Paulo
Barreto (João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto; pseudônimo
literário: João do Rio), jornalista,
cronista, contista e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 5 de agosto
de 1881, e faleceu na mesma cidade em 23 de junho de 1921.
Era
filho de educador Alfredo Coelho Barreto e de D. Florência Cristóvão dos Santos
Barreto. Adepto do Positivismo, o pai fez batizar o filho na igreja
positivista, esperando que o pequeno Paulo viesse a seguir os passos de
Teixeira Mendes. Mas Paulo Barreto jamais levaria a sério a igreja comtista,
nem qualquer outra, a não ser como tema de reportagem. Fez os estudos
elementares e de humanidades com o pai. Aos 16 anos, ingressou na imprensa,
notabilizando-se como o primeiro jornalista brasileiro a ter o senso da
reportagem moderna.
Em
1899 iniciou sua carreira colaborando com o jornal O Tribunal. Entre 1900 e 1903 escreveu para os jornais O Paiz, O Dia, O Tagarela e o Correio Mercantil, usando diversos
pseudônimos. Em 1903 ingressou na Gazeta
de Notícias, e no dia 26 de novembro escreve o artigo “O Brasil Lê”, uma
enquete sobre as preferências literárias do leitor carioca. Pela primeira vez
assina “João do Rio”, pseudônimo com o qual entrou para a posteridade, numa
época em que a cidade assumiu o título de “Cidade Maravilhosa”.
Nos
diversos jornais em que trabalhou, granjeou enorme popularidade, sagrando-se
como o maior jornalista de seu tempo. Usou vários pseudônimos, além de João do
Rio, destacando-se: Claude, Caran d’Ache, Joe, José Antônio José. Como homem de
letras, deixou obras de valor, sobretudo como cronista. Como teatrólogo, teve
grande êxito a sua peça “A bela madame Vargas”, representada pela primeira
vez em 22 de outubro de 1912, no Teatro Municipal.
Em
1904, estreia na literatura com o livro “As Religiões do Rio”, onde reúne uma
série de reportagens de cunho investigativo, que foram escritas na Gazeta de Notícias, sobre a diversidade
religiosa do Rio de Janeiro. Em 1905 torna-se conferencista. Nesse mesmo ano,
candidata-se para a ABL, mas perde para Heráclito Graça.
No
dia 29 de dezembro de 1906 estreia sua primeira peça teatral, a revista “Chic-Chic”,
escrita em parceria com o jornalista J. Brito. Em 1907, sua peça “Clotilde” é
apresentada no teatro, Recreio Dramático. Candidata-se pela segunda vez na ABL,
mas é derrotado para o Barão de Jaceguai. Em novembro desse mesmo na, profere a
conferência “A Rua”. Em 1908 publica “Momento Literário”, uma excelente fonte
de informações sobre o movimento literário do final do século XIX no Brasil.
Nesse mesmo ano, publica “A Alma Encantadora das Ruas”, onde reúne reportagens
e crônicas publicadas entre 1904 e 1907 no jornal Gazeta de Notícias e na revista Kosmos.
O autor relata fatos que marcam a desigualdade e indiferença social, misturadas
em diversos tipos humanos que circulavam pelas ruas do Rio de Janeiro no início
do século XX.
Ao
falecer, era diretor do diário A
Pátria, dedicado aos interesses da colônia portuguesa, que fundara em 1920.
Segundo ocupante da cadeira 26 da Academia Brasileira de Letras, foi eleito em
7 de maio de 1910, na sucessão de Guimarães Passos, e recebido pelo acadêmico
Coelho Neto em 12 de agosto de 1910.
João
do Rio foi o criador da crônica social moderna. Dentre suas principais obras, destacam-se:
“As Religiões no Rio”.
Paris: Garnier, 1904; “O Momento Literário”.
Paris: Garnier, 1905; “A Alma Encantadora das Ruas”.
Paris: Garnier, 1908; “Era uma vez...” (em co-autoria com Viriato
Correia). Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1909; “Cinematographo: crônicas
cariocas”. Porto: Lello & Irmão, 1909; “Fados, canções e danças de Portugal”.
Paris: Garnier, 1910; “Dentro da noite”. Paris: Garnier, 1910; “A
profissão de Jacques Pedreira”. Paris: Garnier, 1911; “Psicologia urbana: O
amor carioca; O figurino; O flirt; A delícia de mentir; Discurso de recepção”.
Paris: Garnier, 1911; “Vida vertiginosa”. Paris: Garnier, 1911; “Portugal
d'agora”. Paris: Garnier, 1911; “Os dias passam....” Porto: Lello & Irmão,
1912; “A Bela Madame Vargas”. Rio
de Janeiro: Briguiet, 1912; “Eva”. Rio de Janeiro: Villas Boas, 1915.
Frases
de João do Rio:
“Eu
amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por
mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim
absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos
sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque
soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une,
nivela e agremia o amor da rua.”;
“Se
a rua é para o homem urbano o que a estrada foi para o homem social, é claro
que a preocupação maior, a associada a todas as outras ideias do ser das
cidades, é a rua. Nós pensamos sempre na rua. Desde os mais tenros anos ela
resume para o homem todos os ideais, os mais confusos, os mais antagônicos, os
mais estranhos, desde a noção de liberdade e de difamação - ideias gerais - até
a aspiração de dinheiro, de alegria e de amor, ideias particulares.”;
“Hoje,
nós somos escravos das horas, dessas senhoras inexoráveis que não cedem nunca,
e cortam o dia da gente numa triste migalharia de minutos e segundos. Cada hora
é para nós distinta, pessoal, característica, porque cada hora representa para
nós o acúmulo de várias coisas que nós temos pressa de acabar.”;
“O
Automóvel fez-nos ter uma apudorada pena do passado. Agora é correr para a
frente. Morre-se depressa para ser esquecido d’ali a momentos; come-se
rapidamente sem pensar no que se come; arranja-se a vida depressa, escreve-se,
ama-se, goza-se como um raio; pensa-se sem pensar, no amanhã que se pode
alcançar agora.”;
“E
só no quarto humilde é que pôde chorar, chorar longamente não ter sabido
guardar integralmente o princípio da vida - a ilusão...”;
“É
vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência.”.
(Fontes:
Academia Brasileira de Letras; eBiografia
– Dilva Frazão; Portal Crônica Brasileira – João Carlos Rodrigues; Wikipedia;
Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes; Homo Literatus; Site jornal O Estado de
São Paulo)
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