“O
Ocidente tecnoconsumista promoveu uma aceleração do trabalho e da cobiça por
riqueza como jamais o mundo conheceu; a utilidade e a eficiência tornaram-se a
pedra de toque de todas as escolhas e conclusões. Mas, em vez de se libertarem
do jugo da necessidade e do primado da economia sobre suas vidas, como
imaginava Keynes e os grandes economistas clássicos, as sociedades ocidentais se
precipitaram, como que tomadas por louca compulsão, rumo à reprodução da
riqueza e da necessidade numa escala ampliada. E tudo em nome do quê? Tudo em
nome de um mundo em que o comércio dá as cartas e se insinua cada vez mais como
alma-vácuo da cultura; um mundo em que todos se veem compelidos a atiçar
desejos de consumo uns nos outros simplesmente para se manterem à tona dos seus
gastos; em que pessoas esperam cada vez mais dos seus gadgets e pílulas miraculosas, mas cada vez menos umas das outras
em suas relações pessoais e amorosas; em que a solidão e a má sociabilidade crescem
na razão direta da interconectividade e do avanço das técnicas de comunicação.”
(Gianetti, pág. 169)
Eduardo
Giannetti, Trópicos utópicos
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