“Em
outras palavras, o verdadeiro ser humano não é um modelo de virtude, um
puritano ou santarrão, mas reconhece que algumas faltas são tão necessárias à
verdadeira natureza humana quanto o sal ao ensopado. É impossível conviver com
pessoas apenas virtuosas, porque não têm senso de humor, não permitem que a
verdadeira natureza humana exista e são perigosamente inconscientes de suas
próprias sombras. À semelhança de todos os legalistas e intrometidos, tendem a
encaixar o mundo num leito procustiano de regulamentos lineares, de forma que
se tornam incapazes de fazer acordos razoáveis. Na guerra, lutam até a morte
pela rendição incondicional e, em nome do princípio de virtude, destroem um
território, quando deveriam simplesmente captura-lo e usufruí-lo com espírito
egoísta, mas bem menos danoso. Portanto, é essencial ao wu-wei político não se tentar reforçar leis contrárias à natureza
humana e enviar pessoas à prisão por ‘pecados’ ou crimes sem vítimas relutantes.
Confiar na natureza humana implica a aceitação de seu lado bom e mau, e é
difícil confiar em pessoas que não admitem as próprias fraquezas.”
Alan Wilson Watts (1915-1973) filósofo, escritor e palestrante anglo-americano difusor das filosofias orientais em Tao o curso do rio


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