“A penetração do capital estrangeiro no setor industrial e seu papel na criação da grande empresa monopólica alteram substancialmente esta situação. O poder da grande empresa a converte no setor líder da classe dominante, representado pelos gerentes das grandes corporações multinacionais. A respeito destes homens, pouquíssimo estudados pelas ciências sociais, sabe-se que são geralmente estrangeiros e que fazem parte de uma espécie de estrato burocrático-empresarial internacional. Estão acostumados aos modelos de ação nacional de longo prazo destas companhias, sua visão ideológica certamente se baseia no pragmatismo científico e, portanto, no seu neocapitalismo baseado na grande corporação e no capitalismo de Estado liderado por uma tecnocracia apoiada nos grupos de pressão dos diferentes setores econômicos. Nesta situação, todas as classes do sistema de poder se reformulam. A oligarquia tradicional perde posições na hierarquia da classe dominante e se torna um setor quase residual. A burguesia industrial é obrigada a converter-se em sócia menor da corporação estrangeira. Parte das classes médias é incorporada às funções gerenciais e em geral se torna assalariada do grande capital. O capitalismo de Estado passa integrar-se diretamente à política do grande capital. O proletariado passa a organizar-se sindicalmente para pressionar o poder, e o camponês se transforma em proletariado sindicalizado ou em pequeno proprietário acomodado.” (Pág.51)
Theotonio dos Santos (1936-2018), economista formulador da “Teoria da Dependência” em Socialismo ou fascismo: O novo caráter da dependência e o dilema latino-americano
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