Fernando de Azevedo (1894-1974) foi um educador, professor, jornalista, administrador, ensaísta e sociólogo brasileiro. Nascido em São Gonçalo do Sapucaí, Minas Gerais, em 2 de abril de 1894, era filho de Francisco Eugênio de Azevedo e de Sara Lemos Azevedo.
Iniciou
seus estudos no colégio particular Francisco Lentz em sua cidade natal. Em
1903, aos oito anos de idade, ingressou no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo.
Em 1908, ingressou na Companhia de Jesus, internato masculino
dirigido por padres jesuítas, em Campanha, sob orientação do padre Leonel Franca,
onde realizou diversos estudos, entre eles Literatura Latina e Grega,
Filosofia, Análise Matemática e Poética. Na Companhia, teve suas primeiras
experiências como educador ao substituir os professores da instituição no Colégio São Luís, em Itu. Percebeu ser o
magistério a sua vocação, renunciando, assim, no ano de 1914, ao desejo inicial
de uma vida religiosa. Depois de renunciar ao sacerdócio, formou-se em direito
pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e dedicando-se em seguida ao
magistério.
Entre
1914 e 1926 Fernando de Azevedo exerceu diversos cargos na área do magistério,
ensinando matérias como psicologia, latim, literatura, entre outras nas cidades
de Belo Horizonte e São Paulo. Em 1926 passou a exercer o cargo de diretor
geral da Instrução Pública do Rio de Janeiro e em 1930 participou da criação do
Ministério da Educação – na época Ministério da Educação e Saúde. Logo em
seguida, dá início às primeiras reformas na educação brasileira.
Tendo
sido um dos redatores do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, em 1932,
defendia uma nova política educacional. A educação, segundo os signatários do
manifesto, era um direito do cidadão e um dever do Estado. Atuando em diversas
áreas e iniciativas relacionadas com a educação e a cultura, Azevedo foi membro
da comissão organizadora da Universidade de São Paulo, onde ingressou como
professor em 1934, criando o Instituto de Educação, destinado à formação de
professores a nível universitário.
Na
Universidade de São Paulo (USP) Azevedo ocupou em 1941 a cadeira de sociologia
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na Universidade de São Paulo,
assumindo a direção da faculdade em 1942. Em 1947 foi nomeado Secretário de
Educação e Cultura do Estado de São Paulo. Foi também presidente da Sociedade
Brasileira de Sociologia e presidente da Associação Brasileira de Escritores
(seção de São Paulo).
A trajetória
jornalística de Fernando de Azevedo teve início em 1917, quando começou a escrever
para o jornal “Correio Paulistano” até 1922. Em seguida, começou a atuar no ”O Estado de S. Paulo”, onde ocupou os
cargos de redator e crítico literário.
Em
1961, durante a ditadura militar, em defesa da educação, Fernando de Azevedo
redigiu um manifesto contra a prisão de professores da USP, entre eles Fernando
Henrique Cardoso e Florestan Fernandes.
Um
dos grandes expoentes do movimento da “Escola Nova”, Azevedo participou
intensamente do processo de formação da universidade brasileira, em busca de
uma educação de qualidade. Por sua atividade como intelectual e escritor, foi
eleito em 1967 para a cadeira n.º 14 da Academia Brasileira de Letras, tendo
também pertencido à Academia Paulista de Letras.
Fernando
de Azevedo faleceu em São Paulo, São Paulo, no dia 18 de setembro de 1974.
Dentre
as obras de Fernando de Azevedo, destacam-se: Novos Caminhos e Novos Fins (1922); Princípios de Sociologia (1935); A Educação e Seus Problemas (1937); Sociologia Educacional (1940); A
Cultura Brasileira, Introdução ao Estudo da Cultura no Brasil (1943); As Universidades no Mundo do Futuro (1947);
Canaviais e Engenhos na Vida Política do
Brasil (1948); Um Trem Corre Para o
Oeste (1950); Na Batalha do Humanismo
(1952); A Educação Entre Dois Mundos (1958).
Frases
de Fernando de Azevedo:
“Nessa
superficialidade de cultura, fácil e apressada, de autodidatas, cujas opiniões
se mantêm prisioneiras de sistemas ou se matizam das tonalidades das mais
variadas doutrinas, se tem de buscar as causas profundas da estreiteza e da
flutuação dos espíritos e da indisciplina mental, quase anárquica, que
revelamos em face de todos os problemas.” (A reconstrução educacional do
Brasil);
“É por
isso que pensadores, ensaístas, romancistas e poetas são, em geral, dentre os
intelectuais, os mais suspeitos às ditaduras que procuram sempre, senão
reduzi-los ao silêncio, cortar-lhes os caminhos que possam levar à propagação
de suas ideias.” (Discurso de posse na ABL);
“Se
fosse dado ao homem escolher o tempo em que gostaria de viver, seria o de minha
eleição, ou preferência, este mesmo que estou vivendo, no crepúsculo vespertino
de uma civilização e na madrugada de outra que já aponta no horizonte,
carregado de nuvens, mas também de clarões de paz, renovação e esperança.”
(Discurso de posse na ABL);
“Se
na ordem do dia está realmente uma política de reconstrução nacional, não é
perseguindo, por suas ideias, professores, cientistas, escritores e artistas,
não é humilhando-os nem mantendo-os sob constantes ameaças que se conseguirá
promovê-la, sejam quais forem as forças materiais com que possam contar. Pois o
que reside à base e é fator preponderante dessa reconstrução em qualquer de
seus setores é a educação, a ciência e a cultura.” (Manifesto contra a prisão
de intelectuais em 1964);
“Os
problemas relativos ao ensino e à educação foram se agravando a tal ponto que
não vejo, para resolvê-los senão a solução revolucionária. Ou uma solução a
longo prazo.” (Declaração ao jornal Diário de São Paulo em 2/7/1968);
“Uma
hora de síntese, como já se escreveu, supõe anos de análise; e a síntese ganha
certamente vigor e precisão à medida que se desceu mais profundamente na
sondagem dos acontecimentos, remontando até às suas causas e descendo até às
suas consequências.” (Da introdução de Cultura Brasileira).
Fontes consultadas: eBiografia – Dilva Frazão; Wikipedia; Academia Brasileira de Letras; Site Filosofia da Educação – Tese de Raquel Discini de Campos e Norma Discini; Livro: Cultura Brasileira)
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