“Quem sou e por que sou? A brasilidade, já disse, me ocupa, coexiste com o resto de mim que é apátrida. Não acredito em nacionalismo e em nação como valor de qualquer espécie. Nação é, quando muito, uma concentração tribal e cultural, intrinsecamente reacionária, por que pressupõe, ainda que em aspiração frustrada, superioridade de um povo sobre o outro, o que é o caminho certo da exploração e tirania. E deixou de fazer sentido quando é óbvio que a economia se tornou multinacional e interdependente, irrevogavelmente. Na melhor das hipóteses, é defesa do fraco, mas que aspira, se possível, a subjugar o forte que o oprime. A História tem se resumido nisso, na prática. Prefiro moralmente o transnacionalismo da Igreja católica e da internacional socialista que, ao menos, em teoria, visa à fraternidade universal.” (Francis, pág. 70 e 71).
Paulo Francis (1930-1997), pseudônimo de Franz Paul Trannin da Matta Heilborn, jornalista, escritor, crítico e diretor de teatro brasileiro em O Afeto que se Encerra - Memórias


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