de 1993. Era filho do desembargador Cristino Castelo Branco e de Dulcila Santana Branco. Formou-se em Direito pela Universidade de Minas Gerais, em 1943. Jornalista desde 1939, trabalhou na cadeia dos Diários Associados, passando por diversos cargos de chefia e fixando-se como repórter político, a partir de 1949, inicialmente em O Jornal, depois no Diário Carioca e na revista O Cruzeiro.
Vocação
literária intermitente e absorvida pelo jornalismo, Castelo Branco foi parte da
“geração mineira de 1945”, ao lado de Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e
Fernando Sabino, tendo publicado, em 1952, o livro Continhos brasileiros. Único contista piauiense citado por Herman
Lima no seu livro Variações sobre o
conto (MEC), a carreira puramente literária de Carlos Castelo Branco
interrompeu-se com o romance Arco de triunfo, publicado em 1959, para dar
lugar a uma das mais fulgurantes carreiras do jornalismo brasileiro.
A
atividade jornalística de Castelo seria interrompida brevemente em 1961, quando
assumiu o cargo de Secretário de Imprensa do presidente Jânio Quadros. A
proximidade com Jânio Quadros possibilitou-lhe recolher dados e circunstâncias
que ninguém mais seria capaz de alinhar com tanta percuciência e segurança, e
que ele iria relatar no seu livro póstumo A renúncia de Jânio (1996).
Ele próprio condicionou a publicação do depoimento a um prazo além de sua morte,
porque não queria ninguém a apontar-lhe reservas e omissões, ou até
incapacidade em explicar a renúncia do presidente Jânio Quadros. Se houvesse
por acaso alguma explicação objetiva, o notável jornalista que foi Castelo
Branco certamente decifraria as motivações desse ato.
Voltou
ao jornalismo em 1962, como chefe da sucursal do Jornal do Brasil em
Brasília, cargo que exerceu até 1972, e como colunista político, que foi até o
fim da vida, na sua “Coluna do Castelo”. Reunindo suas colunas, publicou uma série
de livros sobre “os fatos que precederam e sucederam o Movimento de março de
1964”: os dois volumes de Introdução à Revolução de 1964 e os quatro
volumes de Os militares no poder,
que teriam seu seguimento, conforme disse o autor, “na medida da persistência
do interesse público por um depoimento que, à margem da história, procura dar
apenas uma visão parcial e contemporânea de situações complexas, repetitivas,
monótonas, mas apaixonantes.” A “Coluna de Castelo” representou, por unânime
consenso, a peça mais importante do jornalismo político brasileiro. Sua
leitura, todos os dias, constituía uma obrigação fundamental de todas as
pessoas com qualquer dose de interesse, direto ou indireto, na vida pública do
país.
A
história de Carlos Castelo Branco confunde-se com a história da
redemocratização brasileira. Desde a queda da ditadura Vargas, Castelinho, como
todos os jornalistas o chamavam, passou a viver e a respirar com as
instituições políticas. Pode-se dizer mesmo que passou a fazer parte delas:
quando a liberdade florescia, Castelo se tornava uma das personalidades
importantes da República; nas épocas de repressão, esteve sempre na primeira
lista dos encarcerados. Após o AI-5 (1968) não escapou da prisão e de
prestar depoimentos no DOPS. Não que ele fosse subversivo, perigoso. Ao
contrário, era conservador e pacato. Mas seus escritos tinham a virtude de
incomodar os poderosos que, a pretexto de salvar a pátria, escravizavam seus
concidadãos.
Além
da aptidão jornalística de testemunhar, registrar e reter na memória, Castelo
era uma estrela de primeira grandeza na arte de interpretar os fatos políticos.
Em 1976 foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito
Federal, cargo que exerceu até 1981. Na direção do sindicato,
Castelo enfrentava constantemente os militares, mas o fez com diplomacia,
procurando não criar atritos. Dessa forma, conseguiu contornar até uma ameaça
de intervenção, que ocorreria caso realizasse uma reunião da Intersindical
(precursora das centrais sindicais) na sede do sindicato. Castelo despistou a
polícia ao transferir a reunião para um clube. Em sua homenagem, o auditório do
sindicato leva seu nome.
Em
24 de outubro de 1978, foi homenageado nos Estados Unidos com o prêmio Maria
Moors Cabot, pela Universidade de Columbia, Nova York, destinado aos
jornalistas notáveis das Américas. Recebeu também o Prêmio Mergenthaler, de
liberdade de imprensa; o Prêmio Nereu Ramos de jornalismo, dado pela Universidade
de Santa Catarina; e o Prêmio Almirante, na área de jornalismo.
Foi
casado durante 44 anos com Élvia Lordello Castelo Branco, ministra
do Tribunal de Contas da União, teve três
filhos, Rodrigo, Luciana e Pedro. Rodrigo morreu prematuramente aos 25 anos de
idade e Pedro também já faleceu. Com problemas de saúde, que começaram a se
agravar a partir de 1986, Castelo faleceu em 1993.
Castelo
foi membro da Academia Piauiense de Letras, do Pen Clube do Brasil e da Associação Nacional de Escritores.
Dentre suas principais obras estão: Continhos brasileiros (1952); Arco de
triunfo, romance (1959); Da conspiração à revolução, em Os idos de março e a queda em abril (1964);
Introdução à Revolução de 1964, 2 vols. (1975); Os militares no poder, 4 vols.
(1977, 1978, 1980 e 1981); Retratos e fatos da história recente (1994) A
renúncia de Jânio (1996)
Frases
de Carlos Castelo Branco
“A
maior virtude do ser humano é saber reconhecer o mais forte, e nunca pelear
contra o mais fraco, para que sua vitória não seja contestada.”;
“Meu
mundo é das relatividades, talvez das dubiedades e quase nunca tomo decisões
definitivas ou finais porque costumo ficar na expectativa de ter de abandonar
as decisões de hoje, ou emenda-las. Estou longe, portanto, de ser um moralista”
(Carta ao filho Pedro);
“Eu
não me sentia identificado com o jornalismo, tinha aspiração de ser escritor,
pela convivência com aquele grupo mineiro. Lia muita literatura, passei a ter
uma certa aspiração literária, de me realizar literariamente.” (Entrevista a
Adriana Zarvos);
“O
jornalismo de maneira geral, é uma atividade inferior. Mas fui me entregando ao
dia-a-dia da vida, e aceitei a realidade. Não lutei para ter a minha condição
de escritor. Para se ter família é preciso trabalhar muito, eu trabalhava em
três, quatro jornais para ter um padrão de renda bom.” (Entrevista a Adriana
Zarvos);
“Então
o censor se sentava na minha mesa, ficava defronte de mim e ia lendo tudo que
eu mandava. E vetava. Era proibido mostrar em título a palavra “democracia”,
por exemplo. Não tinha telex. Era por telefone que se pegava a notícia. Eu
passei uns seis meses trabalhando ao telefone. Era ruim, tinha estática.” (Entrevista
a Adriana Zarvos).
(Fontes:
Academia Brasileira de Letras, Wikipedia, FGV CPDDOC, Reinaldo Azevedo
no UOL, Site Carlos Castelo Branco -
https://www.carloscastellobranco.com.br/index.php)
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