"Não é a consciência dos homens que determina sua existência, é, ao contrário, sua existência social que determina sua consciência." - Karl Marx - Obras econômicas
“Os homens, na sua imensa maioria, somente
possuem opiniões coletivas. Os mais independentes professam, em geral, as
opiniões dos grupos sociais a que pertencem.” (Le Bon, pág. 195)
“O meio social exerce nas nossas opiniões e
na nossa maneira de proceder uma ação intensa. A despeito de nossa vontade, ele
determina inferências inconscientes, que sempre nos dominam. Os livros, os
jornais, as discussões, os acontecimentos de uma época criam um ambiente que,
embora invisível, nos orienta.” (Le Bon, pág. 198)
Uma
das narrativas mais comuns sobre a política no Brasil, profundamente entranhada
na mentalidade popular, é a de que a corrupção, praticada por políticos
desonestos, é a origem de grande parte das dificuldades dos país. Corolário desta
premissa é de que o povo não sabe votar, já que escolhe os candidatos errados
para ocuparem os cargos públicos. Esta é a razão, segundo senso comum
amplamente difundido entre a população, pela qual o país parece não se
desenvolver, apesar de seu enorme potencial. A premissa é afirmada e repetida
por gente do povo comum, por empresários, analistas de todos os tipos, pela
mídia em geral e, principalmente, pela classe média. Escreve o sociólogo e
ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Jessé Souza em
seu livro A classe média no espelho:
“Para a classe média, o tema da moralidade,
que lhe permite se ver como mais virtuosa do que a elite e o povo, torna-se
mais evidente em função da maior ou menor sensibilidade à questão da corrupção
restrita ao Estado. Agora, há boas razões para se odiar e desprezar o povo:
afinal, é graças à suposta conivência deste que existem líderes populistas
corruptos e inescrupulosos. A preservação do abismo social da desigualdade mais
injusta pode ser agora moralizada e justificada.” (Souza, págs. 121-122)
Mas
será que a história é tão simples assim? Bastaria acabar com a corrupção, o
suborno, a extorsão, o fisiologismo, o clientelismo, o nepotismo, o peculato e
o tráfico de influência, entre outros, para que o país se desenvolvesse,
proporcionando uma vida digna a todos os seus cidadãos? Será que os países mais
desenvolvidos conseguiram, ao longo de suas histórias, eliminar quase completamente
a fraude e a desonestidade na administração pública, sendo esta a causa de seu
sucesso econômico e social?
Neste
artigo tentaremos mostrar que a assim chamada corrupção, a rapina, o saque dos
recursos públicos, acontece de uma maneira muito mais ampla do que usualmente
se propagandeia, envolvendo valores mais vultuosos, sendo praticada por métodos
quase sempre legais ou legalizados, mas não necessariamente éticos. Aqueles que
se beneficiam desta apropriação legalizada dos recursos do país, evidentemente
têm o maior interesse em que a narrativa simplória sobre corrupção no Brasil permaneça,
e para isso contam com a colaboração inocente ou não de diversos segmentos da
sociedade.
Neste
ponto do texto convêm esclarecer a maneira como pretendo tratar a expressão
“corrupção”. Qualquer governo, seja em que período histórico for, atua com base
em recursos obtidos da sociedade que administra. Estes fundos são os impostos
pagos em dinheiro ou em produtos (alimentos, madeira, metais, etc., nas
sociedades pré-industriais) pelo cidadão ao Estado. Simplificando, é através da
arrecadação destes tributos que o administrador – seja ele um rei, ministro,
presidente ou uma junta governamental – realiza as obras públicas necessárias
no país, paga os salários dos funcionários públicos de todo tipo e,
eventualmente, propicia outros benefícios ao povo. Os impostos pagos ao governo
são fixados com antecedência e resultam de negociações entre os grupos sociais
que detêm o poder: o rei e sua família; o rei e outros nobres; um governante e
grupos econômicos que o apoiam; um governante e um parlamento eleito pelo povo;
etc. As soluções encontradas ao longo da história foram as mais diversas,
dependendo do regime político. Mas o objetivo é sempre o de arrecadar fundos
para que o governo possa atuar.
Como
exemplo disso, pode-se tomar a ascensão da burguesia comercial e industrial na
civilização ocidental. Os primórdios deste processo situam-se no século XVII,
com a Revolução Gloriosa (1688), na Inglaterra, e no século XVIII com a
Revolução Francesa (1689), quando a classe burguesa começa a participar dos
governos, competindo com a nobreza. A burguesia ascende economicamente e
socialmente e passa a dominar a política de países europeus – movimento que
durante o século XIX se estenderia à maior parte das nações ocidentais. Com
isso, os parlamentos destes países, compostos por representantes oriundos da
burguesia ou alinhados aos seus interesses, votam leis que atendam aos
interesses econômicos desta classe, em suas diversas áreas de atuação
econômica. No Brasil, desde a Independência, o processo foi semelhante. No
período imperial e na república, a política foi o domínio dos grupos
economicamente hegemônicos; primeiro a elite cafeeira (século XIX até 1930),
posteriormente a industrial (1930-1980) e atualmente a financeira. As leis aprovadas
pelos diversos parlamentos ao longo dos últimos 200 anos da história brasileira,
atendem primordialmente os interesses dos grupos econômicos dominantes, os
quais também dominam a máquina do Estado. Sobre isso escreve o jurista,
sociólogo e historiador Raymundo Faoro em sua obra Os donos do poder:
“A comunidade política conduz, comanda,
supervisiona os negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios
públicos depois, em linhas gerais que se demarcam gradualmente. O súdito, a
sociedade, se compreendem no âmbito de um aparelhamento a explorar, a
manipular, a tosquiar nos casos extremos. Dessa realidade se projeta, em
florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de
domínio: o patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo –
assim é, porque sempre foi.” (Faoro pág. 363)
Historicamente
sempre foram poucos os parlamentares alinhados com os interesses das camadas
pobres da população. Por diversas razões, era difícil que tais pessoas tivessem
recursos suficientes para se elegerem em grande número, de modo a fazerem
diferença no Legislativo. Já parlamentares prontos a defenderem os interesses das
categorias econômicas mais poderosas, como por exemplo o setor agropecuário,
bancário, industrial, religioso, etc., obtêm apoio financeiro e estratégico em
suas campanhas políticas. Entende-se, assim, por que os temas de interesse da maior
parte da população, os pobres, remediados e as baixas classes médias, são menos
discutidos e aprovados no Parlamento, enquanto as pautas de interesse do poder
econômico são apresentadas como as únicas verdadeiramente importantes para o
país. Esta prática faz com que os recursos arrecadados pelo Estado, sejam
prioritariamente alocadas nas “pautas de interesse nacional”; leia-se aquelas de
interesse dos grupos economicamente dominantes. Foram poucas as vezes na
história brasileira em que se formaram Congressos com participação significativa
de políticos empenhados na defesa das causas populares. Dada esta situação,
cabe perguntar se o domínio classista na política, a apropriação dos recursos
de toda a sociedade por uma parte dela, não pode também ser chamado de
corrupção. Desenvolveremos este ponto de vista com mais detalhes adiante no
texto.
Voltaremos
ao tema da corrupção como ela é usualmente apresentada. Os meios de
comunicação, geralmente, fazem pouca referência à corrupção em outros países.
Os livros de história, igualmente, quando tratam do tema, concentram-se nos fatos
ocorridos por aqui, ou quando muito em Portugal. A impressão que o leigo muitas
vezes tem é que a falcatrua é pouco usual em outras nações, notadamente nas
desenvolvidas, sendo mais corriqueira em antigas colônias e nos países pobres.
No livro Corruption, a short history (Corrupção, uma curta história), ainda
inédito no Brasil, o jornalista, escritor e editor italiano Carlos Alberto
Brioschi faz um curto relato da história desta prática, “tão antiga quanto a
prostituição”, segundo ele. Iniciando seu relato na Antiguidade, Brioschi
percorre várias civilizações, passando pela Idade Média, o Renascimento até
chegar aos tempos contemporâneos.
Em
suas análises, o livro demonstra que ao longo da história humana a prática
ocorre em todas as classes sociais – especialmente entre as mais ricas –, com a
colaboração de empresas, bancos, governos, empresários, juízes, religiosos;
gente de todo tipo e profissão, e não somente dos políticos. Brioschi explica
que os antigos egípcios, para descreverem um fenômeno distinto da corrupção mas
com ela relacionado, algo como “oferta”, usavam o termo “feqa”, enquanto que os
mesopotâmios falavam em “tatu”. A Bíblia menciona o hebraico “shohadh”, os
antigos gregos “doron” e os romanos “múnus”. A palavra corrupção, com o sentido
mais aproximado do que lhe damos atualmente, aparece pela primeira vez na
antiga Roma, onde “corrumpere” queria dizer em linguagem jurídica da época a
liberação de um documento judicial – uma autorização, por exemplo – em troca de
uma compensação.
O
autor demonstra em sua obra que a prática era geral, em todas as culturas. Era
comum na antiga polis grega do século V AEC, conhecida como o berço da
democracia. Um ministro do rei Chandragupta Maurya, da Índia do século IV AEC,
escreveu em um tratado sobre administração pública que “é impossível a um
servidor público não se aproveitar um pouco do governo”. A corte papal no
período do Renascimento era dominada por diversos tipos de corrupção,
notadamente a simonia, a venda de cargos religiosos, tão criticada pelo
reformador Martinho Lutero e um dos principais motivos de sua ruptura com a
igreja católica. A administração colonial inglesa também não foi um exemplo de
transparência e honestidade. Vários administradores, tanto na Índia quanto na
América do Norte, foram removidos do cargo por atos ilícitos. Benjamin Fletcher
(1640-1703), administrador colonial da cidade de Nova York entre 1692 e 1697,
foi expelido da função por ter dado proteção aos piratas, que do porto da
cidade atacavam embarcações em outras regiões da costa americana. Outro caso
famoso mencionado por Brioschi é o do engenheiro francês Ferdinand Lesseps, uma
das mais importantes figuras do projeto de construção do Canal de Panamá (1880-1914),
iniciado pela França e concluído pelos Estados Unidos. Lesseps lançou uma ampla
campanha publicitária na França para promover e financiar a construção da obra.
O engenheiro distribuiu, segundo a imprensa francesa da época (1889), mais de
quatro milhões de francos para comprar a anuência de políticos e funcionários do
governo ao projeto. Foi aberta uma comissão para investigar o caso, mas este
foi arquivado em 1893. O livro continua os relatos, baseados em diversos
documentos oficiais e na literatura, passando pela corrupção em regimes
aparentemente incorruptíveis, como a Alemanha nazista e a Itália nos tempos de
Mussolini, mostrando que governos autoritários não são livres de falcatruas; no
máximo conseguem varrer a sujeira para debaixo do tapete, devido à censura –
como fizeram também os militares do Brasil no período da ditadura civil-militar
de 1964. O caso Watergate (1972) e as acusações contra os candidatos Hilary
Clinton e Donald Trump, durante as eleições de 2016, expõe o fato de que mesmo
as nações consideradas como exemplo em muitas áreas, admiradas por parte das
elites de países em desenvolvimento, também têm seus casos de corrupção.
A
corrupção, é um fenômeno de todos os tempos e sociedades. Faz parte da natureza
humana tentar tirar vantagem das situações, por vezes mesmo que à custa da
quebra de regras e em detrimento de seu grupo social. Judas Iscariotes traiu a
Jesus e ao grupo de seus seguidores em troca de trinta moedas. Marcus Junius
Brutus (58 – 42 AEC), filho adotivo e assassino de Júlio César, foi movido por ambição
política, assim como o general Augusto Pinochet Ugarte (1915-2006), que traiu
seu superior, o então presidente do Chile Salvador Allende, em 1973. Na
história brasileira temos os casos de Domingos Fernandes Calabar (1609-1635),
que por ambição uniu-se aos invasores holandeses contra os portugueses, tendo
sido posteriormente capturado e executado. Joaquim Silvério dos Reis
(1756-1819), um dos participantes da Conjuração Mineira, traiu o movimento para
se livrar de dívidas que tinha com a coroa portuguesa. Todos, a seu modo,
obtiveram vantagens, quase sempre temporárias, em detrimento do grupo social a
que pertenciam ou cujas regras deveriam observar.
Em
seu artigo Basta de corrupção, publicado
na obra História do Brasil para ocupados,
organizada pelo historiador Luciano Figueiredo, o cientista político e
historiador José Murilo de Carvalho, analisa diversos aspectos da corrupção no
Brasil. Diz Carvalho que “no século XIX
os republicanos acusavam o sistema imperial de corrupto e despótico. Em 1930 a
Primeira República e seus políticos foram chamados de carcomidos. Getúlio
Vargas foi derrubado em 1954 sob a acusação de ter criado um mar de lama no
Catete.” O Golpe de 1964, diz o autor, foi organizado para lutar contra a
subversão e a desonestidade, mas terminou sob acusações de corrupção e
despotismo. O ex-presidente Fernando Collor (1990-1992) foi eleito sob a
promessa de “acabar com a corrupção e os marajás”, mas foi expulso do cargo por
fazer exatamente o mesmo.
Carvalho
considera estes fatos como indício de um “eterno retorno” da ideia da
corrupção, sendo que seu sentido vai mudando ao longo dos tempos – dependendo
de quem a classifica de corrupção, acrescentaríamos. “Ao falar em corrupção no final do império, nenhum republicano queria
dizer que D. Pedro II era corrupto.” (...) “Do mesmo modo em 1930, quando os revoltosos classificaram de carcomidos
os políticos da ‘Velha República’, não queriam dizer que eram ladrões.
Corruptos eram os sistemas, não as pessoas.” Todavia, por diversas razões,
ainda segundo o autor, houve uma mudança no sentido que se dava à corrupção a
partir de 1945. Por essa época entrou na cena política brasileira o udenismo, o
pensamento do partido da União Democrática Nacional (UDN), que começou a atacar
a corrupção individual; a falta de moralidade dos indivíduos. Um de seus mais
destacados membros, foi o jornalista e político Carlos Lacerda (1914-1977)
importante opositor político do presidente Getúlio Vargas (1882-1954). O que se
depreende da análise do historiador é que a partir deste ponto da história
recente do país, a pecha de corrupto passou dos sistemas políticos ou períodos
de governo para os indivíduos que deles participavam.
A
instituição Transparência Internacional publica um relatório anual intitulado
Índice de Percepção de Corrupção (IPC), no qual os países são ordenados de
acordo com o nível de corrupção percebido entre os funcionários públicos e
políticos. A organização, segundo o Wikipedia,
define corrupção como “o abuso do poder confiado para fins privados”. Nesta
lista, o Brasil ocupa o 96º lugar no ranking mundial de corrupção em 2021,
entre 180 outras nações e territórios, obtendo nota 38 (as notas mais altas são
para nações menos corruptas e as mais baixas para as mais corruptas). A média
global é de 43 pontos, posição na qual o Brasil se encontrava há dez anos
(posição 44). O combate à corrupção em todo o mundo, segundo relatório da instituição,
está estagnado há dez anos, devido aos recentes ataques às instituições e
direitos humanos. No cômputo geral, o Brasil encontra-se na média mundial; nem
muito transparente mas também não por demais corrupto. Não existem dados mais
concretos sobre os valores que envolvem a corrupção no país. Números da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 2009 estimam que 1% a 4% do PIB são
comprometidos por essa prática (que seriam cerca de R$ 87 bilhões a R$ 348
bilhões em 2021). A Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) fez
um estudo em 2010, que apontou que a corrupção compromete entre 1,38% a 2,3% do
PIB. Em 2013, um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que
cada real desviado para a corrupção representa uma perda de três reais.
Como
se vê, existem muitas estimativas, algumas delas provavelmente influenciadas
por interesses, como comprovam fatos recentemente ocorridos (caso Petrobrás e
outros). A excessiva ênfase que se dá ao tema na política brasileira é, como
diz o historiador José Murilo de Carvalho, algo “cujo sentido vai mudando ao
longo do tempo”.
Voltaremos
agora ao tema que, na nossa avaliação, é a maior de todas as corrupções: a da
apropriação dos recursos que pertencem à toda a sociedade, por uma parte dela.
Como dissemos, grande parte da população brasileira compartilha da ideia de que
a corrupção é o maior mal da política. Este pensamento fixo é constantemente repetido
pelos principais formadores de opinião do país. No entanto, vimos acima que o
fenômeno não é de longe exclusivo da nossa nação, nem de sociedades em
comparável nível desenvolvimento social e econômico; ao contrário, aparece em
todos os grupos sociais, em todos os tempo. Dados também indicam que o Brasil
não se encontra no grupo dos países mais corruptos do planeta, ocupando posição
média, condizente com nosso nível de desenvolvimento econômico, político e
social. Sobre esta verdadeira doutrinação que se faz na sociedade brasileira em
relação à corrupção, escreve o já mencionado sociólogo Jessé Souza em seu livro
A classe média no espelho:
“A questão aqui não tem a ver, e nunca teve,
com a verdade. Como traço cultural brasileiro, a ideia de corrupção não passa
de um instrumento para dominar e colonizar as pessoas, garantindo que a
inferioridade seja moralizada. Quem é colocado numa posição moralmente inferior
não pode se defender de seu algoz. Hoje em dia, por meio da repetição diária na
imprensa, venal e vendida desde sempre, nas escolas e nas universidades, esta
autoconcepção vira-lata virou uma espécie de segunda pele do brasileiro. Todos
se veem deste modo e se compreendem a partir desta perspectiva.
Pior, todos veem a si mesmos através de
uma autoimagem degradada que implica perda de autoconfiança e de autoestima. A
partir daí, 99,9% dos brasileiros, seja ou não intelectuais, vão identificar o
grande problema brasileiro como sendo apenas a corrupção no Estado e na
política. Não por acaso, ‘patrimonialismo’ é o termo predileto dos arautos da
farsa da Lava Jato em conluio com a Rede Globo na manipulação do público.”
(Souza, pág. 120)
A
verdadeira corrupção encontra-se na maneira como determinados grupos sociais se
apossam das riquezas do país, que deveriam estar acessíveis a toda a sociedade.
O economista André Lara Rezende, um dos especialistas que contribuíram para a
criação do Plano Real (1992) durante o governo do presidente Itamar Franco
(1992-1995) aborda esta situação em seu texto A camisa de força ideológica da macroeconomia:
“Assim como a burguesia nascida com a
revolução industrial promoveu o avanço da produtividade e das possibilidades
materiais, mas também uma enorme concentração de riqueza, o capitalismo
financeiro, associado à revolução informática, está à frente de uma nova era de
igualmente extraordinários ganhos de produtividade e concentração de riqueza.
Neste início de século XXI, as contradições de uma relação incestuosa entre uma
tecnocracia a serviço do capitalismo financeiro e os ocupantes do Estado,
políticos eleitos e servidores públicos, atingiram um ponto de ruptura, que
ameaça a viabilidade das democracias representativas das economias capitalistas
contemporâneas.” (Resende, pág. 3)
O
tipo de sistema econômico implantado no país, notadamente a partir do governo
Temer, está jogando a pá de cal no que resta das nossas indústrias, eliminando
gradativamente o capitalismo industrial, substituindo-o pelo financeiro. A
capacidade de produção industrial vem caindo num ritmo bastante acelerado,
principalmente ao longo dos últimos anos. Somente durante a década de 2010, a
participação da indústria no PIB caiu 33%, eliminando mais de 800 mil empregos
neste setor. Em 1986 a indústria de transformação tinha peso de 27,3% no PIB do
país, enquanto que em 2020 este percentual caiu para 11,3%, segundo jornal
eletrônico Poder 360º em matéria de
3/6/2021. A economia torna-se cada vez mais financeirizada e o funcionamento da
economia se baseia progressivamente nessas premissas, como escreve o economista
Ladislaw Dowbor em Resgatar a função
social da economia:
“O empresário efetivamente produtivo não
precisa de “confiança” ou de discurso ideológico, mas de famílias com
capacidade de compra, para ter para quem vender; e precisa de juros baratos
para conseguir financiar a produção. No Brasil, ele não tem nem uma coisa, nem
outra. Após tantos anos de “Ponte para o Futuro”, em diversos formatos, as
empresas no Brasil estão trabalhando com 30% de capacidade ociosa. David Harvey
tem razão, o que era capital, portanto dinheiro inserido no processo de
acumulação produtiva do capital, hoje é essencialmente patrimônio. Entre 2020 e
2021, os 315 bilionários brasileiros aumentaram os seus patrimônios em 700
bilhões, um aumento da ordem de 50% numa economia parada. No início da
pandemia, em apenas quatro meses, entre março e julho de 2020, o grupo mais
restrito de 42 bilionários brasileiros (em dólares) tinha aumentado as suas
fortunas em 180 bilhões de reais: é o equivalente a 6 anos de Bolsa-Família
para 42 milhões pessoas, em 4 meses, em plena pandemia. Lembrando ainda que, desde
1995, esse tipo de ganho é isento de impostos (lucros e dividendos distribuídos),
e que se trata essencialmente de ganhos sobre atividades improdutivas.”
(Dowbor, pág. 44)
Nessa
situação, a economia continua com crescimento fraco desde 2014, sem capacidade
de incorporar os ainda 10,1 milhões de desempregados e os cerca de 4,3 milhões
de desalentados, que desistiram de procurar emprego (dados de 08/22). Por outro
lado, devido à falta de oportunidades no mercado, milhões de brasileiros abrem
seu próprio negócio. Segundo a Agência
Brasil, nos primeiros nove meses de 2020 o número de micro empreendedores
individuais (MEI) cresceu 14,8%, em comparação com o mesmo período de 2019, com
cerca de 19 milhões de registros. Outros dados indicam que 14 milhões de
pessoas de 18 a 64 anos, ou seja, 9,9% da população adulta, comandam negócios
no país, colocando o Brasil em 7º lugar no ranking do empreendedorismo mundial.
No entanto, mesmo para estes pequenos empresários a vida no país não é fácil.
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),
uma em cada cinco empresas fecha as portas em menos de um ano de operação
(dados de 2020). Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
informa que 21% das empresas fecham após o primeiro ano e 60% encerram suas
atividades com menos de cinco anos de vida. Um dos principais motivos para este
alto índice de mortalidade entre as micro e pequenas empresas é a alta taxa de
juros, o custo do dinheiro, mencionado no texto de Ladislau Dowbor acima.
Ao
trabalhador sobram cada vez menos alternativas. Se minguam os empregos, por
outro lado tem parte de seus direitos trabalhistas diminuídos com a reforma
trabalhista implantada em 2017, durante o governo do presidente Michel Temer. O
argumento principal da reforma era o de que se tornava necessário baixar os
custos do trabalho, da mão de obra, para que os empregadores tivessem recursos
para investir no aumento da produção e da infraestrutura, podendo gerar mais
postos de trabalho – fato que efetivamente não ocorreu. Grande parte dos
recursos economizados pelos empresários com a reforma (os custos das ações
judiciais trabalhistas, por exemplo) foi direcionada ao mercado financeiro.
Outra má notícia recebida pelo trabalhador, foi a Reforma da Previdência,
aprovada em 2019 sob argumento do ministro da Economia do governo de Jair
Bolsonaro, Paulo Guedes, de que “a adoção
da medida é imprescindível, para evitar custos excessivos para as futura
gerações e comprometimento de benefícios de aposentadorias e pensões.” Os
principais pontos da Exposição de Motivos (da Reforma da Previdência) 029/19
incluem: 1) Envelhecimento da população; 2) Trabalhadores mais pobres já se
aposentam com idade mínima; 3) Brasileiros se aposentam cedo (idade dos
aposentados brasileiros está entre as menores do mundo. Alemanha, Áustria e
Bélgica aposentam com 65 anos); 4) Déficit na Previdência Social. A classe dos
militares, todavia, conseguiu uma outra regulação e não foi afetada pela
Reforma como os demais trabalhadores.
O
estabelecimento do Teto de Gastos através da PEC 241, que entrou em vigor a
partir de 2017, estabelece um limite de gastos no orçamento federal para os
próximos 20 anos (a contar de 2017), com bases no orçamento de 2016. Com isso o
governo ficará impossibilitado de elaborar um orçamento com valores acima
daqueles do ano anterior, podendo apenas corrigi-los pela inflação. Poderá ocorrer
um amento de gastos em uma determinada área, desde que em outras haja um corte
correspondente. Na prática, as despesas do governo não poderão ter incremento
real por 20 anos.
O principal
argumento para a provação do projeto é de que os gastos do governo vinham
crescendo demais e a arrecadação diminuindo, o que estava aumentando gradativamente
o déficit no orçamento da União. O maior impacto desta medida é a diminuição
dos investimentos nas áreas da Saúde e da Educação, além de outras áreas da
administração pública. Em 2020, com a crise econômica provocada pela pandemia da
Covid, foi necessário instituir o pagamento do auxílio emergencial; benefício cuja
validade foi limitada a quatro meses. Em substituição a este programa, o
governo de Jair Bolsonaro criou o Auxílio Brasil, também de caráter temporário,
a ser encerrado em dezembro de 2022 e cuja manutenção para 2023 não foi
prevista no Orçamento.
O objetivo
principal de todas estas medidas – Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência e
fixação do Teto de Gastos – é, por parte do governo, desonerar o orçamento
permitindo atingir o equilíbrio fiscal e, para os empresários, desonerar a folha
de pagamentos, possibilitando que possam ampliar suas atividades e fazer novas
contratações, reduzindo o desemprego. Este é o discurso oficial, repetido por
todos os formadores de opinião alinhados com a linha econômica do Planalto.
No
entanto, se por um lado são implantadas medidas claramente prejudiciais ao
trabalhador e aos pequenos empreendedores – incluindo o povo em geral –, por
outro lado existem diversas vantagens oferecidas aos grandes grupos
empresariais, aos bancos e ao setor financeiro. A política do “Estado mínimo”, defendida
pelos economistas e empresários que compõem e apoiam o governo, aplica-se apenas
ao cidadão comum e não aos grandes grupos econômicos. Esta política representa
um retrocesso em termos de benefícios sociais oferecidos ao cidadão, em direção
contrária ao que fazem as economias europeias. Jessé Souza escreve em A Tolice da Inteligência Brasileira:
“Nas grandes democracias capitalistas
europeias, a relação entre ganhos de capital e massa salarial é inversa à
brasileira. A tese do patrimonialismo serve para ocultar um tipo de capitalismo
selvagem e voraz – construído para beneficiar uma pequena minoria – e ainda
apontar o culpado em outro lugar: no Estado, supostamente o único lugar de
todos os vícios sociais. (Souza, pág. 91)
Segundo
muitos analistas, os governos Temer e Bolsonaro tinham como principal estratégia
político-econômica a eliminação gradativamente dos benefícios sociais alcançados
com a Constituição de 1988, que supostamente oneravam o Estado. Para isso foi
preciso enfatizar a imagem do “Estado perdulário”, culpado pela falta de
recursos para combater as mazelas econômicas e sociais do país. O passo
seguinte seria eliminar ou reduzir benefícios, como direitos trabalhistas,
previdenciários e sociais; tudo vendido à população como ações necessárias para
tirar o país da crise econômica. Fato é que a condução da economia brasileira reflete
principalmente a ideologia de seus dirigentes, de orientação neoliberal, dominante
em grande parte do discurso econômico oficial. Ou seja, as prioridades na
utilização dos recursos do país não estão subordinadas a uma lógica econômica de
caráter social – recuperar a economia para gerar bem estar para a população –,
mas refletem uma política econômica que defende os interesses de grupos minoritários.
Sobre esse ponto, escreve André Lara Resende:
“A teoria econômica que hoje pauta grande
parte de nosso entendimento do mundo é tida como o embasamento, se não
científico, técnico, das políticas públicas. Os economistas, embora pretendam
ter um sólido arcabouço teórico e sustentação empírica, que lhes daria
legitimidade para ditar políticas, são mais um grupo de contadores de histórias
(...)
(...)
Porque procura organizar a atividade
humana, a teoria econômica é inevitavelmente ideológica. Suas histórias
procuram organizar a sociedade segundo valores e interesses não explicitados.
Neste apogeu de seu prestígio, uma parte
expressiva da teoria econômica convencional, “mainstream”, se tornou
disfuncional. Embora existam muitas correntes de teoria econômica, a mainstream
é a predominantemente ensinada nos cursos de economia, aquela que, de forma
mais ou menos sofisticada, serve de substrato para os analistas e os
comentaristas da vida pública.” (Resende, pág. 2)
Exemplos
de como a economia é “inevitavelmente ideológica” e “procura organizar a
sociedade segundo valores e interesses não explicitados” (mas bastante claros) são muito impressivos. Segundo a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da
Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional) a renúncia fiscal durante o ano
de 2021 estava estimada em R$ 456,6 bilhões; cerca de 5,9% do PIB, dos quais R$
141,2 bilhões a instituição considera como justificada. Outros R$ 315,4 bilhões
são considerados privilégios tributários pela instituição. Dentre os maiores
privilégios tributários em 2021 incluem-se: 1) Isenção de IR sobre lucros e
dividendos: R$ 58,9 bilhões; 2) Não cobrança de imposto sobre grandes fortunas:
R$ 58,0 bilhões; 3) Simples nacional: R$ 29,7 bilhões; 4) Zona Franca de
Manaus: R$ 23,9 bilhões, entre outros num total de 10 itens, totalizando R$
245,8 bilhões.
Já
para 2022 a previsão é de que o governo federal abrirá mão de arrecadar R$
442,3 bilhões por meio de renúncia fiscal, valor equivalente a 4,6% do PIB,
segundo o jornal eletrônico Poder 360º
de 8/2/2022. Quem faz esta projeção é Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara,
baseada em texto aprovado pelo governo. Segundo o jornal, 84% desta renúncia
referem-se a R$ 371 bilhões que o governo deixará de cobrar em tributos e
equivalem a 20% de toda a arrecadação do país. “Ou seja, mesmo no vermelho, o
Brasil deixa de receber dinheiro para ajudar um setor ou parcela da população”,
escreve o jornal. A título de comparação, o orçamento do Ministério da Educação
previsto para 2023 é de R$ 86,6 bilhões, enquanto que o da Saúde será de R$
160,4 bilhões.
Um
outro exemplo de como a condução da economia brasileira atende a interesses bem
determinados, está expresso no orçamento da União de 2022, sendo:
Receitas: R$ 4,18 trilhões
Despesas: R$ 4,33 trilhões, dos quais:
R$ 2,776 trilhões – Encargos especiais e
reservas de contingências;
R$ 2,737 trilhões – Encargos especiais, dos
quais: R$ 1,339 trilhão (51%) refinanciamento da dívida; e R$ 708 bilhões (26%)
serviço da dívida interna.
Ou seja, 77% (R$ 2,047 trilhões) da dívida interna brasileira são devidos a refinanciamento e serviço da dívida. Ladislau Dowbor em Resgatar a função social da economia aborda esta questão:
“Quando falamos de mudança no modo de produção capitalista, não se trata de discussão semântica. Pois muito além da exploração salarial, temos de entender melhor os mecanismos atuais de apropriação do excedente social por meio do endividamento generalizado, do aumento extorsivo dos dividendos, de intermináveis patentes, da evasão fiscal, dos paraísos fiscais, da apropriação do capital natural do planeta, da microdrenagem de recursos por tarifas, das taxas sobre transferências internacionais, de cobranças sobre os cartões de crédito, do rentismo dos monopólios, dos monopólios de demanda, da especulação imobiliária, do comércio de informações pessoais, da manipulação publicitária individualizada, da inflação e outros mecanismos que entendemos muito menos, e que somos individualmente incapazes de enfrentar. Um salário extorsivo pode levar a uma greve, lutas, paralisia e acordos com a empresa. Quem é extorquido por uma taxa elevada de juros vai se manifestar onde? Em frente a uma agência bancária? Uma parte importante do que você pagou no Uber vai para grupos financeiros nos Estados Unidos. Não é preciso fazer um cheque ou uma ordem de pagamento: é automático. O dinheiro imaterial é muito fluido, e vaza por todos os lados. Quanto mais os intermediários privados drenam os nossos recursos, mais desviam a nossa atenção para os impostos. O Estado se tornou o grande bode expiatório, mas é só seguir o dinheiro para ver de quem se trata. A quem pertence o Estado, no Brasil, em 2022?” (Dowbor, pág. 36)
Outra fonte de geração de dívidas no
orçamento são as “operações compromissadas”, que ocorrem do seguinte modo. As
instituições bancárias não fazem grandes esforços para emprestar à população e
às empresas, a não ser a juros altíssimos, já que a competição no setor
bancários é muito reduzida. A sobra de caixa dos bancos, o dinheiro não
emprestado, não é perdido, porque sobre estas as instituições financeiras
recebem remuneração diária, com recursos pagos pelo Banco Central. Estas
operações, que já existem há vários governos, têm a função de controlar o volume
de moedas em circulação para evitar a inflação. Sobre as ‘operações
compromissadas’ e sua relação com a inflação, escreve a auditora fiscal Maria
Lucia Fattorelli:
“Ademais, todos sabemos que a inflação, no Brasil, decorre de causas relacionadas aos excessivos aumentos dos preços administrados (combustível, gás de cozinha, energia, telefonia, planos de saúde, tarifas bancárias etc.) e preços de alimentos. A ausência de relação entre as chamadas “Operações Compromissadas” e a redução do volume de moeda em circulação “para controlar inflação” ficou escancarada em 2017, diante da queda da inflação e do aumento do volume das Compromissadas a um patamar recorde, ou seja, o comportamento dos dados foi totalmente contraditório ao argumento do Banco Central.”
Segundo os especialistas, esta modalidade de
operação é utilizada de forma distorcida, o que tem possibilitado na prática o
surgimento de uma maneira “desusada” de sobra de caixa dos bancos. No restante
do mundo, o volume total destas operações compromissadas é bastante reduzido.
No mercado financeiro brasileiro, chega a atingir cerca de 20% do PIB (dados de
2020). Ao longo de 10 anos, segundo cálculo do site Auditoria Cidadã da Dívida, a remuneração de sobra de caixa dos
bancos, considerando a atualização monetária dos juros diários pagos, gerou um
custo de aproximadamente R$ 1 trilhão ao orçamento do país – aproximadamente R$
100 bilhões ao ano. Uma outra consequência para as finanças do país é que esta
remuneração diária aos bancos, parada no Banco Central, também provoca escassez
de recursos disponíveis para empréstimos, fazendo com isso que os juros subam a
patamares bastante altos, aumentando a dívida pública.
Como dissemos no início deste texto, a verdadeira corrupção a nosso ver não é aquela usualmente investigada e comprovada pelas autoridades policiais e que muitas vezes se aproxima da criminalidade comum. Este tipo de irregularidade, apesar de grave, causa menos prejuízos ao país do que aquela outra, que se apropria dos recursos da sociedade e que se faz geralmente ao amparo da lei, com a aprovação das autoridades, regularizada por decretos, portarias, Planos e Leis Orçamentárias. É legal, mas não é ética, como diz a sabedoria popular. Não é aceitável que numa sociedade a maior parte da população tenha que passar a vida trabalhando e mesmo assim passar por grandes necessidades, enquanto que parcela reduzida possa dispor de comodidades e luxos sequer imaginados pela maioria. E tudo isso porque a distribuição dos recursos da sociedade foi organizada de maneira a favorecer minorias, que se apropriam da maior parte das riquezas geradas.
Nem discutiremos a questão do mérito, a meritocracia, porque hoje já é senso comum que esta é mais outra falácia, assim como a da corrupção, criada para confundir os inocentes. Ambos os conceitos têm até uma certa similaridade. Assim, se você não é uma pessoa bem sucedida na sociedade de mercado capitalista, é porque você não se esforçou suficientemente ou ainda não está devidamente preparado. Já a corrupção ocorre pelo fato de terem sido eleitos políticos desonestos, votados por pessoas mal informadas, ainda despreparadas para exercerem o voto. Não se debate, por exemplo, o fato de que estes políticos, tidos por desonestos, dão suporte a governos que aprovam leis de interesse dos grupos economicamente dominantes, ao mesmo tempo que ignoram ou dificultam as causas populares ou aquelas “sem patrocinadores”.
Concluindo, a polêmica sobre a corrupção deve passar necessariamente pela debate sobre a função do Estado, sobre a distribuição equitativa de seus recursos e sobre os mecanismos através dos quais o Estado deve obtê-los. Esta discussão além de ser técnica é ideológica: o Estado deve servir a todos igualitariamente, ou não?
Fontes consultadas
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Maria
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sobra de caixa dos bancos. Disponível em: <https://auditoriacidada.org.br/conteudo/extra-classe-banco-central-gasta-centenas-de-bilhoes-para-remunerar-sobra-de-caixa-dos-bancos/>.
Acesso em 14/09/2022
(Imagens: pinturas de Herman-Max Pechstein)
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