“O
avanço acelerado do conhecimento científico alimenta a inovação técnica,
produzindo um fluxo incessante de novas invenções; está por trás do enorme
aumento do número humano nas últimas centenas de anos. Os pensadores
pós-modernos podem questionar o progresso científico, mas ele é sem dúvida
real. A ilusão está na crença de que este pode efetuar qualquer alteração
fundamental na condição humana. Os ganhos alcançados na ética e na política não
são cumulativos. O que foi ganho também pode ser perdido, e com o tempo
certamente o será. A história não é uma espiral ascendente do avanço humano,
nem mesmo um rastejar centímetro a centímetro em direção a um mundo melhor. É
um ciclo interminável em que o conhecimento em mudança interage com as
necessidades humanas imutáveis. A liberdade é recorrentemente conquistada e
perdida numa alternância que inclui longos períodos de anarquia e tirania, e
não há razão para supor que este ciclo algum dia acabe.”
John Gray (1948-) filósofo e ensaísta inglês em Heresias: contra o progresso e outras ilusões (Heresies: against progress and other illusions - sem tradução)
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