A evolução da questão ambiental

sábado, 29 de setembro de 2018
"Nosso nível ético anda tão baixo, que qualquer conversa política acaba em denúncia."   -   Millôr Fernandes  -  A Bíblia do Caos

Como jornalista e consultor ambiental venho acompanhado o desenvolvimento do setor da sustentabilidade nos últimos vinte e seis anos. Ao longo deste período pudemos constatar vários avanços, principalmente com relação às questões ambientais urbanas. Se, praticamente até os anos 1970 o tema do meio ambiente era completamente desconhecido do cidadão comum, foi a partir das décadas de 1980 e 1990 que o setor efetivamente tomou impulso com a criação de leis e agências de controle. Outro aspecto é que nesse período também surgiram as primeiras ONGs ligadas ao meio ambiente, e o tema passou a fazer parte da política partidária e da programação das redes de TV.     
A palavra “sustentabilidade” se tornou comum no nosso vocabulário diário a partir de 1987, quando a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, chefiada pela primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, publicou um documento intitulado Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland. Entre outras coisas, o relatório indicou as diretrizes para o crescimento da economia mundial no futuro: o desenvolvimento sustentável. Este, foi definido pelo documento como sendo “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Ou seja, as atuais gerações não podem impor à economia mundial um ritmo de crescimento que esgote os recursos naturais – solo, água, ar, florestas, mares –, tirando o direito das futuras gerações de disporem da mesma quantidade de recursos.
Para evitar a exaustão destes bens, a ONU criou diversos acordos internacionais para reduzir o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente. Tratado para eliminação dos gases destruidores da camada de ozônio; acordos para proteger a biodiversidade e os mares; para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, regular o transporte de cargas perigosas; proibir a caça e pesca de certos animais, são muitos. Enfim, existem diversos pactos estabelecidos entre todos os países membros da ONU, com o compromisso de reduzir a exploração excessiva dos recursos do planeta.
Pelos noticiários, no entanto, fica evidente que apesar de todos os compromissos assumidos, são diferentes os graus de empenho dos países em reduzirem seus impactos ambientais. Enquanto grandes poluidores, como a China e a Índia, começam a fazer investimentos para reduzirem emissões, há outros países que se tornaram exemplo, como a Alemanha, que até 2020 deverá fechar todas as suas usinas nucleares. O maior consumidor de recursos, os Estados Unidos, apesar dos avanços em diversas áreas, está retrocedendo no controle de suas emissões atmosféricas, por orientação da atual administração.
O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. Se, por um lado o setor de energias renováveis avança rapidamente com aportes de capital do setor privado, o saneamento, que em grande parte ainda depende de recursos públicos, progride lentamente. Para a maior parte dos governos a preservação dos recursos naturais ainda não é prioridade; por uma série de razões. Cria-se, assim, uma grande expectativa em relação aos novos administradores que assumirão o país em 2019. Enquanto isso, o fenômeno climático evolui, e fica evidente de que não é mais possível separar a gestão da economia da dos recursos naturais.
(Imagens: pinturas de Larry Rivers)

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