Benedito
Geraldo Ferraz Gonçalves, conhecido como Geraldo Ferraz, nasceu em Campos Novos Paulista (SP) em 1905 e
faleceu no Guarujá (SP) em 1979. Foi jornalista, escritor e crítico literário,
tendo participado do movimento modernista, junto com Oswald de
Andrade e Raul Bopp, atuando como secretário da “Revista de Antropofagia” em 1929.
Geraldo Ferraz, assim como o jornalista e escritor americano Ray Bradbury (Fahrenheit 451, entre outros romances), foi um autodidata. Frequentou só alguns anos de escola pública, órfão de mãe e pai, teve que garantir seu sustento desde jovem. Mas era muito curioso e interessado em aprender, lendo muito, frequentando diariamente bibliotecas, depois de um dia inteiro de trabalho. Com o pouco que ganhava como tipógrafo - trabalhou para gráfica de Monteiro Lobato, entre outras - comprava livros em sebos, pegava livros emprestados, lia revistas e vários jornais; procurava se informar de todas as maneiras. Com esta força de vontade e as oportunidades profissionais que teve, tornou-se jornalista de grande jornais e um intelectual respeitado. Frequentava a roda dos intelectuais de São Paulos dos anos 1920, 1930, 1940 e 1950, tendo amizade com os grandes escritores, pintores e artistas da época, como Mário e Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret, Flávio Carvalho, Menotti del Picchia e muitos outros. Com vasto conhecimento em diversas áreas, Ferraz escreveu artigos importantes sobre literatura, artes plásticas, arquitetura, psicologia, política, economia, entre outros, além de entrevistar personalidades de renome mundial, do campo da política e das artes.
Publicou
seu primeiro ensaio em 1927. Em 1933 fundou o jornal “O Homem Livre” e,
juntamente com Mário Pedrosa, Patrícia Galvão, Hilcar Leite e Edmundo Moniz,
integrou o jornal “Vanguarda Socialista”. Geraldo Ferraz foi, à sua época, um dos mais importantes jornalistas da imprensa paulista.
Casou com Patrícia Rehder Galvão, a Pagú, em 1940, com quem teve um
filho, Geraldo, Galvão Ferraz. Vivendo no Rio de Janeiro, também atuou como
jornalista em diversos órgãos de imprensa. Em sua atividade jornalística Ferraz
escreveu para “A Tribuna de Santos”, “O Estado de S. Paulo”, “Folha da
Noite” e “Diário da Noite”. Fundou e foi secretário do “Correio
da Tarde”.
Foi
jornalista e assessor cultural da Fundação Bienal da Cidade de São Paulo e um dos
fundadores do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, em 15 de abril
de 1937.
Romancista
brasileiro escreveu o livro Doramundo em
1956, que foi levado ao cinema dirigido por João Batista de Andrade em 1978, com
um grande elenco encabeçado pelo saudoso Armando Bógus, além de Rolando Boldrin
e Antonio Fagundes.
Dentre
as obras de Geraldo Ferraz, destacam-se: A
Famosa Revista (romance), 1945 (em colaboração com Patrícia Galvão); Doramundo (Romance), 1956; Guernica Poema Vozes do Quadro de Picasso (poesia),
1962; Warchavchik e a introdução da nova
arquitetura no Brasil: 1925 a 1940, 1965; 50 Xilogravuras Lasar Segall. Miranda, Murilo/ Ferraz, Geraldo/Drummond
de Andrade, 1967; Retrospectiva -
Figuras Raízes e Problemas da Arte Contemporânea, 1975; Wega Liberta em Arte - (1954-1974), 1975;
O Empolgante Caso do Romance Policial;
Km 63 (conto), 1979; Depois de Tudo (biografia), 1983.
Geraldo
Ferraz faleceu na cidade de Guarujá, no litoral de São Paulo, em 15 de setembro
de 1979, aos 73 anos de idade.
Frases
de Geraldo Ferraz
“Isto são as comichões nacionalistas que dão
aqui no Brasil. É que, de vez em quando, a turma se lembra que é brasileira,
então…”;
“O movimento radicalizou mais ainda em 1929
e, praticamente, só Oswald permaneceu fazendo barulho. Mas era muito volúvel.
Mais ou menos em 1931, já estava no Partido Comunista, mas em termos. Pois até
havia uma piada muito engraçada: Oswald de Andrade era um comunista que ninguém
acreditava, nem o partido, nem a polícia.”;
“Porque não há motivo para ser indianista no Brasil. O nosso índio não tem fixação cultural, como o índio asteca, inca. É um índio nômade. O nomadismo não dá base para qualquer coisa, para nenhuma organização. Ele vai atrás da caça, não deixa contribuição. Nós então buscávamos uma coisa para evitar as outras…”. ;
“O outro setor dessa mansão, um enorme parque,
levava - nos até a casa de Warchavchik e Mina Klabin, cuja frente dava para a Rua
Santa Cruz, e é o mesmo local em que o arquiteto reconstruiu sua residência,
que permanece, hoje, com as mesmas características da segunda versão. Era,
então, 1928, quando terminou a construção, um acontecimento que ia à rebours
dos hábitos provincianos da Paulicéia, nada desvairada, até então, e havia quem
fosse até aquela rua afastada - então – no bairro de Vila Mariana, para ver o
que era a 'inacreditável' casa futurista”.;
“(...) só acontecem com esses sem eira
nem beira que se atiram dum fim de mundo para outro fim de mundo querendo
viver, que nem eu, o Mingote. É, no fim de contas, coisa que só acontece pra
gente que nem nós, gente sem importância”.;
“A estrada estava deserta, e eu caminhava
pelo lado esquerdo, e já fizera uns 300 metros de caminho, quando fui alcançado
por um Volkswagen, que parou do lado direito, e dele saiu, gritando comigo, o
arquiteto Oscar Niemeyer: ‘Geraldo Ferraz! Há oito anos trago atravessado na
garganta um artigo teu contra mim. Por isso vou te pegar agora! E você nunca
mais se atreverá a escrever sobre a minha arquitetura! ’ Avançou, então, em
nossa direção com o braço erguido, e quase a dois passos lançou-nos um soco que
aparamos, tranquilamente, com o punho esquerdo, esperando que ele voltasse a
atacar. Repelido em seu impulso, o arquiteto Niemeyer quase perdeu o equilíbrio,
e voltou ao meio da rua. Dali, agitando os braços, dava pontapés no ar,
espumando e gritando...”.
(Fontes consultadas: Wikipedia; Site: Revista Sibila de poesia e literatura; livro de Geraldo Ferraz “Depois de tudo: depoimento”; Site do Museu Brasileiro de Rádio e Televisão; Site: A Terra é redonda – artigo Km 63, de Afrânio Catani).
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