(Imagem: VEJA)
João Ubaldo
Osório Pimentel Ribeiro nasceu em
Itaparica (BA) em 23 de janeiro de 1941 e faleceu em 18 de julho de 2014. Foi
escritor, jornalista, tradutor, professor e membro da Academia Brasileira de
Letras.
Nascido
na Bahia na
casa do avô materno, quando completou dois meses de idade a família mudou-se
para Aracaju, Sergipe,
onde passou parte da infância. Seu pai, Manuel Ribeiro, advogado de renome na
capital baiana, veio a ser o fundador e diretor do curso de Direito da Universidade Católica de Salvador.
Sua mãe Maria Filipa Osório Pimentel deu à luz mais dois filhos: Sônia Maria e
Manuel.
Seu
pai, por ser professor, não suportava a ideia de ter um filho analfabeto e
iniciou seu filho nos estudos com um professor particular, em 1947.
Alfabetizado, ingressou no Instituto Ipiranga em 1948. Leu muitos livros
infantis, principalmente a obra de Monteiro
Lobato. Ao mesmo tempo o pai fez o menino se empenhar
intensamente nos estudos, lendo autores como Padre
Antônio Vieira, Padre
Manuel Bernardes, Shakespeare, Homero, Miguel
de Cervantes, Machado
de Assis e José
de Alencar; autores que exerceram grande influência em João
Ubaldo.
Em
1951 ingressou no Colégio Estadual Atheneu Sergipense, em Aracaju. Prestava ao
pai, diariamente, contas sobre os textos que havia lido e algumas vezes era
obrigado a resumi-los e traduzir alguns de seus trechos. Afirma ter feito essas
tarefas com prazer e, nas férias, estudava também o latim. Seu pai era
chefe da Polícia Militar, e nessa época, passa a sofrer
pressões políticas, o que o faz transferir-se com a família para Salvador.
Na capital baiana João Ubaldo é matriculado no Colégio Sofia Costa Pinto. Em
1955 matriculou-se no curso clássico do Colégio da Bahia, conhecido como Colégio
Central, onde conheceu seu colega Glauber Rocha.
Em 1958 iniciou seu Curso de Direito na Universidade Federal da Bahia, que
concluiria em 1962. Em 1959, entrou para o curso do Centro de Preparação de
Oficiais da Reserva do Exército no CPOR da Bahia, mas não chegou a completá-lo.
Em
1957 estreia no jornalismo, trabalhando como repórter no “Jornal da
Bahia”, sendo depois transferido para a “Tribuna da
Bahia”, no qual chegaria a exercer o posto de editor-chefe. Com o
futuro cineasta Glauber Rocha, editou revistas e jornais culturais,
participando do movimento estudantil (1958). Apesar de nunca ter exercido a
profissão de advogado, foi aluno exemplar. Nessa mesma Universidade, concluído
o curso de Direito, faz pós-graduação em Administração Pública.
João
Ubaldo Ribeiro colaborou nos editais “O Globo”, “Frankfurter Rundschau” (na
Alemanha), “Jornal da Bahia”, “Die Zeit” (Alemanha), “The Times Literary Supplement” (Inglaterra), “O Jornal” (Portugal), “Jornal de
Letras” (Portugal), “O Estado de S. Paulo”, “A Tarde” e
muitos outros, exteriores e nacionais.
João
passou boa parte de sua vida no exterior, em países como nos Estados
Unidos (como estudante e, posteriormente, como professor
convidado), em Portugal (editando em parceria com o jornalista Tarso de
Castro a revista “Careta”) e na Alemanha (publicando
crônicas semanais para o jornal “Frankfurter
Rundschau”, além de produzir peças para o rádio). Em 1964 partiu para os
Estados Unidos, através de uma bolsa de estudos oferecida pelo governo daquele
país, para cursar mestrado em Administração Pública e Ciência Política na Universidade da Califórnia do
Sul.
Retorna
ao Brasil em
1965 e começa a lecionar Ciências Políticas na Universidade Federal
da Bahia. Lá permaneceu por seis anos, mas desiste da carreira acadêmica e
retorna ao jornalismo. Participou, em Cuba, do júri do concurso
Casa das Américas, juntamente com o critico literário Antônio Cândido e o
ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri. Voltou a residir
no Rio de Janeiro em 1991 e, em 1994, é
eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Participou no mesmo ano da
Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha, recebendo o Prêmio Anna Seghers,
concedido somente a escritores alemães e latino-americanos.
Em
1969 casou-se com a historiadora Mônica Maria Rotes, com quem teve duas filhas.
Em 1980, casa-se com a fisioterapeuta Berenice de Carvalho Batella, com quem
teve um casal de filhos. João Ubaldo morre na madrugada do dia 18 de julho de
2014 em sua casa, no bairro do Leblon,
no Rio de Janeiro.
Carreira
literária
Em
1959 participou da antologia Panorama
do Conto Baiano, com o conto Lugar
e Circunstância; a antologia é publicada pela Imprensa Oficial da Bahia. Em
1961, participa da coletânea de contos Reunião,
editada pela Universidade Federal da Bahia, com os contos Josefina, Decalião e O Campeão.
Em
1963 escreveu seu primeiro romance, Setembro
Não Faz Sentido, com prefácio do colega Glauber Rocha e apadrinhamento
de Jorge Amado.
O título original seria A Semana da
Pátria, mas por sugestão da editora, João alterou o título. A Editora
Civilização Brasileira lança, em 1971, o romance Sargento Getúlio, com o qual ganhou o Prêmio Jabuti
de 1972 concedido pela Câmara Brasileira do Livro, na categoria
"Revelação de Autor".
Em 1974
publica o livro de contos Vencecavalo
e o outro povo, cujo título inicial era A guerra dos Pananaguás, pela Editora
Artenova. Com tradução feita pelo próprio autor, vários romances
tornaram-se famosos no exterior, entre eles o Sargento Getúlio que, lançado nos Estados Unidos em 1978,
ganhou receptividade pela crítica do país. Em 1981 muda-se para Lisboa, Portugal e,
voltando ao Brasil, publica Política -
livro ainda adotado em faculdades e Livro de histórias, reeditado
em 1991, que passa a incluir os contos Patrocinando
a arte e O estouro da boiada, e
recebe o novo título de Já podeis da
pátria filhos. Nesse mesmo ano, inicia colaboração no jornal “O Globo”.
Sua produção jornalística dessa época foi reunida em 1988 no livro Sempre aos Domingos.
Em
1982 inicia o romance Viva o Povo
Brasileiro (intitulado primeiramente como Alto lá, meu general). Nesse ano, participou do Festival
Internacional de Escritores, em Toronto, Canadá. Viva o povo Brasileiro é finalmente
editado em 1984, e recebe o Prêmio Jabuti na
categoria "Romance" e o Golfinho de Ouro, do Governo do Rio de Janeiro. Em 1983,
estreia na literatura infanto-juvenil com o
livro Vida e paixão de Pandonar, o cruel.
Em 1989 lança o romance O sorriso do lagarto. Sua segunda experiência
na literatura infanto-juvenil apresenta-se em 1990 com o livro A Vingança de Charles Tiburone.
Neste
ano João participa do já citado “Frankfurter
Rundschau” e, retornando em 1991 ao país de origem, hospeda-se no Rio
de Janeiro. Em 1994 lança o livro de crônicas Um brasileiro em Berlim, sobre sua estada na cidade. Publica, em
1997, o romance O feitiço da Ilha do
Pavão, pela Editora Nova Fronteira. No mesmo ano,
antes da publicação deste romance, Em 2000, saíram várias reedições de seus
livros na Alemanha, incluindo uma nova edição de bolso de Sargento Getúlio. O sorriso do lagarto foi publicado
na França. A casa dos Budas ditosos
foi traduzido para o inglês, nos Estados Unidos. Viva o povo brasileiro foi indicado para o exame de Agrégation, um concurso nacional realizado na
França para os detentores de diploma de graduação.
Seu
livro Sargento Getúlio tornou-se
um filme premiado em 1983, dirigido por Hermano Penna e protagonizado por Lima Duarte (Sargento Getúlio (filme)). Quando voltou a
residir no Rio de Janeiro em 1991, voltando do exterior, seu romance O sorriso do lagarto foi adaptado
para uma minissérie na Rede Globo,
tendo como protagonistas os atores Tony Ramos, Maitê Proença e José Lewgoy.
Em 1993 João Ubaldo adaptou O santo
que não acreditava em Deus para a série Caso Especial, da Rede
Globo, que teve Lima Duarte no papel principal.
João
Ubaldo publicou os seguintes livros
Setembro Não Tem Sentido,
romance, 1968; Sargento Getúlio,
romance, 1971; Vence Cavalo e o Outro
Povo, conto, 1974; Vila Real,
romance, 1979; Livro de Histórias,
conto, 1981; Política: Quem Manda, Porque
Manda, Como Manda, ensaio, 1981; A
Vida a Paixão de Pondonar, o Cruel, literatura infantil, 1983; Viva o Povo Brasileiro, romance, 1984; Sempre aos Domingos, crônica, 1988; O Sorriso do Lagarto, romance, 1989; A Vingança de Charles Tiburane, infanto
juvenil, 1990; Um Brasileiro em Berlim,
crônica, 1995; O Feitiço da Ilha do Pavão,
romance, 1997; Arte e Ciência de Roubar
Galinhas, crônica, 1999; A Casa dos
Budas Ditosos, romance, 1999; Miséria
e Grandeza do Amor de Benedita, romance, 2000; O Conselheiro Come, crônica, 2000; Dia do Farol, romance, 2002; A
Gente se Acostuma a Tudo, crônica, 2006; O Rei da Noite, crônica, 2008; O
Albatroz Azul, romance, 2009; Dez
Bons Conselhos de Meu Pai, infanto juvenil, 2011.
Frase
de João Ubaldo Ribeiro
“A vida devia ser duas; uma para ensaiar,
outra para viver a sério. Quando se aprende alguma coisa, está na hora de ir.”;
“Ah, como passam as coisas deste mundo, nada
do que se constrói é perene, nada do que se faz é bem lembrado além de seu
tempinho, nada fica como está, nunca se volta, nunca se volta.”;
“O segredo da Verdade é o seguinte: não
existem fatos, só existem histórias.”;
“Sou realista. Eu não creio mais no futuro da
humanidade como espécie. As evidências estão começando a se acumular. Furacão
no Brasil, ciclone, esse tempo que está fazendo, o
derretimento das calotas polares. A humanidade é uma espécie estúpida que se
mata desde as cavernas. Só que, agora, com técnicas mais eficientes. Não
acredito na sobrevivência da humanidade, por consequência, não acredito na
sobrevivência do Brasil.”;
"Jogar ovos, tomates e tortas na cara de
autoridades e pomposos variados é comportamento relativamente comum nas democracias
mais consolidadas, com exceção da americana, onde o pessoal prefere dar tiro
mesmo".
“Ah, Senhor, os dias correm vagarosos como caramujos, os anos não
perduram mais que uma fagulha, o passado não acaba nunca.”.
(Fontes: Wikipedia; eBiografia – Dilva Frazão; Site da Academia Brasileira de Letras; site Globo Memória; Wikiquote; Site Pensador; Revista Isto É)
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