“Freud
não estava interessado em se submeter a uma ordem extra-humana, natural ou
divina. Recusava as consolações dos estoicos, assim como as oferecidas pelos
cristãos e seus discípulos, os humanistas que acreditam no progresso. Freud
aceitava o caos como algo final, e nesse sentido era moderno. Ao mesmo tempo, é
evidente sua distância em relação aos ideais modernos. Considera-se em geral
que a psicanálise promove a autonomia pessoal, quando o contrário está mais
próximo da verdade. Fazendo eco à crença cristã no livre-arbítrio, os
humanistas sustentam que os seres humanos são – ou podem vir a tornar-se um dia
– livres para escolher sua vida. Esquecem que o eu que faz a escolha não foi
ele próprio escolhido.” (Gray, pág 63)
John
Gray, O silêncios dos animais
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