Onda de assaltos
“Não
há por que tirar conclusões pessimistas dessa onda (que onda?, maremoto!) de
assaltos. Se se assalta é porque há o que assaltar, e se se assalta muito é
porque há muito o que assaltar. Se aumenta cada vez mais o número de
assaltantes isso, óbvio, obedece às leis do mercado, tão em moda outra vez. E,
de duas, uma; ou aumentou muito o número de assaltáveis ou tem rico muito rico
sendo assaltado mais uma vez. De qualquer maneira, pode-se afirmam sem medo de
errar (ou com medo de errar, por que não?; eu sempre tenho medo de errar: mas
afirmo!) que até hoje nem todos os ricos foram assaltados e, portanto, ainda
pode aumentar o número de assaltos e assaltantes. Quando o número de ambos
começar a declinar, aí sim significa que entrou em cena a decadência do
mercado; a oferta é maior do que a procura. No caso, aliás um paradoxo, a
procura é maior do que a oferta: há mais assaltantes procurando assaltáveis do
que assaltáveis disponíveis. Até lá não há por que ser pessimista.” (Fernandes,
pág. 401).
Millôr Fernandes, A Bíblia do Caos
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