Leituras diárias

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025



 

“É possível que Descartes tenha imaginado que ele e suas ideias “acabaram” com a Idade Média; mas não foi nenhuma ideia que acabou com a Idade Média, foi a história, a mudança nas relações materiais, a nova tecnologia dos homens europeus. Se há mudanças ideológicas, para dizê-lo com as palavras de Marx, não fazem outra coisa que “expressar”, no terreno da vida mental, mudanças que têm lugar no terreno da produção e reprodução da vida real. Pareceria, desse modo, que “vida mental” se opõe à “vida real”. Sem dúvida, ambas são reais, concretas. Os sujeitos da história, disseram Marx e Engels várias vezes, são as sociedades humanas específicas. Essas sociedades devem ser entendidas como totalidades com um determinado grau de complexidade. Essa complexidade pode reduzir-se a três elementos, segundo Engels indicou: uma atividade econômica de base, uma organização política e algumas formas ideológicas – filosofia, moral, arte, religião, crença jurídica etc. Resumamos o caminho até agora percorrido na compreensão da noção marxista de ideologia: a ideologia é uma parte orgânica da totalidade social, é um fato real que deve ser entendido como componente estrutural de toda a sociedade.”

 

Ludovico Silva, A mais-valia ideológica

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