“Sem
distorcer o mundo social, as classes dirigentes não podem fazer o trabalho sujo
de se apropriar da riqueza social. Daí que os intelectuais e a imprensa façam,
hoje em dia, o trabalho que os jagunços faziam – e ainda fazem – para os
latifundiários do passado: facilitar, por meio da violência, a apropriação da
riqueza coletiva.
A
diferença é que a eliminação física foi substituída – desde que não se seja
pobre ou negro – pelo sequestro da inteligência e da capacidade reflexiva dos
homens e mulheres comuns, sob a forma de ideias que nos manipulam e nos
fragilizam e tornam nosso comportamento prático hesitante e confuso. Afinal,
nossa principal diferença em relação aos animais é o fato de nosso
comportamento ser possibilitado e influenciado por ideias. É isso que permite
que possamos aprender, desde que nos interroguemos acerca das ideias que
influenciam nosso comportamento real e cotidiano.” (Souza, p. 49-50)
Jessé
Souza, A classe média no espelho – Sua
história, seus sonhos e ilusões, sua realidade
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