Alberto de
Seixas Martins Torres nasceu em
Itaboraí (RJ) em 26 de novembro de 1865 e faleceu em 29 de março de 1917 em Rio
de Janeiro. Foi jornalista,
político e advogado. Era filho de Manuel Martins Torres, que foi
vice-presidente no governo de José Porciúncula.
Iniciou
os seus estudos no Rio de Janeiro. Matriculou-se, em 1880, em
Medicina e cursou por apenas dois anos, vindo a abandonar este curso. Mudou-se
para São Paulo, matriculando-se na Faculdade de Direito. Por essa época também
deu início à sua atividade jornalística, escrevendo para jornais como "O
Caiçara", "A Ideia", "O Constitucional" e "A
República". Bacharelou-se pela mesma Faculdade de Direito de São Paulo em 1886.
Regressando
ao Rio de Janeiro, trabalhou como advogado no
escritório de dois renomados profissionais, doutores Tomás Alves e Ubaldino do
Amaral. Em 1889 foi
nomeado promotor público, mas não aceitou. No mesmo ano, foi candidato a
deputado pelo quarto distrito, sendo derrotado.
Entusiasta
dos ideais republicanos, Alberto Torres funda em 1889, juntamente com
outros jornalistas, o jornal "O Povo". Após a Proclamação da República,
Torres torna-se deputado da Assembleia Constituinte fluminense
instalada em 1º de março de 1892, exercendo cargo
de deputado estadual até o ano seguinte.
Em 1894 é
eleito e inicia seu mandato de deputado
federal. Em 1895, o então presidente da República, Prudente de Morais nomeia Alberto Torres
para o cargo de Ministro da Justiça e Negócios Interiores (30 de agosto de 1896 a 7 de janeiro de 1897), demitindo-se pouco
tempo depois, em protesto pela intervenção na cidade de Campos dos Goytacazes decretada pelo
vice-presidente Manuel Vitorino.
Casou-se
em 1890 com Maria José Xavier da Silveira, tendo três filhos: Alberto Torres
Filho, Maria Alberto Torres e Heloísa Alberto Torres.
Entre
31 de dezembro de 1897 e 31 de dezembro de 1900 exerceu o mandado de presidente
(atual governador) do estado do Rio de Janeiro, sucedido por Quintino
Bocaiuva. No ano seguinte, por decreto de 30 de abril de 1901,
foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo do qual se
afastou em 1907, por motivos de saúde. Viajou à Europa e
quando retornou ao Brasil foi concedida sua aposentadoria, por decreto de 18 de
setembro de 1909, quando tinha 43 anos de idade.
Foi
ainda membro do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro (IHGB) desde 1911 e ao abandonar a vida pública,
Alberto Torres passou a dedicar-se exclusivamente ao estudo dos problemas
políticos e sociológicos brasileiros. Em sua atividade intelectual, Alberto
Seixas foi um pensador social brasileiro preocupado com questões da unidade
nacional e da organização social brasileira. Teve importância substancial para
a consolidação do nacionalismo brasileiro, com uma análise
aprofundada do problema nacional e um programa pormenorizado de organização
nacionalista do Brasil. Foi o inspirador de uma geração de nacionalistas
da direita e da esquerda, influenciando decisivamente o pensamento de pensadores
e ativistas como Plínio Salgado e Nelson Werneck Sodré. Além disso, foi
o principal mentor do historiador e sociólogo Oliveira
Viana, seu sucessor.
Em
sua obra refutava as teses tanto do socialismo como
do individualismo como incompatíveis à
realidade brasileira e responsáveis por sua desagregação. Cumpria, ao seu
entender, conhecer objetivamente a sociedade brasileira para que se pudesse
propor mudanças pragmáticas e soluções aos problemas encontrados. Isto só se
faria com o entendimento da realidade social enquanto unidade nacional, tendo
um Estado forte à sua frente que conduzisse tais mudanças necessárias. Conservador
em termos sociais, Alberto Torres libertava-se dos preconceitos raciais, com
uma visão positiva da formação brasileira.
Entre
novembro de 1910 e fevereiro de 1911 Alberto Torres publicou uma série de
artigos na "Gazeta de Notícias", que posteriormente viriam a compor
uma de suas mais importantes obras: A Organização Nacional,
publicada em 1914. Outra obra importante de Alberto Torres, O Problema Nacional Brasileiro, foi
elaborada a partir de artigos publicados no "Jornal do Comércio" em
1912 e de um discurso proferido no Instituto Histórico em 1911. Nessas obras
Alberto Torres aborda uma ampla variedade de questões, entre as quais uma
proposta de reforma da Constituição, o problema da formação da nacionalidade
nos países colonizados, a natureza da política nas sociedades modernas, a
crítica às teorias racistas predominantes em sua época, etc.
Ademais,
atribui-se historicamente à sua obra A
Organização Nacional (1914) a primeira menção no Direito brasileiro ao instrumento
legal do "Mandado de Segurança", tratado por Alberto Torres como “Mandado
de Garantia”, cujo objetivo era primordialmente respeitar preventivamente os
direitos individuais ou coletivos, públicos ou privados, lesados por ato do
Poder Público.
Frases
de Alberto Torres
“A vida dos homens que atravessam crises
revolucionárias é toda feita, igualmente, de revoluções pessoais. Só quem haja
acompanhado, dos primeiros movimentos a seus últimos refluxos os torvelinhos de
uma época crítica, poderá conhecer e avaliar os abalos que a desordem geral vem
produzindo em nossos destinos.”;
“O nosso país precisa, de uma vez por todas,
formar um espírito e uma diretriz prática, que o conduza, salvando-o do atravancamento
das opiniões e das tendências particularistas e sistemáticas, em que está
dividido, a organizar e pôr em movimento as suas próprias forças.”;
“Na cultura, a decadência da sociedade nacional é evidente. Nunca chegamos a possuir cultura própria, nem mesmo uma cultura geral. As duas primeiras gerações que se seguiram à Independência eram, entretanto, formadas de espíritos a que o conjunto e equilíbrio do preparo davam certa solidez e firmeza. Mais variada, e muito mais vasta, a nossa ilustração é, hoje, vaga, fluida, sem assento, não a dominando nenhum interesse por habilitar os espíritos a formar juízos e a inspirar atos. No nível geral da sociedade, e com respeito às formas superiores do espírito, o diletantismo, a superficialidade, a dialética, o floreio da linguagem, o gosto por frases ornamentais, por conceitos consagrados pela notoriedade ou pelo único prestígio da autoridade, substituiu a ambição de formar a consciência mental para dirigir a conduta.”;
“Terminadas as festas da Independência,
abandonamos os trabalhos de organização, passando, por sobre uma ligeira obra
legislativa e administrativa de cópias e imitações apressadas — feitas com
imenso dispêndio, em lutas e debates estéreis — a sonhar e tentar novas ideias,
novas conquistas, novas glórias.”.
(Fontes consultadas: Wikipedia; Livro “O problema nacional brasileiro”; Artigo “Alberto Torres e a transplantação no Brasil” de José Alípio Goulart – Revista do Serviço Público, julho 1954)
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