(...)
“Um obstáculo importante aqui, porém, é a linguagem comum, a prosa cotidiana. O
filósofo precisa de uma linguagem extraordinária, de uma linguagem poético-dramática,
para transmitir adequadamente a si mesmo ou aos semelhantes o que realmente é a
escolha. A linguagem comum, (em alemão) ‘die
Umgangssprache’, ‘das Gerede’ (o
falatório), representa ‘a mundanidade pública’, ‘o mundo intersubjetivo’, ‘das Man’ (‘a pessoa’, na terminologia do
filósofo alemão Martin Heidegger). Isso nos acalma neste mundo banal de
conversa fiada onde tudo é garantido: a vida, a morte, o mundo e o destino do
homem nele, a sociedade, a linguagem. Não há razão para se questionar ou se
preocupar; tudo é o que é e não outra coisa. O mundo é o que parece ser; sem
imaginação, realista e de cabeça quadrada, ‘no meio da manhã, depois de uma boa
noite de descanso’. E quanto às questões como o que significa viver e morrer, nada
têm a ver com isso, são um lugar-comum; quase todo mundo pensa assim.
Somos
jogados em um mundo absurdamente indiferente de paus, pedras, estrelas e vazio.
Nossa ‘situação’ é comparável à de um homem que cai do edifício Empire State Building. Qualquer
tentativa de ‘justificar’ sua breve e acelerada queda, o interlúdio
inconcebivelmente curto entre a sua impressionante compreensão de sua ‘situação’
e a sua inexorável destruição total, será igualmente ridícula. Isto é, se
escolher dizer: (a) ‘Isso é realmente bastante confortável enquanto durar, vou
tirar o melhor proveito disso’, ou (b) ‘Vou pelo menos fazer algo útil enquanto
posso’, e começa a contar as janelas do prédio. Em qualquer caso, ambas as
atitudes pressupõem uma falta de compreensão da sua ‘situação’ desesperada; abstraindo,
por assim dizer, cada momento da ‘queda’ da sua totalidade irreparável, de
dividir sua vida em pequenas porções com metas mesquinhas e de curto espaço de
tempo.”
Felicidade é para os porcos – Filosofia versus psicoterapia (Hapiness is for pigs: philosophy versus psychotherapy) de Herman Tennesen (1918-2001) filósofo, escritor e professor norueguês (Texto publicado no Journal of Existentialism, Vol. VII, No. 26 Inverno, 1966/67. Disponível em <https://archive.org/details/herman-tennessen-happiness-is-for-the-pigs_202111>. Tradução Google e editor do blog)
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