Luiz Carlos Maciel (1938-2017)

domingo, 14 de agosto de 2022

 

Luiz Carlos Maciel nasceu em Porto Alegre em 1938. Em 1958 formou-se me filosofia pela Universidade do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, em 1959, trabalhou como diretor de teatro. Neste mesmo ano ganhou uma bolsa de estudos para a Escola de Teatro da Universidade da Bahia, onde fez amizade e passou a conviver com Torquato Neto, João Ubaldo Ribeiro, Caetano Veloso e Gláuber Rocha. Este último o convidou para atuar em seu curta-metragem “A Cruz na Praça”, finalizado nesse mesmo ano de 1959.

No ano de 1960, com bolsa de estudos da Fundação Rockefeller, estudou direção teatral e realização de roteiros no Carnegie Institute of Technology, em Pittsburgh, nos Estados Unidos da América, onde permaneceu até 1962. Por volta do ano de 1963 retornou ao Brasil, indo residir em Salvador, onde trabalhou como professor da Escola de Teatro. Na época, dirigiu diversas montagens teatrais. No ano posterior, em 1964 transferiu-se para o Rio de Janeiro, passando a lecionar artes dramáticas no Conservatório Dramático Nacional. Por essa época, começou a contribuir como colunista em jornais como Última Hora e Jornal do Brasil, além de escrever para a revista Fatos e Fotos, uma das mais importantes da década de 1960.

No ano de 1969, ao lado de Sérgio Cabral, Ziraldo e Jaguar, entre outros, fundou o jornal O Pasquim. Por essa época, passou a trabalhar na TV Globo como roteirista, redator, membro de grupos de criação de programas e de analista e orientador de roteiros, onde permaneceu por 20 anos.

No ano de 1970, com outros jornalistas e integrantes da equipe do jornal O Pasquim, foi preso pela ditadura militar da época, passando dois meses encarcerado na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Suas ideias sobre o underground o tornaram mais conhecido como o “Guru da contracultura” nas décadas de 1960 e 1970, editando o semanário, porta-voz da contracultura Flor do Mal. 

Foi o editor-chefe responsável pela redação da revista Rolling Stones em sua versão brasileira. A convite de Tarso de Castro, no ano de 1979, assinava matérias e colunas no semanário “Enfim”. No ano posterior, em 1980, a convite do jornalista Tarso de Castro, passou a escrever para a revista “Careta”. Em 1987 voltou a lecionar, principalmente cursos de roteiro.

Como escritor, biógrafo e jornalista publicou os livros “Samuel Beckett e a solidão humana”; “Sartre, vida e obra”; “Nova consciência”; “Negócio seguinte”; “A morte organizada”; “Anos 1960”; “Geração em transe, memórias do tempo do tropicalismo”; “As quatro estações”; “Negócio Seguinte” e em coautoria com Patrícia Marcondes de Barros o volume “Sol da Liberdade”, e ainda “Dorinha Duval, em busca da luz” (com Maria Luiza Ocampo), além de “Eles e Eu – Memórias de Ronaldo Bôscoli”, em parceria com Ângela Chaves.

No ano de 1984 fez a direção da peça “Flávia, cabeça, tronco e membros”, de Millôr Fernandes. Neste mesmo ano dirigiu a cantora Gal Costa no show “Baby Gal”. Em 1991 dirigiu as peças “Brida”, de Paulo Coelho e “Boca molhada de paixão calada”, de autoria de Leilah Assumpção. No ano de 1998 roterizou o longa-metragem “Dolores”, trabalho premiado pelo Ministério da Cultura.

Maciel morreu em 9 de dezembro de 2017, vítima de falência múltipla de órgãos.

 

Frases de Luiz Carlos Maciel

 

O deus da classe média, ao qual ela deve sua existência, o fundamento metafísico do capitalismo, é o dinheiro. Nos dias que vivemos, a grana experimenta sua promoção a uma espécie de Divindade Suprema, glorificada em prosa, verso e uma enxurrada incessante de tratados de economia, organizações econômicas e seus templos máximos que são os bancos.”;

A maior tragédia da filosofia ocidental é ter sobrado tão poucos textos dos pré socráticos.”;

Política, naturalmente, é um teatro e deve ser vista como um teatro.”;

O instante vivido é sempre uma aventura imprevisível.”;

O simples é não pensar, não estar atrás de explicações. Perguntar é querer explicações daí fica-se necessariamente complicado.”;

Acusar os outros de sacanagem pode ser uma maneira de dissimular a própria sacanagem.

 

 

(Fonte: Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira, site Mafuá do LHPA, o livro O Sol da Liberdade e Wikipedia)

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