"Nosso nível ético anda tão baixo, que qualquer conversa política acaba em denúncia." - Millôr Fernandes - A Bíblia do Caos
Como
jornalista e consultor ambiental venho acompanhado o desenvolvimento do setor
da sustentabilidade nos últimos vinte e seis anos. Ao longo deste período
pudemos constatar vários avanços, principalmente com relação às questões
ambientais urbanas. Se, praticamente até os anos 1970 o tema do meio ambiente era
completamente desconhecido do cidadão comum, foi a partir das décadas de 1980 e
1990 que o setor efetivamente tomou impulso com a criação de leis e agências de
controle. Outro aspecto é que nesse período também surgiram as primeiras
ONGs ligadas ao meio ambiente, e o tema passou a fazer parte da política partidária
e da programação das redes de TV.
A
palavra “sustentabilidade” se tornou comum no nosso vocabulário diário a partir
de 1987, quando a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da
ONU, chefiada pela primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, publicou
um documento intitulado Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório
Brundtland. Entre outras coisas, o relatório indicou as diretrizes para o
crescimento da economia mundial no futuro: o desenvolvimento sustentável. Este,
foi definido pelo documento como sendo “o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
suprir suas próprias necessidades”. Ou seja, as atuais gerações não podem impor
à economia mundial um ritmo de crescimento que esgote os recursos naturais –
solo, água, ar, florestas, mares –, tirando o direito das futuras gerações de
disporem da mesma quantidade de recursos.
Para
evitar a exaustão destes bens, a ONU criou diversos acordos internacionais para
reduzir o impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente. Tratado para eliminação
dos gases destruidores da camada de ozônio; acordos para proteger a
biodiversidade e os mares; para a redução das emissões de gases causadores do
efeito estufa, regular o transporte de cargas perigosas; proibir a caça e pesca
de certos animais, são muitos. Enfim, existem diversos pactos estabelecidos
entre todos os países membros da ONU, com o compromisso de reduzir a exploração
excessiva dos recursos do planeta.
Pelos
noticiários, no entanto, fica evidente que apesar de todos os compromissos
assumidos, são diferentes os graus de empenho dos países em reduzirem seus
impactos ambientais. Enquanto grandes poluidores, como a China e a Índia,
começam a fazer investimentos para reduzirem emissões, há outros países que se
tornaram exemplo, como a Alemanha, que até 2020 deverá fechar todas as suas
usinas nucleares. O maior consumidor de recursos, os Estados Unidos, apesar dos
avanços em diversas áreas, está retrocedendo no controle de suas emissões
atmosféricas, por orientação da atual administração.
O
Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. Se, por um lado o setor de
energias renováveis avança rapidamente com aportes de capital do setor privado,
o saneamento, que em grande parte ainda depende de recursos públicos, progride lentamente.
Para a maior parte dos governos a preservação dos recursos naturais ainda não é
prioridade; por uma série de razões. Cria-se, assim, uma grande expectativa em
relação aos novos administradores que assumirão o país em 2019. Enquanto isso,
o fenômeno climático evolui, e fica evidente de que não é mais possível separar
a gestão da economia da dos recursos naturais.
(Imagens: pinturas de Larry Rivers)
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