Outras leituras

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

 

“Segundo Nietzsche, porém, esta é a raiz de um erro fundamental. Associa racionalmente o fato ao valor ou significado; mas os factos não têm mais significado do que uma pedra numa montanha ou um ruído isolado. Quanto à natureza, ela não tem sentido, mas oferece a possibilidade de inúmeros significados, numa mistura de crueldade e generosidade, alegria e sofrimento, prazer e dor – uma mistura sem nome. O ‘homem’, por escolha, confere um sentido à natureza, à vida natural, às coisas da natureza. O ‘homem’ não é um ‘ser’ que questiona incessantemente o mundo e a si mesmo, mas um ser que cria significados e valores – o que ele faz assim que nomeia as coisas, avaliando-as ao falar delas. Muito provavelmente, só existem factos e coisas para e por essa avaliação. O conhecimento contribui com um valor, dá significado aos objetos e às coisas? Não, diz Nietzsche contra Hegel. Na verdade, como conhecimento ‘puro’ e abstrato, despoja o mundo de significado. Quanto ao trabalho, Nietzsche concorda com Marx que ele tem e dá sentido e valor, mas não o trabalho que fabrica produtos, apenas o trabalho que é criativo.”

 

Henry Lefebvre (1901-1991) filósofo e sociólogo francês em Hegel, Marx e Nietzsche

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