"Todas as tragédias que se possa imaginar reduzem-se a uma mesma e única tragédia: o transcorrer do tempo." - Simone Weil - Lições de Filosofia
(publicado originalmente no site Web Artigos)
Para
começarmos nossa análise é preciso mencionar que tanto a monografia quanto o
artigo científico são trabalhos monográficos, isto é, monografias; uma forma de
apresentar uma pesquisa realizada cientificamente sobre um único tema
específico. Inclui-se no âmbito do trabalho monográfico o TCC (trabalho de
conclusão de curso) dos cursos de graduação; a monografia e o artigo técnico
dos cursos de pós-graduação lato sensu;
a dissertação das pós-graduações strictu
sensu em mestrado; e a tese das
pós-graduações strictu sensu em
doutorado.
Uma
das principais diferenças apontadas entre a monografia e o trabalho científico
é quanto à abrangência do tema. A principal característica do artigo
científico, em comparação com a monografia, é a concisão, a forma sintética e
objetiva de relatar sobre o tema escolhido. Não se trata, como muitos pensam,
de uma forma mais simples ou superficial de abordar a matéria, ao contrário. O
artigo científico deve explorar o assunto de uma forma clara, aprofundando os
aspectos mais relevantes, proporcionando informação ampla e consistente sobre
aquele limitado tema.
O
trabalho científico é focado na descrição e no estudo de um fato ou aspecto da
realidade, sobre o qual faz um relato científico. Trata-se de um texto curto,
que muitos autores definem como “um artigo científico”. Este trabalho
geralmente não excede as 20 páginas, sendo usualmente publicado em revistas
científicas. Trata-se, portanto, de um estudo elaborado de uma forma resumida,
sobre algum tema científico. Costuma-se dividir os artigos científicos em três
tipos:
a)
Os
artigos de revisão bibliográfica, que se baseiam na análise de referências
teóricas, na forma de fontes bibliográficas. Partindo de uma hipótese e
fundamentando seus raciocínios em fontes bibliográficas, o artigo científico
pode apontar ou elucidar novos aspectos de um determinado tema;
b)
Artigos
originais, que além de se basearem em fontes teóricas (bibliografia) também se
fundamentam em pesquisas práticas, realizadas pelo autor para a elaboração do
artigo;
c)
Artigos
de divulgação que comunicam a um determinado público algo que seja de interesse
do autor do artigo.
A
monografia é um trabalho de formato mais extenso do que o artigo científico,
chegando a 60 páginas, consistindo em uma análise mais aprofundada sobre
determinado assunto, sem, no entanto, deixar de ter um caráter científico.
Quase sempre a monografia é elaborada com base em pesquisa bibliográfica;
raramente em pesquisa original ou estudo experimental (pesquisa de campo). Em
sua forma de apresentação, a monografia tem uma forma mais elaborada,
apresentando elementos pré e pós textuais (tratados logo adiante neste texto),
que não são usados na redação de um artigo científico.
Para
Severino (2002, p. 129):
O termo monografia
designa um tipo especial de trabalho científico. Considera-se monografia aquele
trabalho que reduz sua abordagem a um único assunto, a um único problema, com
um tratamento especificado.
Por isso, o uso deste
termo para designar uma série de trabalhos escolares, ainda que resultantes de
investigação científica testemunha a incorreta generalização do conceito.
Os trabalhos
científicos são monográficos na medida em que satisfazerem à exigência da
especificação, ou seja, na razão direta de um tratamento estruturado de um
único tema, devidamente especificado e limitado.
Definição
conceitual dos elementos da estrutura
Tanto
a monografia quanto o trabalho científico – assim como todo texto argumentativo
que se propõe a demonstrar algo – têm uma estrutura semelhante: introdução,
desenvolvimento e conclusão. Esta estrutura racional de argumentação (cujas
origens estão na lógica aristotélica e na geometria euclidiana, atualizadas
pelo pensamento científico no século XVI-XVII) é basicamente o modus operandi da pesquisa científica. A
partir do Renascimento muitas obras de filosofia, como, por exemplo, a Ética de Spinoza, também adotaram este
formato.
A
estrutura do trabalho monográfico segue de maneira semelhante o próprio
desenrolar da pesquisa científica:
a)
Em uma primeira fase, algum assunto chama a atenção do pesquisador (estudante
ou cientista). Em seguida, o pesquisador começa a coletar dados (bibliografia)
sobre o tema, para formar sua hipótese (esta, em um trabalho monográfico toma a
forma da introdução ou justificativa);
b)
Os dados coletados podem estar disponíveis em teorias científicas já provadas,
em livros ou autores consagrados, que podem servir de base para elaborar novas
hipóteses. Colhido o material (fontes bibliográficas, fatos pesquisados, etc.)
este é usado para se tentar provar determinada hipótese (o desenvolvimento da
monografia ou artigo científico);
c)
A fase final é confrontar a hipótese com os dados empíricos ou outros dados
bibliográficos, para então se formar uma teoria (conclusão) sobre o tema
pesquisado.
Portanto,
guardadas as proporções, uma monografia ou artigo técnico são “singelas
tentativas” de se provar cientificamente – usando uma metodologia científica –
algo sobre um assunto que interessa ao autor. Ou nesse tema chamar a atenção
para aspectos, correlações ou possibilidades novas ou ainda pouco conhecidas.
O
trabalho de expor estas “singelas tentativas” para o público tem que ser
realizado de uma forma sistemática, seguindo uma metodologia clara e, também
aqui, dentro de um raciocínio lógico. Ao longo dos anos, atendendo também a
critérios de praticidade, criaram-se regras para expor estes trabalhos na forma
de trabalhos monográficos, que devem ser elaborados com base em regras
estabelecidas (no caso do Brasil) pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
No
caso elementos pré-textuais, fala-se
basicamente na forma gráfica de apresentação de uma monografia – no que se
refere à parte que antecede o texto em si – de modo a facilitar sua avaliação,
identificar o autor e o objetivo do trabalho e apresentar um resumo deste.
Já
a introdução, a justificativa e os
objetivos fazem parte do cerne do trabalho (os elementos textuais), com os
quais se pretende: a) situar a proposta do texto, o “contexto do texto”
(introdução); b) fundamentar a importância do tema escolhido (justificativa); e
c) estabelecer aquilo que se quer demonstrar ou apontar com a pesquisa.
A
revisão da literatura é a escolha do
material bibliográfico para elaborar a argumentação da pesquisa. Tratam-se das
informações bibliográficas disponíveis, sobre as quais se fundamentará o
desenvolvimento do texto. Quanto mais ampla e específica, tanto melhor poderá
ser a argumentação.
O
cronograma de uma monografia ou
artigo técnico refere-se ao prazo estabelecido para: a) Elaborar a hipótese e
fazer uma primeira avaliação da bibliografia disponível;
b)
Aprofundar a pesquisa bibliográfica (revisão da literatura);
c)
Elaborar o texto;
d)
Revisar o texto;
e)
Preparar a redação final do trabalho, de acordo com as normas ABNT.
Quanto
às referências, estas são
inicialmente poucas. Em uma primeira fase de preparação de um trabalho científico,
o autor tem apenas “uma ideia na cabeça e alguns poucos livros na mão”. No
desenrolar da pesquisa (revisão da literatura) a lista de referências
necessariamente vai crescendo. Ao longo da fase de elaboração do trabalho,
principalmente na fase do desenvolvimento, a lista aumenta mais ainda. É
elaborando a conclusão que o autor – às vezes vendo necessidade de fundamentar
melhor um objetivo a ser provado – ainda incorpora outras fontes
bibliográficas, fechando assim a lista de referências.
Fontes
consultadas:
DOS
SANTOS, LUIS Fernando Amaral. Apostila Metodologia da Pesquisa Científica II.
Faculdade Metodista de Itapeva, 2006. Disponível em <www.metodista.br/.../apostila_metologia_ii.doc>. Acesso em 18/03/2013.
METRING,
Roberte. Artigo ou monografia: qual a diferença? Site Roberte Metring.
Disponível em: <http://blog.psicologoroberte.com.br/2009/07/artigo-ou-monografia-qual-diferenca.html>. Acesso em 18/03/2013.
MORAIS,
Vanessa. Artigo Científico. Site Recanto das Letras. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2077786>. Acesso em 18/03/2013.
SEVERINO,
Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22 ed. São Paulo: Cortez
Editora, 2002.
WIKIPEDIA.
Monografia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Monografia>. Acesso em 18/03/2013.
(Imagens: pinturas de Mikhail Anikeev)
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