Edmundo Moniz
nasceu em Salvador, na Bahia, em 2 de novembro de 1911 e faleceu no Rio de
Janeiro em 1997. Moniz foi jornalista, escritor e pensador trotskista brasileiro.
Edmundo
Moniz era filho do ex-governador da Bahia Antônio Muniz Sodré de Aragão. Pertencia à
família Moniz, linhagem tradicional que possui diversos membros inseridos na
vida política, jurídica e artística brasileira. Alguns dos seus parentes são
Alberto Moniz da Rocha Barros, Luiz Alberto Moniz Bandeira e Niomar Moniz Sodré
Bittencourt.
Edmundo Moniz passou
toda a sua vida pregando a igualdade entre os povos brasileiros, da
América Latina, e as sofridas populações do Terceiro Mundo. Já aos 19 anos ingressara
nos movimentos estudantis, organizando o 1º Congresso Operário-Estudantil – uma
espécie de precursor da Aliança Nacional Libertadora, de 1935. A organização
era formada por Jorge Amado e Carlos Lacerda.
Forma-se
em Direito pela Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Lá, em 1929, começou a
trabalhar nas publicações "A Esquerda" e "A Batalha". Atuava
na redação, reportagem e, inclusive, administração, sempre sob a direção de
Leônidas Resende. Logo em seguida, foi colaborador do "Diário da
Bahia" e, em 1940, ingressou no "Correio da Manhã", participando, ao
mesmo tempo, das revistas "Carioca" e "Vamos Ler", ambas da
empresa "A Noite".
Entre 1945 e 1946, participa da redação do jornal “Vanguarda Socialista”, na companhia da escritora Patrícia Galvão, do escritor e crítico literário Geraldo Ferraz, do crítico de arte Mário Pedrosa e do jornalista e tradutor Hilcar Leite.Moniz. Em 1964, foi redator-chefe do "Correio da Manhã", cargo que cumpre até 1966, também atuando com professor de Filosofia e História. No mesmo período também participa das atividades do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Em 1968, pressionado pela ditadura civil-militar que se implantara no Brasil em 1964, Moniz teve que se exilar, através da embaixada do México no Rio, passando pela Argélia e cumprindo exílio em Paris.
Como
pensador e ativista de esquerda, Moniz tinha ligações com a IV
Internacional e o grupo de Mário Pedrosa.
Publica 15 livros, muitos deles sobre a Guerra de
Canudos, que analisa aplicando aos acontecimentos a “lei do
desenvolvimento desigual e combinado” (ocorrência
simultânea de aspectos avançados e atrasados no processo de desenvolvimento econômico
dos países), elaborada pelo teórico e revolucionário marxista russo Leon Trotski.
A
sua aproximação com o trotskismo deu-se permeada pela relação que cultivou
com Rodolfo
Coutinho, um quadro do Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro
no qual Edmundo atuava enquanto era estudante de Direito na Universidade do
Brasil no Rio de Janeiro. Logo depois, aproximou-se de Mario Pedrosa, com quem
estabeleceu amizade e realizou alguns projetos. Ambos estiveram envolvidos no
debate e na divulgação sobre as conexões entre surrealismo e marxismo. Com esse
interesse, publicaram no “Vanguarda Socialista” em 1946 o manifesto,
“Por uma arte revolucionária independente”, que Leon Trotsky e André
Breton tinham redigido no México no final da década de 1930 como uma resposta a
imposição soviética do realismo socialista.
Moniz
também foi diretor do extinto Serviço Nacional de Teatro (SNT),
durante a presidência de Juscelino Kubitschek e João Goulart,
trabalhando com o crítico de teatro e teórico Sábato
Magaldi, representante do órgão em São Paulo.
Integrou a redação do “Jornal Correio da Manhã”, junto com expoentes do jornalismo e da literatura brasileira como Antônio Callado, Paulo Francis, Otto Maria Carpeaux, Hermano Alves, Carlos Heitor Cony e Márcio Moreira Alves, tendo participado da redação dos polêmicos editoriais de 31 Março e 10 de Abril de 1964; respectivamente: “Basta!” e “Fora!”, publicados no Correio da Manhã na antessala do golpe de 1964 e que pediam a renúncia do presidente João Goulart.
Retornando de seu exílio em 1976, filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), legenda que seu sobrinho, Luiz Alberto Moniz Bandeira, ajudou a fundar e estava plenamente envolvido. Durante o primeiro mandato de Leonel Brizola como governador do Estado do Rio de Janeiro, Edmundo assumiu como Subsecretário da Cultura na secretaria de Darcy Ribeiro, ficando no cargo de 1983 a 1986. Após essa passagem no serviço público, Edmundo teve uma vida mais reclusa. Tentou, sem êxito, ingressar na Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1992, em disputando a vaga com seu antigo chefe Darcy Ribeiro.
Edmundo Moniz faleceu no Rio de Janeiro, em 23 de
janeiro de 1997.
Obras
As Mulheres Proibidas - o Incesto em Eça
de Queiroz, José Olympio, 1993; A
Originalidade das Revoluções, Espaço e Tempo, 1987; O Golpe de Abril. Civilização Brasileira, 1965; O Espírito das Épocas. Dialética da Ficção,
Elo, 1994 (1950); Canudos A
Luta Pela Terra. Ed. Gaia / Global, 2001; A Guerra Social de Canudos.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. Rio de Janeiro: Elo, 1987; D.João e o Surrealismo. Mec, 1960; Teatro.
Branca de Neve. A Vila de Prata.
Egléia. Livraria São José, 1960; Francisco Alves de Oliveira (Livreiro e Autor).
RJ: Academia Brasileira de Letras, 2009; A Lei de Seguranca Nacional e a Justica
Militar. Editora: Codecri, 1984; Trotski,
Leon. Da Noruega ao México: Memórias. Rio de Janeiro: Epasa, [s.d.]. 486 p.
(Tradução de Edmundo Moniz); Bertolt
Brecht Antologia Poética / o Processo de Lucullus.
Elo,1982 (trecho em
Bertolt Brecht – Uma Breve Biografia (1898-1956)) (Tradução de
Edmundo Moniz); Poemas da Liberdade uma
Antologia Poética de Dante a Brecht. Civilização Brasileira, 1967; Surrealismo e política. In: FACIOLI,
Valentin (Org.). Breton-Trotsky:
Por uma arte revolucionária independente. São Paulo: Paz e Terra; Cemap,
1985
Frases
de Edmundo Moniz
“A historiografia oficial procura sempre
diminuir o papel dos lideres populares quando eles desagradam as classes
possuidoras.”
“A republica constituiu, para país um
progresso econômico, social e político, mas não atendeu aos interesses dos
camponeses, desde que os conservava na mesma situação em que viviam na monarquia.”
“Destruída a cidade, começou então a matança
dos remanescentes de Canudos, mesmo daqueles que as autoridades militares se
comprometeram formalmente a poupar a vida quando aceitaram a rendição. Antes
do término da guerra, já se estabelecera a gravata vermelha que significava o
degolamento dos sertanejos aprisionados. Agora, porém, a matança era em massa,
sendo degolados.”
“Machado de Assis compreendeu melhor a
personalidade de Antônio Conselheiro e o significado de seu movimento do que a
maioria de seus contemporâneos.”
“Se a republica iniciasse a reforma agrária não
haveria Canudos. Antônio Conselheiro, na realidade, não era um anti-republicano,
porque seu movimento antecedia a republica. Desde 1874 Antônio ConseIheiro
percorria o sertão pregando nas aldeias.
Foi durante a monarquia que o prenderam e o espancaram duramente. Seu movimento
de tendência socialista estava além da monarquia e da republica.”
“A imagem de Antônio ConseIheiro, mais viva do que nunca, permanece como a grande ameaça que pesou sobre os grandes proprietários territoriais. Os sertanejos o recordam esperançosamente, como se ele estivesse para ressurgir com sua túnica azul e seu cajado, em frente dos camponeses em armas.”
(Fontes consultadas: Wikipedia; Site do Dicionário biográfico de Las izquierdas latino-americanas; Site Pátria Latina; Livro “Canudos: A luta pela terra”).
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