Houve
tempo em que imaginei que os homens trabalhavam em resposta a uma vaga
necessidade interior de se exprimirem. Mas aquela era provavelmente uma teoria
capenga, porque muitos dos homens que mais trabalham não têm nada a dizer. Uma
hipótese mais plausível começa a brotar agora: os homens trabalham apenas para
escapar à deprimente agonia de contemplar a vida – e seu trabalho, assim como o
seu ócio, é uma comédia-pastelão, que só lhes serve para que eles escapem da
realidade. Tanto o trabalho como o ócio, normalmente, são ilusões. Nenhum deles
serve a qualquer propósito sólido e permanente. Mas a vida, despida dessas
ilusões, torna-se logo insuportável. O homem não consegue ficar de mãos abanando,
contemplando o seu destino neste mundo, sem ficar desvairado.” (Castro, pág. 103)
Ruy
Castro, H. L. Mencken, O Livro dos
Insultos
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