“A
maioria das pessoas vive por demais inconsciente de si para suspeitar quais
sejam as consequências. Devido a uma ausência do vínculo profundo do espírito,
a sua vida, seja por encantadora ingenuidade infantil, seja por necessidade,
não é mais do que uma mistura sem nexo de um pouco de ação, de acaso, de
acontecimentos. Vemo-las umas vezes praticar o bem, depois fazer o mal. Certas
vezes o seu desespero dura uma tarde, outras prolonga-se durante três semanas,
e ei-las prazenteiras, e logo desesperadas por mais um dia. Para elas a vida é
uma espécie de jogo em que se entra, mas não chegam nunca a arriscar tudo,
nunca ela se lhes representa como uma consequência infinita e fechada. Por isso
não falam nunca senão a respeito de atos isolados, essa ou aquela boa ação, tal
falta.” (Kierkegaard, pág. 99)
Sören Kierkegaard, O desespero humano
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