Guilherme de Almeida (1890-1969)

domingo, 11 de dezembro de 2022

 



Guilherme de Andrade de Almeida (Campinas24 de julho de 1890 — São Paulo11 de julho de 1969) formou-se em Direito em 1912. Nos anos seguintes, conciliou o exercício da profissão de advogado com trabalhos como jornalista literário, tradutor e, principalmente, poeta. Foi redator do jornal O Estado de São Paulo e do Diário de São Paulo. Foi diretor da Folha da Manhã e da Folha da Noite. Em 1917, teve publicado seu primeiro livro, Nós; seguiram-se A dança das horas (1919), Livro de horas de Sôror Dolorosa (1920), e Era uma vez...(1922). Participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e foi um dos fundadores da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde lecionou Ciência Política.

Guilherme de Almeida foi ainda um dos fundadores da Revista Klaxon, que visava a divulgação da ideias modernistas, tendo realizado sua capa, assim como os arrojados anúncios da Lacta, para a mesma Revista. Elaborou também a capa da primeira edição do livro "Paulicéa Desvairada", de Mário de Andrade.

Participou do grupo verde-amarelista e colaborou também com a Revista de Antropofagia, tendo escrito poemas-piada à moda de Oswald de Andrade. Foi o primeiro modernista a entrar para a Academia Brasileira de Letras (1930). Terceiro ocupante da Cadeira 15, eleito em 6 de março de 1930, na sucessão de Amadeu Amaral e recebido pelo Acadêmico Olegário Mariano em 21 de junho de 1930. Entre outras realizações, foi o responsável pela divulgação do poemeto japonês haikai no Brasil.

Combatente na Revolução Constitucionalista de 1932 e exilado em Portugal, após o final da luta, foi homenageado com a Medalha da Constituição, instituída pela Assembleia Legislativa de São Paulo.

Dedicou-se ainda a outras artes e atividades, além da literatura e da poesia: desenhista amador, cultivou também a heráldica, tendo criado o brasão das cidades de São Paulo , Petrópolis (RJ), Volta Redonda (RJ), Londrina (PR), Brasília (DF), Guaxupé (MG), Caconde, Iacanga e Embu (SP). . Em 1959 foi eleito "Príncipe dos Poetas Brasileiros" em concurso patrocinado pelo jornal Correio da Manhã, por meio da seção "Escritores e livros" – escolhido por um "colégio eleitoral" de cerca de mil componentes, concorreu com os poetas Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes e Mauro Mota.

Atuou como presidente da Comissão Comemorativa do Quarto Centenário da cidade de São Paulo. Morreu em São Paulo em 1969 e encontra-se sepultado no Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932, no parque do Ibirapuera.

Dotado de reconhecido domínio técnico, Guilherme transitou com igual competência por modelos composicionais diversos. Segundo o escritor Lêdo Ivo, em sua introdução à segunda edição de Raça, "talvez mais do que nenhum outro dos participantes da Semana de Arte Moderna, Guilherme de Almeida viveu o drama da conciliação estética do novo com o velho, da fôrma com a forma, da tradição com a invenção, da rotina e do automatismo das receitas com o clamor de criatividade".

Entre as principais obras de Guilherme de Almeida encontram-se: “Nós” (1917); “A Dança das Horas” (1919); “Messidor” (1919);”Livro de Horas de Sóror; Dolorosa” (1920); “Era Uma Vez” (1922); “A Flauta que Eu Perdi” (Canções Gregas) (1924); “Natalika”, prosa (1924); “A Flor que Foi um Homem” (1925); “Encantamento” (1925); “Meu” (1925); “Raça” (1925); “Simplicidade” (1929); “Gente de Cinema”, prosa (1929); “Você” (1931); “Carta à Minha Noiva” (1931); “Cartas que Eu Não Mandei” (1932); “O Meu Portugal”, prosa (1933); “Acaso” (1939); “Cartas do Meu Amor” (1941); “Poesia Vária” (1947); “Histórias, Talvez...”, prosa (1948); “O Anjo de Sal” (1951); “Acalanto de Bartira” (1954); “Camoniana” (1956); “Pequeno Cancioneiro”, 1957; “Rua” (1961); “Cosmópolis”, prosa (1962); “Rosamor” (1965); “Os Sonetos de Guilherme de Almeida” (1968)

 

Frases (haicais) de Guilherme de Almeida

 

CIGARRA

Diamante. Vidraça.

Arisca, áspera asa risca

o ar. E brilha e passa.

 

CHUVA DE PRIMAVERA

Vê como se atraem
nos fios os pingos frios!
E juntam-se. E caem.

 

OUTUBRO

Cessou o aguaceiro.
Há bolhas novas nas folhas
do velho salgueiro.

 

O HAIKAI

Lava, escorre, agita
A areia. E, enfim, na bateia
Fica uma pepita.

 

NOTURNO

Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.

 

HORA DE TER SAUDADE

Houve aquele tempo...

(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo!)

 

 

 

(Fontes: Wikipedia, Grupo Editorial Global, Casa Guilherme de Almeida, ebiografia – Dilva Frazão, Pensador)

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