“Um
grande escritor francês que na França de hoje – na desgraçada França dos nossos
dias – aparece com o seu gênio já revestido de profecias realizadas, Charles
Péguy, dividia a vida em duas espécies de momentos: os ‘períodos’ e as ‘épocas’,
e do seguinte modo: nos ‘períodos’, nada sucede que mereça sobreviver; nas ‘épocas’,
sucedem os grandes acontecimentos, as vitórias e as derrotas. Será uma
felicidade ou uma desgraça que estejamos vivendo uma ‘época’’ de derrotas?
Creio que a resposta não é só pouco importante, mas inútil. O que importa é a
aceitação daquilo que o Destino nos marcou; é a aceitação da vida, em qualquer
plano, com lucidez e decisão. As ‘épocas’, felizes ou desgraçadas, angélicas ou
demoníacas, de vitórias ou de derrotas – todas elas contêm a sua grandeza
especial. Ao lado desta grandeza um perigo, no entanto, se apresenta: a
absoluta totalidade do espírito das ‘épocas’. Elas têm sempre a pretensão, em
virtude da sua grandeza mesma, de tudo subordinar ao seu caráter e de tudo
fazer convergir às suas tendências exclusivas.” (Maia, pág. 16, reproduzindo
texto de Álvaro Lins publicado em 1940).
Eduardo Cesar Maia, Sobre críticas e críticos, citando o crítico literário e jornalista Álvaro Lins (1912-1970).
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