“Segundo
Nietzsche, porém, esta é a raiz de um erro fundamental. Associa racionalmente o
fato ao valor ou significado; mas os factos não têm mais significado do que uma
pedra numa montanha ou um ruído isolado. Quanto à natureza, ela não tem
sentido, mas oferece a possibilidade de inúmeros significados, numa mistura de
crueldade e generosidade, alegria e sofrimento, prazer e dor – uma mistura sem
nome. O ‘homem’, por escolha, confere um sentido à natureza, à vida natural, às
coisas da natureza. O ‘homem’ não é um ‘ser’ que questiona incessantemente o
mundo e a si mesmo, mas um ser que cria significados e valores – o que ele faz
assim que nomeia as coisas, avaliando-as ao falar delas. Muito provavelmente,
só existem factos e coisas para e por essa avaliação. O conhecimento contribui
com um valor, dá significado aos objetos e às coisas? Não, diz Nietzsche contra
Hegel. Na verdade, como conhecimento ‘puro’ e abstrato, despoja o mundo de
significado. Quanto ao trabalho, Nietzsche concorda com Marx que ele tem e dá
sentido e valor, mas não o trabalho que fabrica produtos, apenas o trabalho que
é criativo.”
Henry Lefebvre (1901-1991) filósofo e sociólogo francês em Hegel, Marx e Nietzsche
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