“O
sistema de Hegel representa, dentro do pensamento ocidental, a terceira grande tentativa de segurança: depois do
cosmológico de Aristóteles e do teológico de São Tomás, temos o logológico de
Hegel. Toda insegurança é subjugada, toda preocupação com o sentido, todo medo
da decisão, todos problemas abismais. A razão do mundo mostra a sua marcha indeclinável
através da história, e o homem inquiridor sabe disso. Dito de outra forma: o
seu conhecimento constitui, propriamente, a meta e o fim dessa marcha, em que a
verdade que se realiza, se conhece na sua realização. As etapas da marcha se
sucedem numa ordem absoluta: são governadas soberanamente pela lei da
dialética, segundo a qual a tese é substituída pela antítese e esta pela
síntese. Com a mesma segurança com a qual marchamos de um andar a outro e de um
cômodo a outro numa casa bem construída, imóvel em seus alicerces, paredes e
tetos, é assim que o homem hegeliano marcha pela nova mansão cósmica da
história, cujo significado ele conhece completamente.” (Buber, págs. 35 e 35).
Martin Buber (1878-1965), filósofo austríaco-israelita em Qué es el hombre? (O que é o homem?)
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