Leituras diárias

quinta-feira, 27 de junho de 2024


 

“Um grande escritor francês que na França de hoje – na desgraçada França dos nossos dias – aparece com o seu gênio já revestido de profecias realizadas, Charles Péguy, dividia a vida em duas espécies de momentos: os ‘períodos’ e as ‘épocas’, e do seguinte modo: nos ‘períodos’, nada sucede que mereça sobreviver; nas ‘épocas’, sucedem os grandes acontecimentos, as vitórias e as derrotas. Será uma felicidade ou uma desgraça que estejamos vivendo uma ‘época’’ de derrotas? Creio que a resposta não é só pouco importante, mas inútil. O que importa é a aceitação daquilo que o Destino nos marcou; é a aceitação da vida, em qualquer plano, com lucidez e decisão. As ‘épocas’, felizes ou desgraçadas, angélicas ou demoníacas, de vitórias ou de derrotas – todas elas contêm a sua grandeza especial. Ao lado desta grandeza um perigo, no entanto, se apresenta: a absoluta totalidade do espírito das ‘épocas’. Elas têm sempre a pretensão, em virtude da sua grandeza mesma, de tudo subordinar ao seu caráter e de tudo fazer convergir às suas tendências exclusivas.” (Maia, pág. 16, reproduzindo texto de Álvaro Lins publicado em 1940).

 

Eduardo Cesar Maia, Sobre críticas e críticos, citando o crítico literário e jornalista Álvaro Lins (1912-1970).

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