“Somos macacos que pulam de pensamento em pensamento. E eles giram em torno do nosso ego, da versão de nós mesmos com a qual nos identificamos. Eu tenho um recado para você: esse “Eu” que você associa ao seu nome não existe. Aquilo que eu chamo de Matheus é um organismo complexo de atividades, e mesmo a palavra “organismo” já é, em certo sentido, uma ficção para explicar o fenômeno “Matheus”. O self é uma ficção, como os budistas já diziam e como a Ciência recente vem demonstrando. Entretanto, como qualquer ficção, o self não é uma mentira qualquer. É uma mentira necessária para uma vida humana coesa e sã. Mas você pode procurar pela consciência nos confins mais profundos da sua cabeça que você não vai encontrá-la.
Nós não entendemos o fenômeno da
consciência — e tudo bem. Mas já temos evidências suficientes para refutar a
ideia de uma alma imortal, temporariamente encarnada em nosso corpo, associada
à nossa consciência. A neurociência demonstrou que os conteúdos da consciência
estão espalhados. Segundo Sam Harris, no cérebro você pode encontrar áreas responsáveis
por certos conteúdos da consciência, como a percepção, a orientação espacial, o
cheiro, etc., mas não a consciência em si enquanto fenômeno. Em seu livro Despertar, Harris resume isto de maneira
contundente na seguinte passagem: ‘Não existe uma região no cérebro que possa
ser a sede de uma alma. Tudo o que nos faz humanos — nossa vida emocional, a
capacidade para linguagem, os impulsos que originam comportamentos complexos e
nossa capacidade de conter outros impulsos que consideramos não civilizados —
se encontra disperso por todo o córtex e também por muitas regiões subcorticais’.”
Matheus Benites, filósofo e youtuber brasileiro em Ser ateu: Desmistificando o ateísmo e quebrando preconceitos para uma vida plena sem religião