Nos últimos meses, voltou a esquentar a polêmica sobre o
aquecimento global. Defendem alguns cientistas – os assim chamados “céticos do
clima” – de que a temperatura média da Terra não está aumentando e que as
mudanças climáticas por isso também não existem. Portanto, a ação das
atividades econômicas sobre o clima da Terra é inócua. Todas as emissões de
gases, aparentemente causadores do efeito estufa, não têm qualquer influência
sobre a temperatura e o clima.
No entanto, um estudo realizado pela agência espacial
americana NASA e publicado na revista científica PNAS (Proceedings of National Academy of Sciences),
está revelando que efetivamente a temperatura da Terra vem aumentando nos
últimos 30 anos. Ao mesmo tempo, um dos mais famosos “céticos do clima”, o
climatologista e físico da Universidade da Califórnia, Richard Müller, realizando
uma pesquisa em 2011, concluiu que realmente a temperatura do planeta está
subindo. Ao mesmo tempo, segundo o climatologista, existem fortes indícios de
que os gases provenientes das atividades humanas estejam provocando este
escalada da temperatura.
Os gases de efeito estufa são originados principalmente
pelos setores de geração de energia do hemisfério Norte, que queimam grandes
quantidades de carvão mineral, para manter suas termelétricas em pleno
funcionamento. Outro setor altamente emissor é o dos transportes – somente a
frota mundial de automóveis, segundo estimativas mais recentes, está em torno
de 1,1 bilhões de veículos. E isso sem contar os aviões, trens, navios e outros
meios de transporte. Logo atrás destes setores, em volume de emissões, vem a
atividade agrícola, que só no Brasil é responsável por mais de 50% das emissões
de gases de efeito estufa. As chamadas mudanças do uso do solo quando, por
exemplo, uma floresta é derrubada para dar lugar à agricultura, pastagens ou
outra forma do uso da terra, liberam para a atmosfera uma grande quantidade de
metano – um gás resultante da decomposição de matéria orgânica e muito
prejudicial ao clima. Mesmo a atividade agrícola comum, como o plantio da
cana-de-açúcar, cujas folhas cortadas apodrecem no solo, é grande geradora de
emissões.
Como toda a teoria científica, o fenômeno das mudanças
climáticas – resultado do acúmulo de gases na atmosfera em parte gerados pelas
atividades humanas – é uma explicação bastante plausível para uma série de fenômenos. No entanto, dada a complexidade do tema, não se trata de uma teoria definitiva e correspondendo totalmente à realidade. Esta "certeza para os leigos" poucas teorias científicas efetivamente podem oferecer. Por outro lado,
é preciso considerar que o grau de veracidade desta teoria já é bastante alto,
fundamentado por descobertas e dados estatísticos que aparecem a cada semana.
Se os argumentos dos “céticos do clima” explicam certos fenômenos de outra
forma, sem utilizar a teoria do aquecimento global, há vários fatos que são mais
bem harmonizados com o auxílio da teoria.
Independentemente de sua certeza, a teoria do aquecimento da
Terra com a ajuda da atividade humana está prestando um grande serviço. Na pior
das hipóteses está chamando a atenção para as emissões de gases causadas por
nossas poluentes máquinas, pelos resíduos e lixões, pelos desflorestamentos,
pelos efluentes domésticos não tratados e vários outros problemas. Se não fosse
certa urgência causada por esta teoria, os governos e os grandes emissores de
todo o mundo ainda estariam pensando em limpar a poluição depois de gerada – a
mentalidade do tratamento de “final de tubo” –, ao invés de evitá-la, através
da prevenção à poluição e da ecoeficiência.
(Imagens: fotografias de Mukesh Parpiani)
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