“Perguntemos agora o que Protágoras
entendia por ‘medida de todas as coisas’. A realidade dos fenômenos existia
para Protágoras? O homem, como ‘medida das coisas’, era apenas um juiz das
propriedades que as coisas lhe impunham? A sua ‘medida’ correspondia ao ser
real, além da mera aparência? Ou será que o homem criou primeiro o mundo
fenomênico por meio de sua imaginação? Não encontramos resposta para essas
perguntas em Protágoras. No entanto, podemos responder por ele a partir do que
sabemos: é uma questão de total indiferença para o homem se as coisas além do
julgamento e da concepção humana também existem realmente, uma vez que para
todos os efeitos práticos o mundo externo tem apenas valor relativo para o
homem. Para Protágoras não importa se às coisas pode ser atribuída uma
realidade especial além disso. Não só a percepção sensorial individual deveria
ser decisiva, é claro, mas a soma de todo o conhecimento obtido por quaisquer
meios possíveis. As coisas possuem significado e realidade para uma pessoa de
acordo com a medida em que ela está disposta e é capaz de julgá-las. A teoria
do fluxo constante de todas as coisas, quando aplicada ao discernimento dos
fenômenos, leva à relatividade de todas as coisas. Essa é a base dos
ensinamentos de Protágoras.” (Lachmann, págs. 10 e 11)
Benedict Lachmann, Protágoras, Nietzsche e Stirner: expositores do egoísmo (original Protagoras, Nietzsche and Stirner: expositors of egoism)
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