“A
ideia de um governo providencial é tão vigorosamente combatida pela Academia
quanto pelos epicuristas. Se Deus tivesse feito o mundo para o bem do homem, por
quê ele colocou nele feras selvagens, vermes nocivos, plantas venenosas, todos
igualmente prejudiciais ao homem? A razão é chamada de dom mais nobre de Deus
ao homem. Quando vemos como os homens abusam de sua razão, nos sentimos mais
dispostos a acreditar na imprevidência do que na providência, a nos perguntar
por que Deus nos deu, o que é abusado tanto.” (MacColl, pág. 41)
“Todos
os crimes e as tragédias de nossa raça têm sido obra de seres possuídos de
razão, e não teriam sido possíveis sem a ajuda da razão. Você pode jogar a
culpa nos vícios e erros dos homens, mas por que não dar-lhes uma razão que excluiria
vícios e erros? Se todas as coisas são resultados de causas antecedentes, todas
as coisas são apenas elos de uma cadeia de causas e efeitos, e a necessidade é
toda poderosa: mas isso não é assim, pois algumas coisas estão em nosso próprio
poder, e nossa vontade não é o resultado de causas antecedentes e externas.
Parece
quase impossível conciliar qualquer uma dessas posições com o resto do que
sabemos da filosofia de Carnéades, e certamente a conjectura de Zeller, de que
ele considerava a liberdade da vontade como apenas provável, parece opor-se à
pouca informação de que dispomos sobre o assunto. No que diz respeito à conduta
da vida, não achamos que Carnéades dogmaticamente selecionou e propôs um Bem
Maior como o objetivo da vida.” (MacColl, págs. 52 e 53)
Norman MacColl, Os céticos gregos: de Pirro a Sexto Empírico (original em inglês)
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