"Quase todas as ciências, desde a filologia até a biologia, mostraram, numa ocasião ou outra, a pretensão de produzir não só os conhecimentos específicos, como até concepções do mundo." - Max Weber - Coleção de ensaios sobre ciência
O homem sendo criatura viva, sujeita às leis da natureza é, assim como todos os outros seres vivos, marcado pela provisoriedade. Todos os seus projetos, idéias, realizações e aspirações são efêmeras, porque nunca definitivas. A percepção de sua transitoriedade, de sua mortalidade – e de todos os seus projetos – causa ao homem um sentimento de angústia. No passado, apoiado nas promessas das religiões, o homem transformava este sentimento em esperançosa expectativa. Hoje, já bastante cético em relação a tal possibilidade, o homem tenta enganar “a indesejada das gentes”. Escreve o filósofo Max Scheler:
“A morte recalcada, a morte “presente”, mas tornada invisível e que deixou de ser temida ao ponto de se ter tornado inexistente, é, de agora em diante, poder e brutalidade sem sentido, tal como aparece ao novo tipo de homem quando se vê confrontado com ela. A morte surge apenas como uma catástrofe. Não é mais vivida de modo leal e consciente. E já ninguém mais sente e sabe que tem de morrer a sua própria morte” (Scheler, 1993).
Dotado de raciocínio e animal social por natureza (todos os nossos antepassados símios eram sociáveis) o homem é, diferentemente de todo o resto da criação, consciente de sua mortalidade e da finitude de todo o universo. Porém, o avanço das ciências biológicas está tornando cada vez mais tênues as diferenças que nos separam dos outros seres vivos. Diferente do que dizia Descartes, descobrimos que os animais têm sentimentos, além de também fazerem ferramentas e de possuírem traços de cultura.
O homem, no estágio atual do conhecimento, se caracteriza pela sua capacidade única de formular complicados raciocínios lógicos e de elaborar complexos conceitos de ética. Talvez seja esta a essência do homem – por enquanto.
Bibliografia:
SCHELER, Max. Morte e Sobrevivência – 1ª ed. Lisboa: Edições 70, 1993
(imagens: Gravuras de Lívio Abramo)
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