A pandemia nas letras e na realidade
Todo
acontecimento digno de nota em uma sociedade é tema para os historiadores. A
partir de um fato como um crime político, uma guerra, uma reforma econômica,
uma epidemia ou um acidente de grandes proporções, o estudioso procura-lhe as
causas e consequências. Analisa suas implicações em outros fatos, os
envolvidos, descobrindo e esclarecendo intenções e interesses de pessoas e
grupos, por trás do ocorrido. O fato é apresentado dentro de um ambiente social,
político e econômico, específico de um determinado momento da história, o que
permite entendermos sua origem e desenvolvimento.
Foi
assim que os historiadores, sociólogos e escritores estudaram as epidemias e as
pandemias ocorridas ao longo da história da humanidade, principalmente no
Ocidente a partir da Idade Média, dada a dificuldade de se obter informações
sobre tais acontecimentos em outras partes do globo. Baseados nas informações
obtidas de diversas fontes sobre estes surtos de doenças, suas origens e
consequências econômicas, sociais, políticas e culturais, os autores
construíram relatos, verdadeiros ou fictícios, descrevendo como sociedades e
pessoas reagiram a estas ameaças.
Assim,
são numerosos as publicações tratando do tema, nas listas dos livros mais lidos
e nos novos lançamentos. Textos abordando o surto de sarampo entre os índios
americanos e sobre a peste bubônica em uma aldeia da Toscana, ambos ambientados
no século XVII; outra obra estudando a origem da malária na África; os quase
100 milhões de mortos com a Gripe Espanhola entre 1918/1919; e a disseminação
da febre amarela nos Estados Unidos em meados do séculos XIX. Todos livros em
inglês, ainda não disponíveis no Brasil. Em todos os mais importantes sites de
literatura americanos, encontra-se uma lista dos sete ou dez mais importantes
livros sobre epidemias a ler durante a quarentena – apesar da crise econômica
também afetar os Estados Unidos, o americano médio ainda tem condições de
manter um relativo isolamento e ainda sobra dinheiro e tempo para os livros.
Aqui
no Brasil os sites especializados em literatura indicam, por exemplo, O Diário do Ano da Peste de Daniel Defoe
(1660-1731), novela que retrata a peste bubônica que assolou a cidade de
Londres de 1665 a 1666, matando um quarto da população, e o romance A Peste do escritor e filósofo Albert
Camus. Gabriel García Márquez, com seu O
Amor nos Tempos de Cólera e o Ensaio
sobre a Cegueira de José Saramago também são lembrados. Com uma pesquisa na
internet é possível encontrar diversos livros que tratam das epidemias sob
aspectos históricos, científicos e literários. A rede também dispõe de uma
série de textos informativos – de nível jornalístico e científico –, com
informações e conhecimento detalhados a respeitos da pandemia que afeta o mundo
e o Brasil.
Informação e conhecimento são importantes em momentos históricos como o que vivemos. Capacitam a população a entender o fato; suas origens e as consequências que terão para a vida individual e da sociedade. Permitem compreender como chegamos às condições históricas nas quais nos encontramos – o aqui e o agora – e o que é necessário fazer para que possamos avançar.
(Imagem: gravura retratando C. G. Lichtenberg)
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