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Fonte: Wikipedia |
MAKE
LOVE, NOT BEDS OU É ISSO MESMO
FILHO de Kennedy não quer ser Kennedy
Deus os faz e os junta.
Amanhã em Tara eu pensarei nisso.
Para o bom entendedor: meia palavra basta?
E disco que eu gosto?
Quem vem lá faça o favor de dizer por que e que vem.
Tem gente dando bandeira a meio pau.
Ninguém me ama, ninguém me chama, são coisas do passado
(W. S.)
Quem sabe, sabe, conhece bem: gostoso gostar de alguém?
Vai começar a era de Aquarius. Prepare o seu coração.
Ou não: de um pulo do lado de fora.
Compre: Olhe. Vire. Mexa.
Você sempre me aparece com a mesma conversa mole.
Com o mesmo papo furado — só filmo planos gerais.
Sou feiticeiro de nascença/Trago o meu peito cruzado
A morte não é vingança/Orgulho não vale nada.
E atrás dessa reticencia
Nada, ri-go-ro-sa-men-te nada
Boca calada, moscas voando, e tudo somente enquanto
Eu deixar. Enquanto eu estiver atento nada me acontecerá.
Um painel depois do outro e um sorriso de vampiro;
Eu me viro/como/posso me virar.
E agora corta essa — só quero saber do que pode dar certo
Mas hoje tenho muita pressa. Pressa. Pressa! A gente se vê,
Na certa
—
COLAGEM
Quando eu a recito ou quando eu a escrevo, uma palavra — um mundo poluído — explode comigo e logo os estilhaços desse corpo arrebentado, retalhado em lascas de corte e fogo e morte (como napalm) espalham imprevisíveis significados ao redor de mim: informação. Informação: ha palavras que estão nos dicionários e outras que não estão e outras que eu posso inventar, inverter. Todas juntas e a minha disposição, aparentemente limpas, estão imundas e transformaram-se, tanto tempo, num amontoado de ciladas.
Uma palavra e mais do que uma palavra, além de uma cilada. Elas estão no mundo e portanto explodem, bombardeadas. Agora não se fala nada e tudo e transparente em cada forma; qualquer palavra e um gesto e em sua orla os pássaros de sempre cantam nos hospícios. No principio era o Verbo e o apocalipse, aqui, será apenas uma espécie de caos no interior tenebroso da semântica. Salve-se quem puder.
As palavras inutilizadas são armas mortas e a linguagem de ontem impõe a ordem de hoje. A imagem de um cogumelo atômico informa por inteiro seu próprio significado, suas ruínas, as palavras arrebentadas, os becos, as ciladas. Escrevo, leio, rasgo, toco fogo e vou ao cinema. Informação? Cuidado, amigo. Cuidado contigo, comigo. Imprevisíveis significados. Partir pra outra, partindo sempre. Uma palavra: Deus e o Diabo.
Torquato
Neto
(1944-1972), poeta, letrista, jornalista brasileiro ligado ao movimento da
contracultura e da tropicália em Os Últimos
Dias de Paupéria (do lado de dentro) -
Mais informações em:
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