Mário Xavier de Andrade Pedrosa nasceu em Timbaúba (PE) em 25
de abril de 1900 e faleceu no Rio de Janeiro em 1981. Era filho de Pedro da Cunha Pedrosa, que foi senador e ex-ministro
do Tribunal de Contas da União (TCU).
Em
1913 foi enviado pela família a estudar na Suíça, para a cidade de Lausanne
para o Instituto Quinche, no qual permanecer até 1916. De volta ao Brasil,
fixou residência no Rio de Janeiro, então a capital do país, para estudar
Direito na Faculdade Nacional de Direito (FND)
instituição vinculada a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Foi durante este período que teve contatos com
o marxismo, em um grupo de estudos organizado pelo professor da instituição,
Edgardo de Castro Rebello. Pedrosa formou-se em Direito no ano de 1923.
Mudou-se
para São Paulo, onde trabalhou como redator de política internacional do jornal
“Diário da Noite”, além de escrever artigos sobre crítica literária. Em 1926
filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). No início de 1927 desiste de um
emprego público de agente fiscal do estado da Paraíba, voltando para São Paulo,
onde assume a coordenação local da Organização Internacional para Apoio a Revolucionários
(Socorro Vermelho). A instituição havia sido fundada pela Internacional
Comunista em 1922, para fornecer auxílio material e apoio moral a comunistas
presos em todo o mundo.
Ainda
em 1927, viajou para a Europa com destino a Moscou, recomendado pelo PCB, onde
cursaria a Escola Leninista Internacional. No caminho adoeceu na Alemanha, onde
no período de convalescença fez cursos de filosofia, estética e sociologia na
Universidade Humboldt, em Berlim. Em 1929 volta ao Brasil e retoma suas
atividades.
Junto
com outros intelectuais filiados a PCB, como o professor e ativista Rodolfo
Coutinho e o jornalista e tradutor Lívio Xavier, Mario Pedrosa passa a exercer críticas
a certas diretrizes adotadas pelo PCB. Assim, logo depois de seu retorno ao
Brasil, foi expulso do partido por ligação com o movimento trotskista (de Leon
Trostsky, dissidente do regime stalinista da União Soviética). A partir deste
período Pedrosa passa a participar ativamente na Oposição de Esquerda
Internacional.
Em
1935 transfere-se para o Rio de Janeiro com sua companheira Mary Houston, apoiando
clandestinamente a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Assim,
com o fracasso da Intentona Comunista de 1935, passa a ser
procurado pela polícia política. Permanece na clandestinidade e no final de
1937 vai para a França, onde participa, em setembro de 1938, da reunião de
fundação da IV Internacional, em Paris.
Em outubro
de 1940 inicia sua viagem de retorno ao Brasil, durante a qual passou
pelo Peru, Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai. Chega
ao Rio de Janeiro em 26 de fevereiro de 1941, sendo preso a 3 de março. Foi
solto sob a condição de embarcar imediatamente para os Estados
Unidos. Retornaria ao país em 1945, quando fundaria o jornal
"Vanguarda Socialista", que circularia até 1948. Paralelamente
Pedrosa torna-se crítico de arte do “Correio da Manhã” (1945-1951),
transferindo-se posteriormente para o jornal paulista “O Estado de S. Paulo” (1951-1956), “Tribuna da Imprensa” (1951-1956), “Jornal do
Brasil” (1957-1961), voltando novamente ao “Correio da Manhã” (1966-1968). Nunca,
porém, abandonou a militância política, que sempre conciliou com sua atividade
jornalística.
Adere
ao Partido Socialista Brasileiro (PSB),
no qual permaneceria até
1965, quando, em decorrência da extinção do PSB, ingressou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Em julho de 1970, quando foi decretada sua prisão preventiva, refugia-se na
Embaixada do Chile, onde aguardou durante três meses a expedição de
salvo-conduto para viajar para aquele país. Com o golpe militar no Chile,
Pedrosa exila-se na França, em 1973. Volta ao Brasil em 1977, quando passa a
acompanhar o ressurgimento das lutas sindicais no ABCD paulista. Em
agosto de 1978 publica o artigo Carta a
um Operário, dirigida a Luiz Inácio da Silva, na qual sugeria a
formação de um Partido dos Trabalhadores.
Em
suas atividades como crítico de arte, destaca-se como diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM),
colaborando na criação do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR),
com papel destacado no surgimento do movimento concretista nesta
cidade. Foi curador da II Bienal Internacional de Arte de São
Paulo (1953) e secretário-geral da IV Bienal Internacional de
Arte de São Paulo (1957),
organizou o Congresso Internacional dos Críticos de Arte (1959) sobre a cidade
de Brasília. Também
foi vice-presidente da Associação Internacional de Críticos
de Arte (AICA) entre os anos de 1957 e 1970 e presidente
da Associação Brasileira de Críticos de
Arte (ABCA) em 1962, além de ter sido membro do júri de várias
bienais de artes plásticas em todo mundo.
Mário
Pedrosa além de incentivador do movimento concretista e da poesia
concreta, tendo escrito textos teóricos sobre o novo movimento
literário e sido um dos primeiros apoiadores deste movimento, foi mentor e porta-voz
da vanguarda carioca
do neoconcretismo.
Pedrosa
morreu na madrugada do dia de 5 de novembro de 1981, aos 81 anos, em sua
residência no bairro de Ipanema, no Rio de
Janeiro vitimado por um câncer.
Principais
obras de Mario Pedrosa:
Arte: Necessidade Vital (1949); Panorama
da Pintura Moderna (1952); Crescimento e Criação (com Ivan Serpa) (1954); Dimensões
da Arte (1962); A Opção Brasileira (1966); A Opção Imperialista (1966); Arte
Brasileira Hoje (Com Aracy Amaral, Mário Schenberg, ... [et al.] e coordenação
geral de Ferreira Gullar) (1973); Calder (Paris, Maeght éditeur) (1975); Mundo,
Homem, Arte em Crise (org. Aracy Amaral) (1975); Arte, Forma e Personalidade (1979);
A Crise Mundial do Imperialismo e Rosa Luxemburgo (1979); Sobre o Partido dos
Trabalhadores (1980); Dos Murais de Portinari aos Espaços de Brasília (org.
Aracy Amaral)(1981); Política das Artes. Textos Escolhidos (1995); Forma e
Percepção Estética. Textos Escolhidos II. (org. Otília Arantes).(1996); Acadêmicos
e Modernos. Textos Escolhidos III. (org. Otília Arantes) (1998); Modernidade Cá
e Lá. Textos Escolhidos IV. (org. Otília Arantes) (2000); Arquitetura - Ensaios
críticos (org. Guilherme Wisnik) (2015); Arte – Ensaios (Organização: Lorenzo
Mammì) (2015).
Frases
de Mario Pedrosa
“As ideias políticas revolucionárias vieram à
tona com a crise das instituições e a crise econômica do café que deram por um
momento, sobretudo em São Paulo, ligeiros sintomas de vacância de poder.
Osvaldo de Andrade, numa profissão de fé comunista, rompeu com a própria
classe, a aristocracia do café, vencida e decadente, convertido por um momento
à ideologia do Partido Comunista de então e à revolução proletária. Ao lado e
em oposição à Sociedade Paulista de Arte Moderna, fundada por antigos
promotores da Semana, já agora acusados de grã-finos, aristocratas e
reacionários, lança-se o Clube de Arte Moderna. Flávio de Carvalho, seu
organizador e animador, intelectual de alta têmpera, artista de múltiplas
possibilidades, rico e desabusado (...) enche o meio paulistano com os ecos de
suas atividades e seus desafios. (...) O ambiente de alta tensão social e de
crise institucional não permitia mais as explosões puramente estéticas ou
culturais da Semana.”
“Sob esse critério é que devemos olhar para
nossa arquitetura, nossas artes. No Brasil, tivemos primeiro a importação de uma
cultura universal, ou pelo menos ocidental, através dos padres e
mestres-de-obras da era colonial que para cá vieram, embebidos do barroquismo
predominante num Portugal insular. Nas vésperas da Independência, tivemos a
introdução de outra cultura ocidental, foi decisivamente a linguagem
internacional no século XVIII - o neoclassicismo. Se tivemos tempo de
desenvolver certo regionalismo com o barroco português em Minas e Bahia, não
tivemos tempo de desenvolver nenhum outro regionalismo com as lições acadêmicas do neoclassicismo. O
reviva! colonialista foi um movimento estreito e artificial, de curtíssima
duração, embora revelasse certa inquietação em face dos problemas de
aculturação de formas arquitetônicas trazidas de fora. Depois, tivemos a
importação dos princípios racionalistas da arquitetura dita moderna,
antidecorativa, antiacadêmica. Sob a bandeira do funcional, acima de tudo,
adotamos então o novo internacionalismo arquitetônico que domina o mundo. “
“O Brasil é, assim, o único país do mundo que
reconhece, oficialmente, a existência de duas espécies de arte, uma
''acadêmica" ou "clássica" e outra "moderna'', e
salomonicamente protege as duas, estimula as duas, não de cambulhada, o que
seria mais natural, já que não compete ao Estado distinguir artes e muito menos
institucionalizar diferenças, espécies, escolas. Temos, pois, todos os anos
dois salões nacionais, oficiais, com os mesmos regulamentos e prêmios, um a
funcionar como o duplo do outro. O exercício do sistema já criou mesmo a
aberração de na prática ter feito desaparecer a diferença (qualitativa ou
estética) entre uma arte e a outra. Como? Permitindo a um participante do salão
acadêmico, já isento de júri, no dia seguinte apresentar-se ao salão "moderno"
e ganhar neste o grande prêmio de viagem cobiçado. Assim, reconhece-se
oficialmente a possibilidade de um sujeito, já consagrado como artista
"acadêmico" ou "clássico" ser meses depois consagrado como
artista ''moderno'' no salão destinado à tal arte moderna.”
“O capitalismo brasileiro, nascido e
crescendo às custas das crises internacionais e internas, aproveitadas para
proteções, estímulos, intervenções e numa deliberada política de favores aos
grupos industriais brasileiros, e improvisações que permitiam de vez por outra
bom es- paço a manobras, golpes de audácia e iniciativas dos melhores ou mais
representativos dos capitães de indústria e empresários de seu terreiro,
estranhou o rigorismo ortodoxo com que o quiseram enquadrar os novos governantes.
A política oficial acabou na sua luta ingrata contra a inflação e pela
estabilização monetária, por submeter empresários, banqueiros e manipuladores
de capitais brasileiros à seguinte alternativa: contenham preços, disciplinem
lucros, canalizem recursos, obedeçam aos contingenciamentos inevitáveis, cortem
salários, racionalizem as atividades, obtenham a “produtividade” seja lá como for,
sob pena de desaparecer para deixar o campo livre aos monopólios e trustes
estrangeiros poderosamente armados e ricos, principalmente controlados pelas
grandes corporações americanas. “
“Ser revolucionário é a profissão natural de
um intelectual”
“Arte é o exercício experimental da liberdade.”
“Vivi uma vida acordado para muitas coisas.”
(Fontes: Site Jacobini; Wikipedia; Open Edition Books; Livro “Mundo, Homem Arte em Crise”, Livro “A opção brasileira”; Site Outras Palavras; Site Folha de São Paulo (19/10/1988); Site Mario Pedrosa; Site O Pensador)
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