Leituras diárias

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025



“Somos macacos que pulam de pensamento em pensamento. E eles giram em torno do nosso ego, da versão de nós mesmos com a qual nos identificamos. Eu tenho um recado para você: esse “Eu” que você associa ao seu nome não existe. Aquilo que eu chamo de Matheus é um organismo complexo de atividades, e mesmo a palavra “organismo” já é, em certo sentido, uma ficção para explicar o fenômeno “Matheus”. O self é uma ficção, como os budistas já diziam e como a Ciência recente vem demonstrando. Entretanto, como qualquer ficção, o self não é uma mentira qualquer. É uma mentira necessária para uma vida humana coesa e sã. Mas você pode procurar pela consciência nos confins mais profundos da sua cabeça que você não vai encontrá-la. 

Nós não entendemos o fenômeno da consciência — e tudo bem. Mas já temos evidências suficientes para refutar a ideia de uma alma imortal, temporariamente encarnada em nosso corpo, associada à nossa consciência. A neurociência demonstrou que os conteúdos da consciência estão espalhados. Segundo Sam Harris, no cérebro você pode encontrar áreas responsáveis por certos conteúdos da consciência, como a percepção, a orientação espacial, o cheiro, etc., mas não a consciência em si enquanto fenômeno. Em seu livro Despertar, Harris resume isto de maneira contundente na seguinte passagem: ‘Não existe uma região no cérebro que possa ser a sede de uma alma. Tudo o que nos faz humanos — nossa vida emocional, a capacidade para linguagem, os impulsos que originam comportamentos complexos e nossa capacidade de conter outros impulsos que consideramos não civilizados — se encontra disperso por todo o córtex e também por muitas regiões subcorticais’.”

 

Matheus Benites, filósofo e youtuber brasileiro em Ser ateu: Desmistificando o ateísmo e quebrando preconceitos para uma vida plena sem religião

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