Leituras diárias

quarta-feira, 8 de julho de 2020


Houve tempo em que imaginei que os homens trabalhavam em resposta a uma vaga necessidade interior de se exprimirem. Mas aquela era provavelmente uma teoria capenga, porque muitos dos homens que mais trabalham não têm nada a dizer. Uma hipótese mais plausível começa a brotar agora: os homens trabalham apenas para escapar à deprimente agonia de contemplar a vida – e seu trabalho, assim como o seu ócio, é uma comédia-pastelão, que só lhes serve para que eles escapem da realidade. Tanto o trabalho como o ócio, normalmente, são ilusões. Nenhum deles serve a qualquer propósito sólido e permanente. Mas a vida, despida dessas ilusões, torna-se logo insuportável. O homem não consegue ficar de mãos abanando, contemplando o seu destino neste mundo, sem ficar desvairado.” (Castro, pág. 103)


Ruy Castro, H. L. Mencken, O Livro dos Insultos

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