Raul
Bopp
nasceu em Vila Pinhal
(RS) a 4 de agosto de 1898 e faleceu no Rio
de Janeiro em 2 de junho de 1984. Foi poeta, diplomata e jornalista brasileiro.
Raul Bopp era descendente
dos primeiros imigrantes alemães a chegarem ao Rio Grande do Sul no início do
século XIX, estabelecendo-se no distrito de
Vila Pinhal, então pertencente ao município de Santa Maria (e
atual Itaara).
Ainda antes de ingressar no curso superior, por volta de 1917, Bopp fundou dois
semanários em Tupanciretã, cidade gaúcha para qual se mudou
com a família nos primeiros meses de vida; “O Lutador” e “Mignon”, nos quais começa
a publicar os seus primeiros textos literários.
Entre 1918 e 1925, cursou
Direito em diversas faculdades do país, em Porto Alegre, Recife, Belém e Rio de
Janeiro, frequentado cada ano letivo em uma capital até formar-se. Na década de
1920 percorreu a Amazônia, onde encontra inspiração para seu mais famoso poema,
Cobra Norato, um dos mais importantes
do movimento modernista. Na obra, lançada em 1931, o poeta elabora um drama épico
e mitológico, com elementos do folclore e da fala regional da região amazônica.
Ainda em 1922, Bopp integra
o Movimento da Semana de Arte Moderna em São Paulo, do qual também
participaram, entre outros, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Antônio Alcântara Machado, Mário de
Andrade, Menotti de Picchia, entre outros. Em sua carreira cultural, Bopp
sempre conviveu com autores consagrados, como Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade.
Outra obra do poeta, Urucungo (1932), aborda a cultura
africana e sua influência na formação histórico-cultural do Brasil, traçando
uma viagem das aldeias às margens do rio Congo à realidade das favelas.
Paralelamente à sua
atividade literária, Raul Bopp também escreveu para diversos jornais, como "O Globo" (caderno Almanaque do Globo), “Folha do Norte” e revistas como “Máscara”,
“Ilustração Brazileira”, “Para Todos...”, “Arlequim”, “Revista Antropofágica”,
entre outros.
Na prosa, Bopp publica os
livros América, Notas de um Caderno sobre
o Itamaraty, Movimentos Modernistas
no Brasil: 1922/1928, Memórias de um
Embaixador, Bopp Passado a Limpo por
Ele Mesmo, Vida e Morte da
Antropofagia e Longitudes.
Entre 1942 e 1973, em
paralelo com suas atividades literárias, Bopp também atuou no serviço
diplomático brasileiro, trabalhando em Los Angeles (EUA), Berna (Suíça), Lima
(Peru), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).
Obras de Raul Bopp
Poesia: Cobra Norato (1931); Urucungo (1932);
Poesias (1947); Mironga e Outros Poemas (1978).
Prosa: América, Notas de um Caderno sobre
o Itamaraty; Movimentos Modernistas no Brasil: 1922/1928; Memórias de um
Embaixador, Bopp Passado a Limpo por
Ele Mesmo; Vida e Morte da Antropofagia; Longitudes.
Frases de Raul Bopp
“Havia, em São Paulo, uma pequena elite culta, que ia e vinha todos os
anos da Europa. Uma seminobreza rural, com longas tradições de família,
florescia à base do café. Eram tempos tranquilos e de fartura plena.
Latifúndios opulentos. Cafezais a se perderem de vista”. (Movimentos modernistas
no Brasil);
“Na
noite da inauguração, o Municipal transformou-se num dos maiores pontos de
convergência da cidade. Filas contínuas de autos despejavam seus ocupantes,
pelas imediações. Uma onda humana foi-se alinhando, lentamente, pelos corredores
do teatro, esgalhando-se em ascensão pelas escadarias. A casa ficou repleta”.
(Movimentos Modernistas no Brasil);
“A reação modernista de 1922 desviou-se das formas habituais de
expressão. Aproveitou alguns fragmentos folclóricos, com uso de falas rurais.
Desencadeou uma forte reação contra o mau gosto. Destruiu inutilidades. Mas
seus dividendos nas letras e nas artes eram muito reduzidos. Não haviam trazido
um pensamento novo, capaz de condensar as preocupações do momento. Com o
retorno aos valores nativos, remexeram-se os mesmos temas nacionais refundidos
em poesia ociosa”;
“Quando, entre aplausos, chegou o prato com a esperada iguaria, Oswald
levantou-se, começou a fazer o elogio da rã, explicando, com uma alta
percentagem de burla, a doutrina da evolução das espécies. Citou autores
imaginários, os ovistas holandeses, a teoria dos homúnculos, para provar que a
linha da evolução biológica do homem (...) passava pela rã — essa mesma rã que
estávamos saboreando entre goles de um Chablis gelado. Tarsila interveio: — Com
esse argumento, chega-se teoricamente à conclusão de que estamos sendo agora
uns... quase-antropófagos”;
“Enquanto Paris se agitava dentro de novas correntes culturais, no
Brasil somente algumas poucas áreas eram sensíveis a essa inquietação.
Pressentia-se, em vibrações vagas, a necessidade de substituir a expressão
artística por formas mais evoluídas. São Paulo, em problemas de arte,
permanecia ainda num velho conformismo, amarrado a formas antiquadas, em
contradição com a sua pujança econômica. Guardava posições acadêmicas, numa
rigorosa sujeição aos preceitos rotineiros”;
“Arca antropofágica encalhou em São Paulo, com esse material a bordo. Urubu
foi ver se as águas já tinham baixado. Não voltou mais. Houve imprevistos na
descida. Os planos de reação e renovação ficaram num deixa-estar ou
acomodaram-se em variantes cosmopolitas. A experiência brasileira do grupo
perdeu o seu significado inicial”.
(Fontes: Wikipedia; Plataforma de Estudos do Primeiro Modernismo Literário Brasileiro; Portal Literatura e História; Portal Pensador; Livro “Vida e morte da antropofagia”; Portal Notaterapia; Livro “Movimentos Modernistas no Brasil”; Portal ebiografia –Dilva Frazão)
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