Até
o final do século XIX o Brasil não dispunha de leis de ordenação do trabalho e
de proteção ao trabalhador. Isso porque, durante quase 350 anos, o país se
utilizou de mão de obra escravizada para movimentar a economia e começou sua
industrialização tarde. Foi somente com o estabelecimento das primeiras oficinas
e pequenas indústrias, no Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, que
surgiram os primeiros “trabalhadores”, contratados para atuarem em manufaturas,
pequenos empreendimentos industriais e no comércio.
As condições
de trabalho eram inseguras e insalubres, além do excesso de horas de trabalho;
condições sob as quais atuavam homens, mulheres e até crianças. O quadro começou
a mudar lentamente, a partir do início do século XX, especialmente nas
fábricas, quando os operários passaram a se organizar em associações
beneficentes (“caixas beneficentes" e “sociedades de socorro mútuo”) e nos
primeiros sindicatos. Nestes primórdios da industrialização, parte importante
da mão de obra fabril era formada por imigrantes estrangeiros; muitos espanhóis
e italianos, que já haviam sido operários em seus países de origem. Parte
destes trabalhadores foi influenciada por ideais anarquistas. A primeira grande
greve geral em São Paulo, por exemplo, deflagrada em 1917, envolvendo
trabalhadores da indústria e do comércio, teve grande participação do movimento
anarquista e socialista.
Ainda
no final do século XIX, já no período da Primeira República, foi criada pelo
Decreto nº 1.313 de 1891 a lei que regulamentava o trabalho dos menores de 12 a
18 anos. Com a maior organização dos trabalhadores em sindicatos, fundou-se em
1906 a Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), reunindo sindicatos de
trabalhadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e
Bahia. Durante seu 4º Congresso Operário Brasileiro, realizado em novembro de
1912, a CBT decidiu promover e implantar, através de negociações, um programa
de apoio ao trabalhador, incluindo itens como: jornada diária de oito horas,
semana de trabalho de seis dias, indenização em caso de acidentes de trabalho,
jornada limitada para mulheres e menores de quatorze anos, contratos coletivos
de trabalho no lugar de contratos individuais, seguro obrigatório para casos de
doença, pensão por idade, salário mínimo, construção de casas para operários e
instituição da instrução primária obrigatória. As negociações entre patrões e
empregados eram então feitas isoladamente, entre sindicatos e empresas, sem a
participação direta do Estado. A este cabia, em casos extremos, a interferência
na repressão dos trabalhadores, através do emprego da força policial.
Ainda
em 1923, através do Decreto 16.027 cria-se o Conselho Nacional do Trabalho
(CNT) cujos objetivo era se ocupar dos trabalhadores urbanos, no que se refere
a negociações salariais, contratos coletivos de trabalho, seguros sociais,
trabalho de menores e de mulheres. Em 1925, através do Decreto 4.982, chamado
de “Lei de Férias”, institui-se 15 dias de descanso remunerado para
trabalhadores de bancos, da indústria e do comércio.
As
grandes mudanças nas relações entre capital e trabalho começam a ocorrer
efetivamente na era Vargas. Após a Revolução de 1930, o governo de Getúlio
Vargas institui o Ministério do Trabalho. Em seguida, a Constituição promulgada
em 1934 cria o Direito do Trabalho, assegurando uma série de benefícios, que os
trabalhadores já vinham reivindicando há mais de vinte anos: jornada de oito
horas, salário mínimo, repouso semanal, seguro de acidentes, férias
remuneradas, proteção ao trabalho infantil e feminino, etc. Apesar do termo
“Justiça do Trabalho” já constar da Constituição de 1934, esse tipo de justiça
só passa a ser efetivamente instalada a partir de 1941. Em 1943, finalmente, as
normas trabalhistas são reunidas num único documento intitulado Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), aprovado em 1º de maio de 1943, ainda durante o
governo de Getúlio Vargas. A lei representou um grande avanço para o país,
regulamentando as relações entre trabalhadores e empregadores, que até aquela
época eram instáveis. Os sindicatos atrelados ao Estado, tinham, desde 1931, a
autonomia para criarem cooperativas, assistência jurídica e médica, além de
outros benefícios para seus filiados.
Nos
anos 1950 e 1960 o país começa a se industrializar em ritmo acelerado, a
economia cresce junto com a urbanização e o número de trabalhadores registrados
acompanha este ritmo. Organizam-se sindicatos de trabalhadores em diversas
áreas, incluindo a região rural. No entanto, apesar do país contar com uma
legislação trabalhista relativamente avançada, trabalhadores de setores com
maior peso na economia obtinham mais benefícios do que aqueles atuando em
setores de menor peso econômico. O metalúrgico, o químico ou o bancário – funcionários
de setores importantes da economia e cujos sindicatos eram mais organizados –
obtinham mais vantagens de todo tipo, do que um trabalhador do setor de
serviços, por exemplo.
Mas
a situação dos trabalhadores muda radicalmente, em termos de direitos, quando
ocorreu o golpe militar em 1964. Sindicatos foram desmobilizados, dirigentes
sindicais combativos foram perseguidos, presos, torturados; alguns mortos e
outros tiveram que se exilar. A Ditadura publica o Decreto 4.330, conhecido
como “Lei antigreve”, que dificultava de tal maneira o movimento paredista, que
o tornava na prática irrealizável. Mesmo assim, em diversos pontos do país, como por exemplo nas cidade de Contagem (MG) e Osasco (SP) em 1968, os operários
organizavam greves, que todavia foram duramente reprimidas e que sequer puderam
ser noticiadas à época, devido à censura à imprensa decretada pelo governo.
Foi
somente a partir da segunda metade da década de 1970 que a repressão aos
movimentos trabalhistas diminui. O processo de “abertura lenta e gradual”,
instituído a partir do governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), seguido
pelo do general João Figueiredo (1979-1985), fez com que a repressão aos
movimentos grevistas diminuísse. As mais importantes paralizações neste
período, que deram origem a uma série de outras mudanças na política do país
(surgimento de importantes líderes sindicais como Lula, fundação do PT,
formação de novas lideranças políticas), ocorreram na região do ABCD
(municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e
Diadema), nos anos 1978, 1979 e 1980. A partir destes movimentos teve início um
novo sindicalismo, que se estendeu para outros setores da economia e outras
regiões do país. O processo de reconquista dos direitos dos trabalhadores
completou-se com o fim da ditadura em 1985 e a promulgação da Constituição de 1988,
que reestabelecia o direito de greve e livre associação sindical e
profissional.
A
economia mundial e a brasileira, todavia, estavam mudando. Diversos fatores
econômicos estavam alterando as condições de produção e distribuição. Os “30
Anos Dourados do Capitalismo” (1950-1980), quando em todo o mundo a economia
de mercado teve um crescimento vertiginoso, estavam no fim. Abaixo apresentamos alguns aspectos que contribuíram decisivamente para que, a partir dos anos
1980, a situação dos trabalhadores sofresse grandes alterações:
- A
segunda Crise do Petróleo, decorrente da Revolução Iraniana (1979), faz com que
os preços do combustíveis se tornassem ainda mais altos em toda a economia
mundial. Todas as indústrias dependentes do recurso, principalmente a indústria
automobilística, atravessam grande crise;
- A
doutrina do neoliberalismo passa a dominar a teoria econômica dos grandes
centros acadêmicos, políticos e econômicos. O livre mercado seria o novo princípio
propulsor de uma economia em crise (início dos anos 1980). O Chile de Pinochet, uma ditadura sanguinária, havia sido o laboratório do sistema que os economistas neoliberais (chamados de
“Escola de Chicago”) sugeriam fosse implantando em toda economia mundial (em
1989 ocorreria a Queda do Muro de Berlim, abrindo novos mercados ao capitalismo
neoliberal). Margareth Thatcher, no Reino Unido, e Ronaldo Reagan, nos Estados
Unidos, eram os grandes propagandistas desta teoria econômica. O neoliberalismo
defende que o Estado não deve se imiscuir na economia (“Estado mínimo”) e que
questões como o desemprego deveriam ser resolvidas pelas “forças” do mercado, sem interferência do governo;
- As
indústrias localizadas em países desenvolvidos (Europa, USA e Japão) eram pressionadas
por leis ambientais cada vez mais restritivas e impostos mais altos. Sindicatos
de trabalhadores dessas regiões, sempre bem remunerados, negociam constantemente melhores
salários. Os custos de transporte (combustíveis) e produção tornam-se cada vez
mais altos. Por causa destes fatores, centenas de empresas estadunidenses e europeias deslocam
suas unidades fabris para a Ásia (Singapura, Taiwan, Coréia e principalmente a
China), que passa a oferecer melhores condições de produção a custos menores. É
o conceito do global sourcing; os
vários fornecedores estão espalhados pelo mundo, principalmente na Ásia. O
deslocamento destas indústrias para outros países, acabou gerando grandes ondas
de desemprego em seus locais de origem;
- A
queda do socialismo na União Soviética (Rússia) e seus aliados (1990-1991) abre
grandes perspectivas para o avanço da economia de mercado nestes países, que
oferecem condições favoráveis para o investimento estrangeiro, na forma de
empresas. Milhares de profissionais altamente capacitados (engenheiros, cientistas e pesquisadores) migram deste países e passam a ser
empregados em grandes empresas na Europa e Estados Unidos, competindo com a mão
de obra local;
- Os
ganhos nos mercados financeiros tornam-se cada vez mais altos, em comparação
com os lucros da produção. Os rendimentos nas bolsas e outros tipos de
aplicações financeiras muitas vezes excedem os ganhos obtidos pelos
convencionais produção/vendas (caso frequente no Brasil a partir dos anos 1980).
A rapidez das transações bancárias com o uso da informática e, posteriormente
com a internet, aumenta exponencialmente. Remessas de valores, compra e venda
de títulos, ocorrem em frações de segundos, expandindo a atratividade das bolsas
de valores, permitindo a realização de mais capital em menor tempo. Assim, mais
recursos para o mercado financeiro significam menos recursos para o setor
produtivo: menos empresas, menos empregos;
- O
processo de produção e distribuição torna-se cada vez mais automatizado, dispensando parte da mão de obra humana. Computadores, robôs, softwares, são os principais trabalhadores
da linha de produção cada vez mais automatizada, gerando mais desemprego ainda;
A
economia brasileira acompanha este processo mundial. Todavia, é preciso
observar que a economia do país já vinha combalida desde os anos 1970,
acumulando uma dívida externa contratada ainda na época da ditadura militar.
Internamente, para baixar a alta inflação e a dívida pública, foram elaborados planos
econômicos (Plano Verão, Plano Bresser e Plano Cruzado); com nenhum ou sucesso apenas
temporário. A estabilização da economia só seria alcançada em 1994, durante o
governo Itamar Franco, com o Plano Real. Como se já não bastassem estes fatores
para dificultar a vida do trabalhador, a partir do final dos anos 1980 ainda houveram
outros aspectos que influenciaram a economia:
-
Alinhado e submisso à política econômica neoliberal (no contexto do Consenso de
Washington), o país inicia um processo de (assim chamado) “modernização” da
economia, promovendo redução de impostos de importação e abrindo a economia
para produtos e empresas estrangeiros. A inciativa provoca, entre o final dos
anos 1980 e início dos anos 1990, a quebra de várias empresas nacionais de variados
setores industriais, despreparadas para enfrentar a concorrência de produtos
estrangeiros; mais modernos e mais baratos. Outras empresas brasileiras, que
detinham significativa fatia do mercado consumidor ou eram marcas tradicionais,
foram compradas por grandes grupos estrangeiros. Estes, por vezes, fechavam as
unidades produtoras no Brasil, concentrando toda a fabricação em outros países.
Aliado a isso, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foi
promovida a privatização de várias empresas públicas.
- Paralelamente,
governo, empresários e meios de comunicação deflagraram campanha, através de
diversas formas, para desacreditar sindicatos de trabalhadores, desincentivar a
filiação e a participação na vida sindical, com o objetivo de desmobilizar e
desorganizar os movimentos dos trabalhadores. Os sindicatos patronais, por
outro lado, recebiam apoio e prestígio, participando das decisões políticas e
econômicas mais importantes do governo.
-
Está implícita em todo esse desenvolvimento da “desnacionalização” de parte da
economia brasileira, principalmente do setor industrial, a redução de postos
de trabalho. Transferência de unidades de produção para fora do país, a automação
industrial, o encerramento das atividades por falta de competitividade, entre
outros fatores, contribuíram para a chamada “desindustrialização” e o enxugamento
de empregos.
- A
década de 2000 a 2010 trouxe algum alento à economia e à geração de empregos.
No entanto, é sabido que empregos de qualidade, com bons salários e benefícios,
são criados pela indústria; e esta já vinha perdendo peso na economia ao longo
das últimas décadas. Em 1986, apesar da crise econômica e financeira, o setor
industrial participava com 27,3% do PIB do país, enquanto que em 2020 a
participação do setor caiu para 11,3% do PIB. O setor da agricultura e do
agronegócio, que ganharam muita importância ao longo dos últimos anos, geram proporcionalmente
poucos empregos e de baixa remuneração em sua maioria. O setor de serviços, com
raras exceções em áreas especializadas (informática, mídias, softwares, setor
financeiro e consultorias especializadas), também não cria número considerável
de postos de trabalho melhor gratificados.
A
força de trabalho, de uma maneira geral, nunca foi bem remunerada no Brasil.
Apenas em nichos localizados em setores de ponta, ou em funções demandando
conhecimentos específicos e pouco disponíveis no mercado de trabalho, é que os
trabalhadores eram (e ainda são em menor proporção) relativamente bem
remunerados. Refiro-me neste artigo ao trabalhador do setor privado e não aos funcionários
públicos de alto escalão e oficiais militares – os quais percebem os mais altos
salários, se comparados com os restantes do país.
Empresários dizem que não há condições de oferecer melhores pagamentos. As explicações dadas por economistas mencionam como impedimentos os mais diferentes motivos: baixa produtividade, impostos altos, mão de obra com baixa qualificação, concorrência externa, insegurança jurídica, custos dos insumos, juros altos, inflação, economia sem planejamento, etc. Com relação a empregos e salários, argumentam os empresários de que os custos trabalhistas oneram demais os custos de produção. Assim, se o trabalhador abrisse mão de parte de seus direitos trabalhistas – ou de todos, transformando-se simplesmente em contratado (“PJ”, pessoa jurídica) – a economia poderia gerar mais postos de trabalho e melhores remunerações.
Sendo
assim, o governo do presidente Michel Temer apresentou e o Congresso da época
aprovou uma alteração à legislação trabalhista, a Lei 13.467, sancionada em
julho de 2017. As mudanças flexibilizaram a legislação e concederam uma série
de vantagens ao empregador, que no cômputo geral terá menos custos ao
contratar, empregar e desligar o funcionário. O principal argumento era que com
esta “sobra” de recursos, os empresários certamente investiriam na ampliação de
seus negócios, gerando mais vagas de empregos. Aos trabalhadores foi dito que lhe tirariam
alguns benefícios, mas prometeram vantagem maior: a geração de mais empregos e
melhores salários – fato que não ocorreu, mesmo depois de mais de cinco anos da
promulgação da lei.
A outra opção que restaria ao trabalhador seria a de se tornar "empreendedor", "empresário de si mesmo"; alternativa apontada como solução para o problema do desemprego por setores do empresariado e meios de comunicação. As inúmeras entrevistas e anúncios comerciais feitos com "empresários bem sucedidos" procuram fortalecer esta ideia. No entanto, pesquisas apontam que a maior parte dos novos empreendedores acaba encerrando ou abandonando seu negócio, um a dois anos depois de estabelecido. Os trabalhadores autônomos de todos os tipos - os chamados de "uberizados" - estão em situação pior ainda, precisando trabalhar de 12 a 16 horas por dia como motoboy, lavador de carros, motorista de aplicativo ou outro tipo de trabalho extenuante, para poderem sobreviver. Sobre estes trabalhadores escreve o sociólogo e ex-presidente do Ipea Jessé Souza:
"(...) Isso significa, obviamente, que esta classe também não seja explorada. Ela o é de modo inclusive muito mais cruel, já que é jogada nas 'franjas do mercado competitivo', condenada a exercer todos os trabalhos mais duros, humilhantes, sujos, pesados e perigosos. As classes do privilégio exploram esse exército de pessoas disponíveis a fazer quase de tudo." (Souza, pág. 232)
Por outro lado, o anunciado auxílio do governo aos pequenos empresários e empreendedores individuais, através dos bancos privados e oficiais, ficou restrito a um pequeno número de pretendentes.
Pela demora no surgimento destes postos de trabalho culpa-se a crise econômica brasileira (que afeta a maioria, mas não a grupos privilegiados), que se arrasta desde 2014; culpa-se a crise da Covid que começou em março de 2020 e terminou oficialmente em abril de 2022. Nos últimos meses, surgiu providencialmente um novo bode expiatório, sobre o qual se joga a culpa: a Guerra da Rússia com a Ucrânia. Mesmo assim, o governo afirma que foram criados muitos empregos. No entanto, o saldo de 218.902 empregos gerados em junho de 2022 (contratações versus demissões) é muito pouco em relação aos ainda 10,1 milhões de brasileiros desempregados. Se todo mês houvesse este saldo positivo de empregos criados, o país teoricamente demandaria 45 meses para zerar o número de desempregados. Além disso, o salário médio dos empregos gerados em junho de 2022 é de R$ 1.926,54.
Diz
o Relatório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (DIEESE),
com relação ao preço das cestas básicos em julho de 2022:
“São Paulo foi a capital onde o conjunto
dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 777,01), seguida por
Florianópolis (R$ 760,41), Porto Alegre (R$ 754,19) e Rio de Janeiro (R$
733,14). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é
diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 549,91),
Salvador (R$ 580,82) e João Pessoa (R$ 586,73)” (DIEESE,
julho 2022).
Com referência
ao salário mínimo, escreve o órgão:
“Com base na cesta mais cara, que, em
junho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação
constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para
suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação,
moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência,
o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em junho de
2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro
pessoas deveria equivaler a R$ 6.527,67, ou 5,39 vezes o mínimo de R$ 1.212,00.
Em maio, o valor necessário era de R$ 6.535,40, ou 5,39 vezes o piso mínimo. Em
junho de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.421,84, ou
4,93 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.” (DIEESE,
julho 2022).
As
perspectivas, a continuar a política do atual governo com relação à condução da
economia e ao papel do Estado no fomento da atividade econômica – e
consequentemente na geração de empregos e renda – são as piores possíveis.
Basta mencionar, notícia recentemente publicada no site do Globo (14/4/2022),
que informa que 33 milhões de pessoas estão recebendo no máximo 1 salário
mínimo (R$ 1.212,00) por mês. No cômputo geral, os empregos chegam minguados,
apesar das promessas que foram feitas por ocasião da aprovação da alteração da legislação trabalhista. Os salários mal são suficientes para que
o cidadão não morra de inanição.
Enquanto
isso, a prometida ampliação das empresas, gerando muitos empregos, com a sobra
dos “altos custos trabalhistas”, não ocorreu até agora. Isto porque, no estágio atual da
economia, vale mais investir no mercado financeiro, do que na ampliação ou
construção de uma fábrica ou outro negócio; o retorno é maior. É a síntese do capitalismo financeiro: para o investidor bom retorno e para o trabalhador muitas promessas, espera e fome.
Fontes
consultadas
1º de maio - Dia do Trabalho - Evolução das relações trabalhistas. Disponível em <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=862>. Acesso em 4/9/2022.
Atuação
dos Ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social. Disponível em
<https://openaccess.blucher.com.br/article-details/atuacao-dos-ministerios-do-trabalho-e-emprego-e-da-previdencia-social-19872>
Acesso em 4/9/2022.
Greve
Geral de 1917. Disponível em <https://www.todamateria.com.br/greve-geral-de-1917/>
Acesso em 5/9/2022.
O
papel dos sindicatos no governo Vargas e sua presença na 1ª Junta de
Conciliação e Julgamento de Maceió (1941-1945). Disponível em <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/historia/o-papel-dos-sindicatos>
Acesso em 5/9/2022
Jessé Souza. A Tolice da Inteligência Brasileira - Como o país se deixa manipular pela elite. Leya Editora. São Paulo: 2015, 271 pgs.
As Vantagens da Reforma Trabalhista para o Empregador. Disponível em <https://direitoreal.com.br/artigos/reforma-trabalhista-empregador>. Acesso em 5/9/2022.
Custo
da cesta aumentou em nove capitais. Disponível em <https://www.dieese.org.br/analisecestabasica/2022/202206cestabasica.pdf>.
Acesso em 5/9/2022.
(Imagens: gravuras de Karl Schmidt-Rottluff)
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